- Capítulo 11

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Sabina Hidalgo                            
16 de outubro

Ontem, após o sol se pôr eu e Noah fomos cada um para sua casa. Quando chego em minha casa e entro no meu quarto vejo que tenho uma mensagem dele.

Noah: Só para dizer que você ficou perfeita com meu moletom vestido. Podemos nos encontrar amanhã?

Sorrio boba para a mensagem e lhe respondo dizendo que hoje de tarde, por ser sábado - não iria ao hospital - iria dar uma aula de dança  extra para meus pequeninos e se ele quisesse poderia ir assistir e depois íamos para um outro lugar. Ele concordou e então eu mando-lhe o endereço do Studio e então fui dormir.

Quando hoje acordei já era mais tarde do que esperava. Me levanto, faço minhas higienes e tomo meus medicamentos e vou prepara alguma coisa para almoçar já que, à dois dias tinha conseguido convencer minha mãe a ir passar uns dias fora com o meu pai e só voltariam na terça. Todos os dias, umas 3 vezes por dia no mínimo, ela me manda mensagem sabendo como estou. Como eu disse, como se eu fosse quebrar se não tivéssemos um super cuidado.

Depois de comer qualquer coisa rápida volto para o meu quarto, coloco uma música animada e começo a me preparar para ir dar a aula e as coisas para vestir no final da aula. Visto minhas típicas calças moletom que ocupam metade do meu roupeiro e uma t-shirt grande e solta e opto, para vestir depois, por umas calças jeans mais largas, um cropped um blusão mais comprido e largo caso tivesse frio, o que era mais provável.

Saio de casa mais cedo, já que iria a pé, e pelo caminho Noah me avisa que iria chegar mais tarde do que previa e eu digo lhe que não havia problema e que o iria esperar lá. Sigo meu caminho e quando lá chego vou logo até minha sala vendo logo meus meninos me esperando. Ao verem a minha presença todos vêm correndo, com um sorriso quase lhes rasgando no rosto, e me abraçam. Rio com o que eles fazem, mesmo já sendo habitual.

Começo a aula, mostro uma coreografia mais simples e animada do que costumo mostrar e logo que ela termina todos saem se despedindo de mim.

Aproveito que Noah ainda não chegou e não está mais ninguém lá e começo a dançar sozinha, apenas sentindo a música e disfrutando o momento como já não fazia à algum tempo.

Começo a me mover lentamente e hesitante no começo e então logo depois começo me soltando mais.

Meu corpo se move sozinho como se tivesse vida própria. Sinto o suor se acumular e algumas gotas escorrendo pelas minhas costas e testa. Quando a música termina me sinto leve. Respiro fundo e de seguida ouço alguém bater palmas e caminhando até mim. Olho para trás, através do espelho e vejo Noah.

Um sorriso se abre em meu rosto e no dele e ele diz:

- Wow! Quando disse que dava aulas de dança para crianças eu pensei que fosse uma amadora mas depois de ver isso, meu deus. Sou seu maior fã a partir desse momento. - dou uma risada nasal e começo a me aproximar dele.

Quando lhe ia responder sinto uma tontura e de seguida os seus braços me segurarem.

- Ei, você está bem? - ele pergunta preocupada e eu assinto.

- Sim, foi só uma pequena tontura. - ele assente como resposta e quando ia a colocar me direita para seguir até aos balneários outra tontura veio ainda mais forte. Minha vista começa a ficar turva, meu corpo a pesar e então escuridão.

Sinto o mesmo que senti no meu aniversário, mas desta vez, minha respiração falhava, meu corpo pesava e doía até que ele amoleceu ficando apoiados nos braços de Noah. Não estava inconsciente, não ainda. Ouço a voz de Noah me chamando e pedindo para acordar. Sinto ele me passar a segurar com apenas um braço e de seguida o toque do seu telemóvel que foi rapidamente atendido e ele pede uma ambulância até ao Studio.

Quando ele desliga a chamada pega em mim o seu colo e começa a andar em passos rápidos desesperado. Aconchego-me mais contra seu corpo e, por instantes consigo abrir meus olhos novamente, e olho para ele. Levo minha mão até seu rosto acariciando-o, o que o faz olhar para mim imediatamente enquanto continua a caminhar até à saída do prédio.

- Obrigada...por tudo minha luz. - digo num sussurro e sinto algumas lágrimas dele caírem sobre mim e quando ia tentar dizer mais alguma coisa sinto que não tenho mais ar para isso.

E então as palavras de Pedro enquanto terminava comigo se fazem presentes em minha memória.

"Você vai ficar fraca, não vai poder fazer quase nada, e então seus pulmões deixam de funcionar, não te dão mais um oportunidade para um último suspiro sequer, e aí, aí você morre."

Ele tinha razão. O ar parece que se esgotou para mim e não consigo dizer mais nada nem dar um último suspiro.

Sinto o som da ambulância distante mas ao mesmo tempo perto. Sinto meu corpo seu pousado carinhosamente sobre o que eu penso ser uma maca. Sinto uma mão, que eu conheço tão bem segurar a minha. Sinto colocarem alguma coisa na minha cara e de seguida uma voz distante dizendo "mais rápido, ela está ficando sem pulsação".

Sei que Noah está assustado e preocupado, suas mãos tremem e, mesmo um pouco distante, sinto sua respiração ofegante. Queria conseguir dizer a ele que tudo ia ficar bem, que eu ia voltar para ele e por ele.

Queria ter tido tempo de aproveitar melhor meus últimos momentos. Queria ter tido a oportunidade de me despedir da minha família, de Joalin e Any...e dele. Ele que tanto me ajudou e nem faz ideia disso. Ele que foi a razão de quase todos os meus sorrisos desde que nos conhecemos. Ele que em tão pouco tempo me fez sentir coisas que nunca antes senti.

E então não sinto mais nada. Meu corpo fica mais mole, se isso fosse possível.

Parece que o meu momento chegou, só não esperava que fosse tão rápido assim.


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Gente, eu juro que chorei escrevendo esse capítulo. Quem olhar nem pensa que o anterior foi todo fofo :(

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