CAPÍTULO 74 - Tornado

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Eu espero que você esteja encontrando a força
Para ajudar você a superar os dias mais sombrios
(Rush)

Calliope

Uma parte de mim não queria sair, não queria deixar Arizona e Sofia, mas meu instinto de sempre ajudar, de sempre tomar a frente era mais forte que eu e por isso decidi acompanhar Andrea nessa busca por mantimentos. Armadas e com facas, saímos pela cidade sempre em alerta, mas não havia muitos zumbis andando por ali, a maioria parecia presa dentro das casas, o que fazia a gente não querer entrar em nenhuma delas. Depois de um tempo andando, encontramos um casa com a porta aberta, Andrea aceitou entrar nela. Subimos na soleira de entrada, a madeira de barulho é claro e então já ficamos pronta para algo aparecer, mas ao contrário não havia nada. Então ela entrou primeiro, com a arma em punho, na altura do seu rosto, ela fez sinal que iria para o andar de cima e enquanto eu verifico os cômodos de baixo. Para meu alívio não havia nenhum zumbi ali mas pelo barulho que ouvi de cima, com certeza Andrea achou algum, eu já estava pronta para subir para ajudá-la, quando a vejo descer rapidamente.

Agora não tem mais nada lá em cima - dá seu sorriso vitorioso

Uffa, achei que ia ter que subir - brinquei

Até parece né cunhadinha. Sou ótima nisso - piscou 

Eu e Andrea temos uma relação cada vez melhor, é claro que todos somos uma família, mas ela sendo a irmã da mulher que eu amo, nos faz mais próximas, ainda mais depois de tudo que já vivemos juntas. Seguimos então para a cozinha, encontramos algumas latas de feijão e nenhuma garrafa de água. Pegamos o que achamos e colocamos em uma mochila, subi até o andar de cima para ver o que tinha por ali. Peguei os remédios que achei no banheiro e no quarto que com certeza era de alguma criança, eu peguei um ursinho para Jacob, e duas bonequinhas de pano, uma para Sofia e outra para Zola.

Elas vão amar essas bonecas - eu disse sorridente

Com certeza vai. Sofia é um criança incrível, aceita tudo o que damos para ela - diz orgulhosa

Obrigada pelo carinho com minha filha

Que isso, ela já é minha sobrinha e você sabe - disse sorrindo - ah aproveitando o tempo sozinhas. Poderia me dizer quais suas intenções com a minha irmã? - diz séria

Que?

Brincadeira - começa a rir - você devia ver a sua cara. Mas acho que já está na hora de perdir ela em casamento né?

Andrea você acha que isso importa hoje em dia? Não existe casamentos, igrejas e nada disso

Pode não existir os papéis e as burocracia mas o amor, o sentimento existe e dá muito bem para fazermos uma cerimônia igual a da Jô e do Alex

Você acha que é isso o ela quer?

Depende, você não quer? - ela levantou a sobrancelha

Drea - a chamei por um apelido carinhoso - eu amo a sua irmã mais que tudo, ela é a minha força, com toda a certeza eu me casaria com ela

E então...faz o pedido - revira os olhos

Mas tenho medo...tenho medo de prometer o para sempre para ela e então eu sumir, morrer, sei lá. Nesse mundo de agora não temos certeza nem do dia do amanhã

Callie - ela se aproximou e segurou a minha mão - você sabe que nunca tivemos certeza de nada. A vida sempre foi assim, inconstante. A morte sempre existem e não é de hoje, a diferença é que morremos e voltamos com essas coisas horrorosas - ri

Pensando por esse lado, você tem razão - sorri

De repente ouvimos um alarme bem alto, que parecia vir de longe e eu sabia o que era aquilo, é um aviso de tornado. Não, era só o que faltava.

É um aviso de tornado - Andrea arregala os olhos

Precisamos sair daqui agora - digo a puxando para fora do quarto - precisamos voltar para os outros

Não vai dar tempo - ela diz assim que chegamos na porta de saída da casa

Tem que dar - eu digo seria e a puxo para corremos

Começamos a correr, mas estávamos bem longe da estação de bombeiros, não iríamos conseguir chegar a tempo. Foi então que paramos e vimos o tornado se formando e vindo bem na nossa direção.

Não vamos conseguir - ela se desespera - estamos no olho do furacão...vamos morrer - diz com medo

Nem pensar. Hoje não é dia de morrer - digo olhando ao redor - vamos sobreviver porque temos pessoas esperando por nossa...confia em mim - pego na mão dela 

Ao ver um carro abandonado, eu tive uma ideia e sai puxando Andrea comigo. Quebrei o vidro do motorista e consegui abrir a porta, entrei e fui para o banco de trás e mandei ela entrar e fechar a porta. Eu me abaixei o máximo possível e Andrea fez o mesmo. E foi então que depois de tanto tempo eu rezei pela primeira vez.

Deus por favor, sei que sou falha, sei que deixei de acreditar no Senhor, mas tenha misericórdia de nós. Ajude-nos a sair vivas e voltar para as pessoas que amamos

Amém - Andrea respondeu

E então ficamos em silêncio, eu fechei os olhos e imaginei apenas eu, Arizona e Sofia, juntas, abraçadas de novo. Segundos depois apenas ouviu o barulho do tornado, era muito forte, a ventania por toda a parte e então sentimos o impacto no carro. Meu corpo se bateu para todos os lados porque ele começou a flutuar pelo tornado até ser jogado longe e então tentei abrir os olhos mas tudo ficou preto.

{...}

Arizona

Depois daquela alarme que nos deixou todos com medos, Daryl achou um abrigo subterrânea aqui na estação de bombeiros, pegamos cobertores que achamos e descemos todos para nos proteger. É claro que eu tentei sair para ir atrás de Callie e minha irmã, não conseguia imagina-las sozinhas lá fora correndo perigo desse tornado mas Daryl e Alex me impediu, me fez abrir os olhos que seria muito pior mais uma pessoa lá fora, para se perder e que Callie havia me pedido para cuidar de Sofia, que aliás começou a chorar pedindo pela mãe. Iam parte de mim queria sair correndo sem se importar com nada, só queria encontrar a mulher que eu amo mas o outro lado precisava abraçar Sofia e protegê-la. Então quando estávamos todos juntos, nesse lugar subterrâneo, ficamos todos abaixados e abraçando uns aos outros, a espera disso passar o quanto antes. Eu queria acreditar que as duas acharam um abrigo e estariam bem, que quando isso passasse elas voltaria e sairíamos dali juntos como sempre.

Minha mãe vai voltar né tia? - Sofia olhou para mim com os olhos vermelhos de chorar

Ela vai meu amor - sorri

Promete?

Prometo - beijei sua cabeça e a abracei, prendendo-a contra meu peito

Eu sabia que não podia prometer algo que eu não tinha controle, mas eu precisava acreditar nisso tanto quanto ela. Eu não queria nem pensar se algo acontecesse com Callie ou com minha irmã, não queria viver se não as tivesse comigo.

Então sentimos a força daquele tornado contra o prédio, eu consegui ouvir o barulho das janelas quebrando, mas meus olhos estavam fechados, o medo exalava por meus poros enquanto eu apertava mais Sofia contra mim e torcendo que todos estivesse bem. Foram os segundos mais longos da minha vida, no qual realmente duvidei se sairia viva, mas então o tornado passou, ficando apenas o silêncio e nossas incertezas. O que encontraríamos quando saísse dali?

Sabe aquele ditado, antes da calmeria sempre vem uma tormenta? Acho que assim que fala haha pois bem...para chegar ao final feliz, elas vão ter que passar por essa turbulência. Será que Callie e Andrea vão conseguir voltar para seu grupo?

Lovely - 𝑪𝒂𝒍𝒛𝒐𝒏𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora