The Guard | MYG

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Ao ouvir as palavras do juiz, você entrou em um transe de horas

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Ao ouvir as palavras do juiz, você entrou em um transe de horas. Seu peito doía e quase não conseguiu respirar, quem dirá se situar. Foi difícil raciocinar e entender o que havia acabado de acontecer. Mas, quando entrou em casa, acompanhada de seu irmão e observou o sorriso sem dentes de seu filho, tudo fez sentido. Você sabia o que estava prestes a acontecer.

O juiz cedeu a guarda do seu filho, para Yoongi, seu ex-marido. Ele decidiu que era o melhor a se fazer e ele informou que tiraria o pequeno Junghwa de você.

Foi impossível não sentir o desespero que se infiltrou em seu peito. Você não sabia o que fazer, não tinha o que fazer. As lágrimas eram as únicas opções plausíveis, então você chorou, sendo abraçada por seu irmão que respirava fundo, sem saber como reagir. Ambos incapazes de reagir. De procurar soluções naquele momento de dor.

Até mesmo ele ficou surpreso diante da decisão do juiz. Normalmente, quando se trata de guarda, é cedido para a mãe. Você sequer foi cogitada para isso.

— Tio Minho, por que a mamãe está chorando? — Junghwa aproximou-se, lhe abraçando pelas pernas, claramente angustiado por ouvir você chorar.

Ele sempre foi assim, desde pequeno. Nunca gostou de ouvir as pessoas chorando, seu peito fica angustiado e ele sente vontade de chorar também. Junghwa sente que precisa chorar, porque as dores precisam ser sentidos. Mesmo tão inocente sobre o mundo, seu coração é doce e bondoso.

E ao perceber e sentir seu pequeno agarrando-lhe, você abaixou-se e o pegou no colo, enchendo suas bochechas gordinhas de beijos.

— Omma está chorando porque ama demais o bebê Junghwa. — O garotinho, tão parecido com o pai, gargalhou. Abraçando-lhe forte, devolvendo a você, os beijos inocentes e amorosos.

Sentiria saudades desses beijos amorosos, dos abraços quentinhos, do amor que emana de seu filho. Temeu não vê-lo nunca mais e pensar nesta hipótese, causou-lhe desespero. O desespero foi tamanho que mais um pouco você chorou. Estava em pedaços, pode sentir-se despedaçada.

Aquela voz firme e decisiva do juiz, ainda estava ecoando fortemente em sua mente. Tão forte, que a dor em sua cabeça começou a ficar insuportável. Mas, não tão insuportável quando a dor da perda da guarda de seu filho.

Abraçou-o. Protegendo-o. Cuidando dele, enquanto ainda podia.

— Junghwa ama muito a mamãe!

Sempre falando em terceira pessoa, você sorriu pela doçura das palavras e o abraçou forte. O mundo estava caindo aos seus pés e você não podia fazer nada para dar um jeito naquilo. O sentimento de incapacidade naquela situação causava-lhe um terrível desespero. A cada segundo que passava, estava próximo. Yoongi tirou seu filho dos seus braços e não existiam meios ou poderes de impedi-lo de não fazer.

No fim, você só seria a mãe do filho dele. A empregada com a qual ele se envolveu e que por isso, ele achou que poderia fazer tudo. Não existiam poderes suficientes em suas mãos para lidar com o poder de uma família como a dele. Pode imaginar diversas coisas com a sua cabeça, que a todo momento estava criando diversas possibilidades.

Não imaginou que no fim disso tudo, teria sua criança tirada de você. Sem o mínimo de consideração com o pequeno ou até mesmo, consigo. O que poderia esperar de uma família como a dele? Foi ingênua e tola por acreditar que o Min seria diferente.

Mas, a fruta nunca cai muito longe do pé.

E ainda naquele dia, quando a campainha tocou, você soube que já era hora de levá-lo. O seu bebê precisava ir. Abriu a porta, encarando os olhos de seu ex-marido, não conseguiu entender sua expressão e se fosse sincera, naquele momento não importava.

Mas, para ele, você sabia que encarar seu rosto naquele momento, era uma certeza de que ele tinha consciência de que doía e estava doendo cada vez mais.

— Appa!

Junghwa foi rápido ao abrir os braços em direção ao pai, que abriu-os grandemente e o acolheu o bebê de maneira protetora dentro deles. Ao se levantar, com Junghwa no colo, você lhe entregou todos os pertences de seu filho a ele.

O tempo passou rápido, conforme você arrumou as coisas de sua criança. Preferiu arrumá-las antes e depois ocupar-se com o carinho e o aconchego do abraço de seu filho. Talvez, tivesse feito a escolha errada ao arrumar antes. Perdeu algumas horas com a arrumação de tudo, perdeu a oportunidade de ficar mais algumas horinhas cuidando e zelando pelo sono de seu filho.

Doía tanto.

— Vem, omma. Vem com Junghwa.

A mãozinha pequena se encontra erguida em sua direção, ele balança os dedinhos gordinhos e espera que você pegue. Consciente sobre seu bebê, você sabe que ele deseja que você segure sua mãozinha.

Mas, com os olhos cada vez mais cheios de lágrimas, você negou. E foi neste exato momento, que seu pequeno e tão inocente bebê arregalou os olhinhos.

Você sempre ia com ele. Agora, sua mão não estava segurando a mão dele. Junghwa compreendeu de imediato que iria sozinho. E ao perceber isso, levou-o aos prantos. Seu neném começou a chorar, dolorosamente. Matando você ainda mais por dentro.

— Nunca! Eu nunca vou perdoar você, Yoongi! — Sua cabeça balança negativamente, numa afirmação para o que acabou de dizer. Convencendo-se disso. — Olha o que você tá fazendo!

Sua voz morreu. Tanto quanto seu peito. Ergueu as mãos, tentando e conseguindo alcançar os dedinhos de Junghwa. Não queria que ele chorasse tanto, com tanta força, que acabaria passando mal.

E com os olhos repletos de lágrimas, você disse. Eram as únicas coisas que poderiam ser pronunciadas por sua boca. Não existiam mais palavras ali, você não sabia o que dizer além disso. Pela primeira vez, em toda sua vida, encontrou-se sem palavras.

Yoongi não disse nada. E aquilo lhe feriu por dentro.

Junghwa ergueu os braços para você, tentando se soltar dos braços do pai, que lhe segurou calmamente e firmemente para que não caísse.

— Vá com seu appa, Jun. — Ainda segurando os dedinhos de seu filho, você disse. — Pode ir com seu papai, meu amor.

— Omma! Vem com Junghwa, não deixa Junghwa sozinho. Por favor, mamãe! — A voz fininha e completamente meiga partiu seu coração. Ao se aproximar do bebê, você sorriu, mesmo chorando desesperada.

— Você não vai estar sozinho, meu amor. Você tem seu papai e em breve, omma vai até você. — Beijou a testa de Junghwa, que soluçou. — Omma promete para você, sim? Você acredita na sua omma?

Ainda soluçando, Junghwa confirmou. Passando as costas das mãos nos próprios olhinhos, voltando a abraçar Yoongi que suspirou e o acolheu em um abraço.

— Não há palavras que possam descrever como eu estou me sentindo sobre isso, S/n. Acredite em mim. Nem eu me perdoarei por isso.

Você ouviu as palavras dele e depois de se curvar, Yoongi lhe deu as costas. Caminhando pacientemente em direção ao elevador.

Ele era assim, silencioso e paciente. E ao ouvir tudo que ele disse, sentiu seu peito doer ainda mais. Acenou para Junghwa, que ainda soluçava baixinho e os olhos se mantinham marejados.

Vê-lo entrar no elevador, doeu profundamente. Parecia que seu choro não teria fim. Estava doendo tanto quanto um dia poderia doer. Não era justo. Seja o que fosse, não estava sendo justo. A dor era horrível e o sentimento de impotência pior ainda. Temia não poder ver seu filho novamente e por isso se entregou a um choro inconsolável. 

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