Always in Abbey Road - Fillie (HIATUS)

Let's go back to the beginning

Millie's house in Westminster - London, UK

March 3rd, 1980 at 7:02 a.m.

Ouviu-se um despertador sendo arremessado na parede.

O relógio, que até dois minutos atrás apitava incessantemente, se espatifou no chão em pequenos pedacinhos. As persianas deixavam alguns feixes de luz solar se espalharem pelo quarto de Millie, que se encontrava debaixo de edredons brancos, com uma cara de poucos amigos.

Acordar já era algo ruim. Acordar às segundas-feiras era dez vezes pior. Acordar em uma segunda-feira às sete da manhã era pior do que ter que trabalhar com o seu ex-namorado. Acordar em uma segunda-feira às sete da manhã para ir trabalhar com o seu ex-namorado era simplesmente a confirmação de que, para sofrer daquele jeito, a morena deveria ter feito pole dance na cruz.

– Pode ir levantando, minha filha. As contas desta casa não se pagam sozinhas – Millie grunhiu e se escondeu no travesseiro quando a voz de Apatow ecoou pelo quarto em reforma.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou, com a voz abafada pela fronha do objeto.

– Vim me certificar de que a senhorita fosse trabalhar pra pagar meus sapatos – respondeu sorrindo, deixando a melhor amiga sozinha no cômodo.

A dona dos fios de cabelo dourados se levantou, ainda que de má vontade, pronta (ou não) pro início da semana. 

Recording You Studio - London, UK

March 3rd, 1980 at 8:15 a.m.

– Noite difícil, amor? – Gia questionou ao ver a mulher adentrando o elevador com uma feição pouco feliz.

– Noite, Gia? Que tal semana? Ou ano? Ou vida?! – Millie jogou - dramaticamente - os braços para o alto enquanto disparava loucamente para a amiga, que mantinha um sorriso aberto no rosto.

Gia LoRusso era uma pessoa feliz. Até demais, aos olhos do chefe. Tinha conhecido Millie quando começou a trabalhar com David, como sua assistente pessoal. As duas se conectaram com tamanha rapidez que nem parecia fazer menos de 2 anos. 

– Meu Deus, Mills – a amiga sussurrou, rindo fraco – David está na sua sala esperando por você.

Millie saiu assim que as portas se abriram e correu pelo corredor até a primeira porta à esquerda. 

– Você está atrasada, como sempre – Harbour disse enquanto saía da sala – Trabalhem muito, a gente precisa de dinheiro. Tenham um bom dia!

– Não foi você que deixou bem claro que a gente não tinha carga horária pra cumprir? – Millie perguntou, mas ele não ouviu, enquanto caminhava em direção ao elevador. Ou fingiu que não. 

– Aparentemente, ele quer que cheguemos no mesmo horário, independente de estarmos trabalhando ou não – uma voz rouca vinda do além explicou. 

– Ah. 

Millie adentrou seu ambiente de trabalho, observando os pôsters e quadros na parede. Havia fotos de Finn e fotos dela. Alguns presentes de fãs espalhados como forma de decoração nos móveis deixavam o coração de qualquer um quentinho. 

– Eles têm um carinho imenso por nós – A mesma voz do além comentou repentinamente. 

Brown focou os olhos na fisionomia do homem sentado em cima da mesa. 

– Oi, Finn

– Oi – forçou um sorriso que claramente não queria sair, pois a careta que se formou em seu rosto foi a maior prova disso.