__Me senti mal o dia inteiro papai, desculpa. _Olhei em seus olhos frios, tristes e zangado. Era uma mistura de sentimentos que ele me trazia.
__Você pediu para a Helena chamar o médico? _Arqueou a sobrancelha desconfiado das minhas palavras.
__Não, só precisava dormir um pouco. _Ele olhou para capa na minha mão. _Já estou bem melhor.
__E para que carrega essa capa, Lina?
Sempre desconfiava quando eu estava fazendo uma coisas longe de seus olhos e de seus conhecimentos.
__Porque eu estava sentindo frio, majestade. _Sorri tentando disfarçar a minha angústia.
__Vista-se de acordo para o jantar.
Saudei ele me virando para subir as escada, virei para certificar que ele tinha ido. E voltei para o caminho da minha missão para ajudar a Catarina, se eu conseguir fazer isso, vai ser uma iniciativa para finalmente ir embora.
Quando eu partir, pretendo deixar todos meus medos aqui, todas as minha lembranças.
Menos aquelas que foram boas, lembro da minha mãe lendo contos de fadas para mim, em frente a lareira.
Não lembro de muitos momentos com ela, eu era muito pequena. Ela não teve a chance de me ver crescer. Que toda a dor que ela estava sentindo, foi embora, que agora ela possa descansar em paz.
Mas isso me deixou aqui, viva, com sequelas horríveis.
A Kate nunca gostou de verdade de mim. Mesmo sendo uma criança, eu já entendia que não era legal o que ela fazia. Ela já tentou se livrar de mim, falando para o meu pai que o certo era eu crescer em um convento.
Sinto que todos sabem o que tem dentro de mim, menos eu mesma.
Eu compreendo as coisas que eu posso fazer, mas é como se eu não entendesse a raiz de tudo isso.
Saí correndo escadas abaixo, lutando contra o tempo de pegar o horário de troca dos guardas reais.
Eram muitos, e eu não tinha certeza se eles trocam no mesmo horário que os que ficam nas torres.
Determinação, Lina.
Respirei fundo, tentando me encorajar.
A punição para isso que eu estava fazendo era a morte.
Abri aquela porta pequena, tinha guardas só na entrada. Fui em direção da cela de Catarina.
__Eu vou te soltar, quero que você me espere naquela porta ali. _ Apontei.
Ela consentiu com a cabeça, e ficou feliz por poder ter uma chance.
Abri com cuidado aquela fechadura, fazia um pouco de barulho por causa do seu tempo de existência.
Os olhares dos guardas logo vieram para mim.
__Majestade. _ Falou um deles saudando. _Posso ser útil para alguma coisa?
__Sim, o rei está requisitando a presença de todos os guardas no grande salão. _Sorri gentilmente.
Eles pareciam não acreditar, estavam sentindo medo de talvez ser mentira.
Ia ser uma ofensa a mim caso eles não fossem.
__Você tem certeza disso, Majestade? _Perguntou um deles com os olhares fixados para o chão.
O que um título pode fazer. Eu não vou sentir falta nenhuma de ser temida, e está em um cargo desses.
Quero uma vida simples, viajando, conhecendo lugares.
Admiro muito a vida em que o sábio Rodolfo vive como nômade. Às vezes ele vem vender alguns objetos e fica me contando sobre suas aventuras.
E se for para me prender em algum lugar, que esse lugar seja incrível, igual o céu.
__E por que eu não teria? _Falei afastando dos meus pensamentos.
__Perdão, princesa. _Falou se retirando.
Meu pai vai me matar, eu usei o meu poder para salvar a Catarina. Imagino as mil coisas que a Kate vai me falar.
Me bate um desespero em pensar deixar meu pai aqui, mas eu entendo que seja para buscar a minha felicidade, e nada é definitivo para sempre. Talvez alguns anos eu volte para reencontrá-lo.
Ah papai, me desculpa por tudo isso, eu sei que sou um fracasso por não aguentar viver nesse mundo em que você vive.
A Catarina havia saído da cela e ido para a escada. Deixei as chaves no prego e sai para escada.
__Vista isso, meu bem. _Coloquei a capa nela. _Essas moedas e para você ir bem longe. Compre um cavalo na ponte de pedra, e cavalgue para o norte, em direção a montanha mãe, você vai encontrar uma vida lá.
Ela pegou as moedas e começou a chorar.
__Não posso aceitar, majestade, você já fez muito, vai se encrencar por minha causa.
__Não ligue para mim, eu vou ficar bem, e me chame de Lina, por favor. _ Sorri dando o dinheiro para ela.
__É muita coisa majes... Lina. _ Sorriu.
__Não é não, querida. Use com sabedoria.
__Sinto que lhe devo uma informação. Existe uma bruxa de verdade residindo no reino, não sei se as suas intenções são boas ou ruins.
__Não diga isso para mais ninguém. _Me virei olhando para ela sério. _Onde ela mora?
__Na divisa do bosque de Wilver com Masfield. _Falou cochichando. _Na pequena vila, perto da praia das Palmeiras, a que tem a homenagem para antiga rainha. Você saberá qual a casa ela mora assim que bater os olhos nela.
Parecia que tinha tantas pessoas que conheciam a minha mãe, menos eu.
__Me desculpa, foi muita inconveniência da minha parte. _Falou percebendo meu desconforto. _Nunca soube o que é ter uma mãe para poder imaginar a dor que é perde-la.
__Tudo bem, Catarina, não precisa se desculpar. _Falei continuando subindo as escadas.
Eu odiava como aquele corredor era minúsculo, mas era uma passagem secreta, e aqui no castelo tem diversas delas, até algumas que eu não conheço.
__É bem pior você não conhecer uma amor de uma mãe. _Falei tentando confortar ela. _Vamos rápido, antes que os guardam sintam falta da sua presença.
Levei ela até um lugar seguro para ela ir embora, com aquela capa ninguém reparou nela.
Minhas lágrimas escorriam vendo ela indo embora. Eu queria poder ajudar mais.
Olhei para o céu, senti um vento e sabia que ia chover, mesmo com o céu limpo agora.
Entrei pela porta principal tentando fugir de todos, já estava atrasada para o jantar, e a Helena deve está desesperada com o meu paradeiro.
Foi só eu pensar na pobrezinha que a mesma apareceu totalmente desesperada.
__Onde você estava, princesa. _ Ela não tinha culpa, mas acabava sobrando para ela, por ser responsável por mim.
__Me perdoa, Helena. _ Olhei para ela. _Eu sou um desastre.
__A rainha quer te cuspir fogo. Uma bruxa fugiu do calabouço, eles estão desconfiando de você. Os guardas te viram com a bruxa.
Ela disse isso e eu só consegui agradecer a Deus, e pedir para que Ele a proteja.
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O Nosso céu
VampireLina, uma princesa rebelde (bruxa), que com o passar do tempo decide se rebelar, com uma vida que nunca identificou. Longe dos padrões impostos pelo reino, ela conhece o misterioso Thomas, e descobre que ele não é quem dizia ser, e que existe coisa...