R - RECIPROCIDADE

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Depois da longa viagem eles chegaram em sua casa e Arthit suspirou feliz. Ele tinha sua própria família, um marido, um filho estava pleno... confiante de que tinha tudo o que precisava. Pensava ate em tirar algum tempo de folga do serviço para a adaptação do filho no novo país...
-Hei Arthit!
-Khap? _ acordou de seu devaneio.
-Precisamos de uma casa agora. Não podemos morar no apartamento... onde o Ren vai dormir?
-Não se preocupe. _ ouviram a voz rouca e seca da criança atrás de si que foi para o canto da porta e se aninhou como um cachorro_ eu fico aqui.
-O que está fazendo? _ o mais velho questionou horrorizado correndo ate o menino e o levantando imediatamente.
-Estou deitando.
-Me escute você não é um animal na? Ira dormir conosco esta noite e amanhã vamos comprar uma casa. _ o veterano decidiu _ agora venha você precisa de um banho...
-Vou fazer o jantar... _ Kongpob anunciou puxando seu agora marido para um beijo.
O veterano corou profundamente tentando sair de seu abraço:
-Kong... temos uma criança aqui se comporte...
-Somos seus pais... Ele precisa se acostumar não acha?
-Eu já estou acostumado. _ viram o menino murmurar enquanto dedilhava os lábios com olhos vazios_ yasashi ningen wa koai...
Ambos encararam o pequeno garoto cujo os cabelos cobriam os olhos. Pareciam que não eram cortados há muito tempo:
-Ren... vamos tomar banho venha...
Arthit tentou pegar sua mão, mas foi rejeitado então ele seguiu ao lado do garotinho que olhava o banheiro de forma cautelosa. Viu o maior abrir o chuveiro e ficou parado esperando até que perguntou:
-Você não vai fazer nada?
-O que eu devo fazer? _ o veterano questionou_ ah claro!
Num impulso o menino se afastou e ficou confuso ao ver o sênior pegar a bucha o sabote xampu e condicionador colocar na parte baixa para que ele pudesse alcançar e ir até a porta do banheiro dizendo:
-Sua toalha esta ali quando terminar saia para comermos a roupa está em cima da cama é so vestir!
E la estava. O sorriso. Aquele sorriso que ele não conseguia entender... por que aquele estranho sorria dessa forma para si. Ele sabia que era novo, mas maduro demais pra sua idade sua intenção era fugir no primeiro minuto em que pisasse no chão depois de descer do avião. Mas estava curioso pra saber como era a vida desses homens estranhos.
O casal estava na cozinha preparando o jantar Arthit picava a cebolinha enquanto Kongpob o abraçava por trás repetindo seus gestos. Ele se sentia completamente grato e se deixando levar pelo momento virou-se para o maior e o beijou carinhosamente sorriram entre o feito e ele encostou a cabeça no peito do moreno sentindo o mesmo respirar em seu cabelo.
Eles estavam tão imersos em seu mundo que não notaram que a cena foi presenciada pela criança que havia saído do banho. Ren sabia que aquilo era diferente do que seu pai ou caseiro daquele orfanato costumavam fazer consigo. Ele conseguia sentir o amor... e talvez, apenas talvez se viu um pouco mais interessado no casal que agora deveria chamar de pais.
-Acabei!
O menino anunciou assustando os dois homens que pularam olhando pro lado. Por um minuto haviam esquecido que tinham um filho agora... um filho... Arthit jamais se cansaria disso embora precisasse conversar com seu marido mais tarde sobre o que descobriu.
-Ren sente vamos comer na! _ Kongpob o sentou na mesa e colocou em seu prato arroz com omelete de porco picado e manjericão com pimenta_ se você não gostar é só dizer peço outra coisa pra você.
-Hai.
-Ren... _ começou Arthit_ você sabe que já está na idade de ir para escola certo? Então vamos matricula-lo para que possa aprender o tailandês...
-Mas eu falo japonês.
-Você pode falar os dois_ Kongpob entregou o leite rosa de seu P'.
-Realmente? Como vocês dois? Eu consigo?
-Sim! _ Arthit respondeu animado_ podemos coloca-lo na escola para estudar e em casa e num outro período que queira você pode continuar estudando japonês pra falar melhor, o que acha?
-O que eu vou ter que fazer pra ganhar essas coisas? _ ele questionou seriamente.
-Nada! Que pergunta é essa? Eu já disse você não é um bichinho não se ganha um prêmio por uma boa ação.
-Que tal um jogo de perguntas e respostas? _ sugeriu o júnior_ você topa?
-Sim. Eu começo. Vocês são mesmo casados?
-Chài. _ responderam juntos.
-Mas ate onde eu sei casais homoafetivos não são aceitos.
-Realmente aqui é um desses lugares, mas o amor é livre e nossos corpos não são barreiras.
Viram o menino acenar com a cabeça:
-Você tem nojo? _ Arthit praticamente vomitou a pergunta_ tem nojo de nós ou vergonha se tivesse que nos apresentar a alguém como seus pais?
-Não.
-Por que?!
-Foram duas perguntas.
-Pessoal é melhor irmos dormir certo? Ren você pode se deitar nós vamos tomar banho. _ Kongpob apontou para a enorme cama que caberia os três sem dificuldade.
E mais uma vez Arthit se viu puxado para o banho enquanto estava confuso:
-Kong... eu descobri uma coisa...
-O que foi?
-Acho que... acho que abusavam dele... ele tinha marcas de cigarro apagados nas costas e nas costelas e vê como ele age com as nossas demonstrações de afeto...
-Será que foi no orfanato?
Bem isso não importa muito agora... ele não podia falar nada era perfeito pra quem estivesse fazendo isso...
Arthit fungou e Kongpob o trouxe para os seus braços:
-Shhh... estamos com ele agora P'... vamos protege-lo, cuidar dele e educa-lo ele vai ser forte você vai ver.
-Sim você tem razão! _ ele sorriu e continuou seu banho pois tudo o que queria era dormir e novamente a sombra pequena passou despercebida voltando para a cama.

Não existe eu se não existir vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora