What's Finn thinking about?

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"Você já escreveu alguma coisa na sua vida que não fosse sobre mim ou sobre a gente?"

Era, de fato, uma pergunta muito boa. A resposta rodou por minutos sem parar na cabeça cacheada.

Não. Nunca.

Ela havia sido o ponto alto de sua vida, afinal.

A morte de seus pais não chegava a ser dolosa, pelo simples fato de que em nenhum momento ele chegou a conhecê-los. Na data do acidente Wolfhard tinha apenas 4 anos. Contudo, o conforto de tia Carina, uma jovem viúva cuidadosa e - por vezes - fria, nem sempre era o suficiente. Não o leve a mal, o mundo não havia sido gentil com o garoto. Tudo que ele aspirou durante sua adolescência foi ser amado. Era tudo que ele mais queria; seu maior desejo.

E então, aos 16, ele finalmente pôde tê-lo.

Casa dos Brown- London, UK

16 de Março de 1970 às 8:35 p.m.

– Tchau, ruiva, até amanhã na escola – Wolfhard desceu as escadas da varanda frontal, enquanto acena para Sadie, que repete o movimento e fecha a porta, adentrando sua nova casa.

O garoto inspirou o ar gelado do início da noite de Março. O frio do inverno ainda era presente, mesmo a primavera já tendo chegado.

Andou pelo jardim, parando na calçada para atravessar a rua.

– Então eu espero que você enfie todo o seu dinheiro na sua bunda e faça um belo de um bom proveito nessa vidinha de merda! Quem sabe assim ela ganhe algum sentido, não é? – uma voz feminina forte e carregada de ódio atingiu os tímpanos dele, tornando impossível que este fizesse qualquer movimento que não fosse direcionado àquela voz.

Ao olhar a casa vizinha de sua melhor amiga, um corpo miúdo fechando a porta com toda a sua força tornou-se visível. Medindo não mais que um metro e sessenta, a silhueta de uma garota no breu da fachada da casa o deixou intrigado. Os cabelos, aparentemente, batiam pouco abaixo do ombro.

Finn a viu arrumar uma bolsa de lado no seu ombro, bufar de forma audível - mesmo pra ele, que se encontrava a mais de metros de distância -, e começar a caminhar em sua direção.

Espera aí, ela realmente estava caminhando em sua direção?

Sim.

Meu Deus.

Será que ela viu que eu estava observando? Será que ela acha que eu sou um psicopata? Ela está vindo atrás de mim porquê? Será que ela é uma psicopata?

– Perdeu alguma coisa na minha cara? – antes que Finn pudesse perceber, a dona da voz apareceu na sua frente.

– Boa noite pra você também, moça.

– Apenas noite.

– Ok.

– Hum.

– Hum o quê?

– Não sei, me diz você. Não parava de olhar pra minha casa, pensei que fosse me assaltar ou sei lá – disse, despreocupada.

Finn olhou novamente para o casarão. O acabamento de cor clara, com o detalhe do envidraçado nas janelas. Três andares. Um jardim bonito e repleto de flores que haviam começado a desabrochar há algumas semanas. É, era realmente assaltável.

– E aí você resolveu vir conversar com o seu possível assaltante? – talvez uma das hipóteses iniciais do garoto estivesse correta. Talvez ela fosse uma psicopata.

Always in Abbey Road - Fillie (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora