No dia seguinte, quando Johnny chegou no dojo do Cobra Kai, estranhou o círculo de alunos que existia no meio do tatame, Kreese, porém, não estava no meio e sim, um dos alunos que o loiro nunca se importou em saber o nome.
- E aí, galera? O que aconteceu?
Assim que falou e todos perceberam sua presença, Johnny sentiu os olhares em cima dele. O primeiro a falar alguma coisa foi Dutch, enquanto andava até o amigo, falava baixo, mas foi suficiente para o loiro escutar.
- É verdade?
Johnny balançou a cabeça, continuava sem entender o que estava acontecendo.
- O que, Dutch? Caso não tenha percebido, acabei de chegar.
- Você e o LaRusso.
O loiro quase ficou sem chão. Será que ele tinha ouvido aquilo direito? E mesmo assim, como eles poderiam saber de qualquer coisa, Daniel não teria falado nada, não é?
- Como assim, cara? Não tô entendendo.
Sua voz acabou saindo mais vacilante do que esperava, assim como seu riso.
- Realmente, você tem sumido nesses últimos dias.
- E nunca diz para onde.
Bobby completou.
- Harry acabou de nos contar que viu vocês dois no corredor da escola ontem.
Desta vez, a voz mais grossa e forte pertencia ao seu sensei, que continuava no mesmo lugar, as pernas levemente abertas e os braços cruzados na frente do peito. Johnny engoliu o seco à medida que o homem se aproximava, claro, ele já tinha se encrencado antes, mas nunca vira aquela expressão no rosto de Kreese.
- Qual é, gente. Vocês vão mesmo acreditar no nerd ali do que em mim?
- É verdade, Johnny?
O garoto não respondeu, não sabia o que falar, se dissesse a verdade, acabaria sem amigos, sem o karate e, talvez até mesmo, sem casa. Mas, por algum motivo, também não estava conseguindo inventar uma mentira qualquer.
Kreese chegou mais perto de Johnny, seu rosto era uma mistura de fúria e decepção, assim como sua voz.
- Fale!
O loiro quase pulou para trás.
No lado de fora, Daniel passeava com sua bicicleta pela rua, estava na esquina do dojo, resolveu passar pela frente do lugar, mesmo arriscando ter quinze Cobra Kais atrás de si, mas, com as janelas enormes, conseguiria ver Johnny treinando antes de ir para casa.
Esperava encontrar o loiro dando uma surra em alguém, com aquele sorriso perfeito no rosto, porém, tudo o que viu foi Kreese derrubando Johnny no chão e, ao mesmo tempo que falava alguma coisa que Daniel não conseguiu ouvir, puxou o garoto pelo braço e deu um mata-leão no mesmo. Foi quando Johnny percebeu a presença do moreno no lado de fora. Em voz alta, ele não conseguia pedir, claro, mas seus olhos azuis imploravam que o outro o ajudasse.
Contudo, Daniel ficou paralisado, suas pernas não se mexiam, ainda mais com o medo que ainda sentia daquele dojo. Então, seu corpo começou a se mexer, não para dentro da sala, mas para cima da bicicleta.
Johnny sentiu seu coração doer, mais do que seu pescoço, quando viu Daniel ir embora. Sua atenção, porém, logo voltou ao braço que estava quase o deixando sem ar, ele tentava se separar de Kreese, mas a força do homem era muito maior do que a sua. Mas, antes que desmaiasse, escutou-o.
- Se não é verdade, não terá problemas em derrubá-lo de vez no torneio.
O garoto sentia a raiva que não aparecia desde que começara a ficar com Daniel, crescendo em suas veias.
- Não, sensei!
- Ótimo.
Finalmente, o homem o soltou, largando Johnny no chão, que se esforçava para voltar a respirar novamente, seus amigos, se é que ainda o chamariam assim também, o ajudaram a se levantar. Sem esperar um segundo, Kreese se voltou para o restante dos alunos.
- Hoje, cada um de vocês irá lutar com uma dupla, aquele perder, está fora o time.
Todos se entreolharam, alguns começaram a se preocupar. Johnny ainda sentia o braço apertando sua garganta, assim como o olho roxo que doía com qualquer toque, mas sua raiva inibia qualquer fraqueza que pudesse ter naquele momento e, quando ouviu o nome do seu oponente, fechou as mãos ao lado do corpo em punhos e sorriu.
- Johnny Lawrence e Harry Smith.
Longe dali, Daniel chegou ofegante em casa, por algum motivo, fora pedalando o mais rápido que podia. Jogou a bicicleta em um canto do térreo do prédio e subiu as escadas correndo até seu apartamento. Sua mãe estava trabalhando então poderia ficar sozinho em casa, não queria ver ninguém no momento, além de ainda estar tentando entender o que estava acontecendo no dojo do Cobra Kai, se culpava por não ter ajudado Johnny quando este precisara.
O garoto se jogou na cama e colocou o travesseiro em cima do rosto antes de gritar contra a almofada.
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Uma noite na praia
RomanceDaniel e Johnny se encontram na praia. Sentimentos e desejos viram realidade.