Tragically.

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  Carina's pov

A manhã estava fria, estava calma porém não estava me mostrando boas energias. Abri meus olhos ainda deitada sobre minha cama e olhei para a fresta da janela, onde adentrava um pouco da luz do sol. Estava frio, mas não estava incômodo.

Hoje é um daqueles dias onde eu acordo e desejo apenas continuar deitada sem ter que fazer absolutamente nada. Esse era o meu maior desejo de hoje. Fechei os olhos e puxei o ar para dentro dos pulmões, inspirando e expirando, repetindo algumas vezes. Puxei minha perna direita para cima e alonguei a mesma, repetindo o processo com a esquerda e alongando toda a extensão do meu corpo. Tinha dias que eu queria muito não ser uma bailarina e não precisar esses alongamentos, é necessário fazer todos as manhãs assim que acorda, mas é exaustivo repetir esse processo.

Levantei da cama quando o alarme em cima do criado mudo começou a tocar, indicando que já eram seis horas da manhã. Me direcionei ao banheiro do quarto e fiz toda minha higiene matinal. O dia de hoje será longo, e eu vou dizer por quê. Tenho ensaio marcado para as nove horas da manhã, com duração de dez horas, com pausas pequenas apenas para comer ou ir ao banheiro. Antes disso, tenho aula marcada para as sete e meia.

O espetáculo acontece daqui à duas semanas, sem dúvidas todos os bailarinos e professores estão em uma pilha de nervos. Eu, por vez, estou tentando controlar tudo que estou sentindo para não surtar de vez. Quando aceitei ser a primeira bailarina eu sabia que seria uma responsabilidade muito grande, só não imaginava que seria um estresse maior ainda. É difícil não me cobrar tanto para ser perfeita, quando todo mundo espera que eu seja, estão colocando todas as expectativas em mim, estão apostando que eu me saia perfeita, estão esperando que eu não os decepcione, afinal, primeira bailarina é o foco principal de todo o espetáculo.

Peguei minha bolsa com tudo que eu preciso para o dia de hoje e sai do quarto. Algumas das meninas já estavam no corredor esperando para me acompanhar para a aula, antes do ensaio. Uma delas me jogou uma maçã e eu agarrei rapidamente agradecendo. Quando caminhávamos em direção à sala de ensaios, o alarme de incêndio do teto começou a tocar outra vez, nos chamando atenção.

— Tem certeza que não tem nada de errado com o prédio? — Questionei para uma das meninas que apenas negou com a cabeça. A outra mulher mais alta que eu olhou para o alarme no teto e prosseguiu.

— A única certeza que tenho é que esse equipamento está com defeito, ele está tocando sem parar agora. — Mordi a maçã e olhei para ela que continuou. — Não acho que tenha algo de errado com o prédio, ninguém viu nada de estranho acontecer, apenas este alarme está tocando, nenhum outro está.

— É Carina, não acho que devemos nos preocupar com isso agora. Temos outros assuntos mais importantes, você tem… — A outra bailarina completou e seguimos nosso caminho. Elas estavam certa, eu não podia ocupar minha mente com preocupações e assuntos na qual eu não tenho controle ou posso resolver. Talvez o equipamento esteja quebrado e necessite ser trocado com urgência.

Chegamos na sala de ensaios dez minutos antes da aula iniciar, o que nos deu tempo de colocar as roupas de aquecimento.

Todo mundo estava tenso demais, o clima dentro da sala parecia mais pesado do que essa barra de ferro na qual estou segurando e fazendo meus exercícios. Era nítido a preocupação com o novo espetáculo chegando tão rapidamente.

As horas ali dentro passaram rápido e todo mundo já estava se dirigindo ao teatro que ficava no andar de cima. O teatro da nossa companhia ficava dentro do nosso prédio, o que facilitava para nós, bailarinos, que não precisávamos nos deslocar para um outro teatro tão distante. Não acontecia atrasos e quando tudo terminava já estávamos dentro do nosso dormitório prontos para descansar. O local de espetáculo ficava no andar de cima, acima do dormitório feminino, digamos que o palco estava sob minha cabeça quando eu deitava na cama. Era ali que ele ficava, em cima do meu quarto.

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