PRÓLOGO

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O mundo não tem sido o mesmo nos últimos anos.

Lembro de ouvi de várias pessoas, em vários lugares, que o mundo iria acabar. Sabe o que nunca ouvi falar? O que acontece com o mundo entre o mundo em que vivemos hoje e o fim do mundo? O que acontece no meio de tudo isso? Acho que mesmo que se estivesse ouvido falar sobre tal coisa, nada realmente teria me preparado para a realidade. Nada teria me preparado para o agora.

***

-Relaxa Rafa. - meu amigo de infância Eduardo, berra em meu ouvido para que eu possa ouvir sua voz acima da música da balada em que ele me arrastou, para comemorarmos que entrei no curso de medicina na USP, o problema, é que a idéia do meu amigo e a minha de comemoração são bem diferentes. - Você parece meu pai, todo sério sentado aí.

-Seu pai é um cara legal.- berro de volta.

-Cara, só estou falando pra você curtir um pouco, uma noite. Não vai matar. -Ele se afasta e pedi duas cervejas pra moça do bar, volta e estendi uma pra mim. - Aqui, pega essa cerveja, relaxa e vai atrás de alguma gata. Deus sabe que você precisa. - fala sorrindo.

Desisto de lutar contra e simplesmente abro minha cerveja e dou longo gole. Deus , realmente preciso de uma menina. Minha vida tem se resumido em estudar igual um maníaco.

Olho ao redor, observando o pessoal curtindo a música. Gosto de sair com meus amigos, mas não sou realmente um cara de balada. Olho para meu lado, no lugar que Eduardo estava à apenas um segundo atrás, mas ele não está mais. Nem me preocupo em procurar, sei que esta enroscado com alguma menina. Apenas decido ficar onde estou, corro meus olhos pelos corpos dançantes ao ritmo da música que pulsa sem parar.

Por um instante meu olhar cai em uma garota, uma linda, linda garota . Ela dança de forma completamente sensual, ela vira de costas para mim e o modo que ela move o quadril e suas mãos seguem seus movimentos... Nossa ela é de tirar o fôlego.

Como se sentindo meu olhar, ela se vira e olha diretamente para mim. Me avalia de cima a baixo e sorri.

***

Acordo com um barulho de alguma coisa caindo, olho ao redor ainda meio desorientado pelo sono e vejo oque me acordou. Um rato. Muito devagar alcanço uma faca que mantenho ao meu lado enquanto durmo, preciso estar sempre preparado.

Não estar preparado foi a causa da morte dos meus pais em uma noite como essa, não ter preparado me trouxe aqui hoje, sozinho.

Fico completamente imóvel com minha faca na mão, preparado para quando eu tiver a chance de matá-lo, com o revólver que tenho seria talvez mais fácil, mas 1 muito barulho e apesar de não ver ninguém nas proximidades nos últimos dias,não quero arriscar e atrair atenção pessoas erradas e 2 apesar de ser um animal um tanto repugnante, ainda é alguma proteína para dar energia para amanhã.

Viro de lado observando cada movimento que ele faça e no exato instante em que ele passa ao meu lado na cama improvisada que estou dormindo essa noite, enfio a faca no rato e quase não consigo pegá-lo.


os que não chove forte, geralmente é uma chuva bem fina que logo vai embora, é tudo tão ceco, massante, como eu queria um copo de água gelada, mas mau tenho a sorte de encontrar um pouco de água que eu posso beber, e esta tudo tão quente. Sem água, não existem usinas elétricas e sem usinas, não tem luz. Muitas vezes pensei em desistir, mas não posso simplesmente me dar por vencido, meus pais ficariam desapontados comigo e isso é a última coisa que quero. Eles não estão mais aqui ao meu lado, mas tenho que tentar ser oque eles me criaram para ser: corajoso.

É claro falar é muito mais fácil do que fazer. Esse lugar, todo esse lugar, me parece simplesmente sem... esperança. E a coisa essencial em ser corajoso é ter esperança.

O SEGREDO DO AMANHÃOnde histórias criam vida. Descubra agora