Estacionamento da Recording You - London, UK
6 de Março de 1980 às 5:36 p.m.
– Estou com fome – Finn disse enquanto resmungava arrumando o cabelo. Seu mullet liso o deixava estressado.
– O que eu tenho a ver com isso? – Millie rebateu, sentada no banco do carona.
– O que eu tenho a ver com isso? – imitou, forçando uma voz fina e infantil, girando a chave para o carro ligar. – Não vou te deixar em casa agora, vou passar no Sorrentino pra comer primeiro.
– E não dá pra fazer isso depois?
– Não – respondeu, simplesmente, apenas para esconder que ele havia notado que ela não comia nada desde a manhã daquele dia.
Millie fechou a cara, enrugando o nariz e fazendo biquinho inconscientemente, permanecendo assim durante todo o percurso.
Observando pela janela as mudanças rápidas de paisagens, pensava em todas as memórias vividas na Sorrentino Caffeteria e em como aquilo a deixava nostálgica. Com muita saudade. De tudo.
Quando o carro estacionou no local citado, aquele sentimento cresceu em níveis inimagináveis.
Caralho.
Antes de Wolfhard poder dizer ou fazer qualquer coisa, ela pulou pra fora do automóvel.
Correu pela entrada como uma criança de quatro anos de idade certamente faria e abriu a porta única da cafeteria.
O cheiro de cacau e cafeína misturados fez seu estômago roncar. Olhou para o longo balcão preto, a mais ou menos um metro de distância, babando pelos hambúrgueres e salgados variados.
– Meu Deus, Millie? – não houve disfarce sob o sotaque italiano carregado, o que fez a mulher reconhecer o dono da voz com rapidez.
– Lorenzo! – andou correndo até a ala de pagamentos, onde o dono da lanchonete se posicionava, e abraçou forte o velho homem atrás da caixa registradora – Senti sua falta.
– Também senti a sua, filha – murmurou de volta.
Lorenzo Sorrentino foi a primeira pessoa que Millie conversou quando se mudou. No final do ano de 1969, quando tudo que ela sabia era chorar de saudade de Verona (sua cidade natal) em cima do seu copo de Chicken Noodles Soup, sentiu uma vontade imensa de tomar Mocaccino. Procurou de padaria a padaria até descobrir a atual Sorrentino Caffeteria e o seu proprietário. Engataram em uma conversa louca sobre a Itália e, em segundos, Millie já se sentia mais em casa do que já havia sentido durante sua vida inteira – em suas verdadeiras casas.
Brown soltou o corpo robusto de Sorrentino e o encheu de perguntas.
Como anda sua esposa? E os seus filhos? Meu Deus, Dorothea já está no ensino médio, não é? Pretende fazer o quê? Pietro ainda uma pestinha?
– Meu Deus, mulher, você vai matar o velho desse jeito! – a voz de Finn surgiu atrás das costas dela e Millie sentiu um leve puxão na cintura. Levantou a mão para bater no braço dele, mas mudou de ideia quando viu que o toque dele apenas empurrou o seu corpo para a esquerda pois ela estava atrapalhando a fila que se formava para pagar.
– Desculpe – murmurou, levando seus pés ainda mais para o lado, saindo totalmente do caminho.
– Então... vocês... – estão juntos? Não arriscou perguntar, mesmo curioso. Não depois de ter visto Finn aqui sozinho por semanas depois de Millie sumir há nove anos atrás. Do nada. – .... estão fazendo o que aqui?
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Always in Abbey Road - Fillie (HIATUS)
Lãng mạn1980. Finn Wolfhard, no auge de sua fama como rockstar, se encontra obrigado a gravar um disco com sua arqui-inimiga (e ex namorada) MBB, a nova descoberta da indústria do jazz. "I'm feeling something new Since I met you I don't feel blue Since...