Gravidez, JJK | Parte Um

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Eu demorei até acreditar no que eu estava lendo. Precisei ler várias e várias vezes para entender do que se tratava aquele exame. Tudo que era somente uma mínima desconfiança de minha parte, tornou-se realidade a partir do momento em que eu li aquela papelada com um monte de informações que eu não sabia dizer o que seriam.

Nós teríamos um filhote.

O que deveria ser motivo de felicidade de minha parte, me fez suspirar angustiado.

Eu queria a minha mãe. É um pensamento patético chamar a mãe diante de uma situação tão séria e tão importante quanto essa, mas somente a minha mãe saberia o que dizer numa situação como essas, e me aconselhar da melhor forma possível para não fazer nenhuma besteira e se deixar levar pelo nervosismo. Tudo que eu queria neste exato momento é o aconchego dos braços de minha mãe.

Quero que ela me diga que tudo vai ficar bem.

Que eu só estou sendo paranoico, que eu estou deixando o medo falar por minha razão.

Faço um esforço enorme para não surtar, para não chorar. Não quero correr o risco de passar mal e acabar de alguma forma afetando o bebê. Mas, eu sei que não estava nos meus planos ter um filho. não agora, não neste exato momento.

Não é como se eu nunca tivesse pensado em construir uma família com Yuna, muito pelo contrário, eu sempre pensei. Desde quando a conheci pela primeira vez, numa festa que nossos amigos em comum fizeram. Fui emocionado o suficiente para tê-la desejado desde aquele momento, emocionado o suficiente para planejar até mesmo os filhos, mesmo sabendo apenas o nome dela.

Eu quero me casar com ela. Quero sustentar uma aliança em meu dedo e dizer, orgulhosamente, a quem eu pertenço. Já tenho sua marca, me seria um grande prazer carregar uma aliança em meu dedo que oficializa ainda mais a nossa união.

Só que eu não imaginava que seria pai tão cedo. Claro, eu e Yuna estamos fazendo sexo com bastante frequência e mesmo com toda a proteção do mundo, sabemos que esses metodos não são cem por centro contraceptivos. Sempre há aquela pequena porcentagem que faz todos nós temer uma criança antes da hora.

Eu tenho apenas vinte e quatro anos, ainda há uma vida pela frente. Eu tenho uma carreira. E tudo me amedronta ainda mais por perceber e saber que Yuna também tem. Ela lutou por essa carreira, fez o impossível para concluir sua faculdade e depois de muito tempo, de muita resposta negativa, ela conseguiu um emprego na área. Ainda é muito cedo, não podemos.

Filhos são bençãos, eu sei disso. Mas, será que neste exato momento, eles são?

A angústia que me devora em partes, é devido a Yuna. Não saber como ela reagirá, já que nunca tocamos no assunto filhos, me deixa extremamente ansioso. Ela é sempre tão enigmática e intimidante, quanto meu próprio pai. A maioria dos meus amigos dizem que ela é fria, mas eu não consigo acreditar que ela seja fria. Ela só é reservada e prefere manter sua vida do jeito que está, diferente de todos ao nosso redor, que precisam sempre de alguma afirmação na própria vida.

Mas, mesmo que eu a conheça muito bem. Meu lobo ainda sente angústia. Ele ainda teme o pior, mesmo que nós saibamos que não será bem assim. O índice, no nosso mundo, de ômegas sendo deixados por seus alfas, depois que dão a luz a filhotes é muito grande. Incluindo aqueles com o elo firmado, que é a marca. Os índices de mortes não são brincadeira e boa parte do meu medo é devido a isso.

Talvez ela possa gritar comigo ou até mesmo ficar em silêncio. E uma das piores situações é quando ela fica em silêncio. Ou coisas muito boas acontecem quando ela se mantém silenciosa ou coisas muito ruins vem a calhar.

Passo minhas mãos pelo meu rosto, olhando ao redor, para todos os lugares da casa e toda sua decoração. Desço minhas mãos até minha barriga, franzindo minimamente minha sobrancelha, encolhendo os ombros. Não consigo me conter, não consigo me acalmar, eu sinto uma vontade absurda de chorar.

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