CAPÍTULO 1 - Tentando sobreviver

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"Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar nenhum por perto."

Calliope

Havia passado quase um mês desde o ocorrido no hospital e desde então nada mais foi o mesmo. Era como se Seattle tivesse se tornado uma cidade fantasma, estava destruída e a única coisa que vagava pelas ruas eram os morto vivos.

Naquele dia depois de conseguirmos fugir do hospital, fomos para minha casa e pegamos Sofia, arrumei algumas mochilas enquanto Mer e Addie foram para suas casas fazerem as delas, íamos sair da cidade procurar algum lugar seguro mas quando chegamos na rodovia estava tudo parado e pior, militares atirando para todo o lado, tivemos que sair do carro a pé e encontrar um lugar seguro. Tentei falar com George meu marido, que havia ido em uma conferência em Nova York mas os telefones pareciam não estar funcionando, sem sinal. Meu coração estava perdido só de pensar que pudesse acontecer algo ele mas preferi manter minhas esperanças. Porém desde então não tive notícias, não sei nada sobre ele. Soube que existe um acampamento militar mais a fora da cidade para sobreviventes mas ainda não conseguimos chegar lá, porque primeiro precisamos passar por essas coisas comedoras de carne.

Shiu não façam barulho - eu disse agachada atrás do carro com uma madeira na mão

Droga, é essa mulher aqui, que está sempre reclamando de alguma coisa - disse a ruiva que segurava firme a mão da minha filha de apenas quatro anos

Mama - ela chamou com medo

Filha silêncio por favor - eu pedi olhando em seus olhinhos amendoados

Não havia sido fácil explicar para ela que o mundo estava diferente agora e que precisávamos nos adaptar, falar baixo, sempre andar se escondendo e coisas do tipo. Tentei fazer parecer uma brincadeira, algo divertido, mas a dias que já não era diversão para ela. Estávamos com fome e precisávamos entrar no mercado que eu tinha avistado só que havia vários daqueles mortos "zanzando" por perto, não sabia como fazer aquilo sem nós colocar em perigo.

Fominha - ela disse baixo com lágrimas nós olhos

Ei pequena, logo vamos comer ok? - Mer disse carinhosamente e minha filha assentiu para meu alívio

Desde então tem sido apenas nos quatro, tentando sobreviver enquanto tínhamos perdidos pessoas que amávamos e outras que não sabíamos nada sobre. Com certeza não era aquilo que eu queria para minha vida e nem da minha filha.

{...}

Arizona

Eu estava andando sozinha, me sentia como um zumbi, a dias que não conseguia dormir direito e muito menos comer. Afinal quem conseguiria pregar os olhos quando havia comedores lá fora. Eu estava escondida em uma sala do aeroporto. Só de lembrar o que havia acontecido naquele dia eu me tremia de medo, parecia que eu estava em um filme de terror. Pessoas conseguiram quebrar as portas de vidro do aeroporto e entraram, começaram a saquear tudo, pisaram uma nas outras enquanto aquelas coisas entravam também e devoravam quem viam pela frente. Aquele segurança que me ajudou a correr dali, ele me colocou dentro dessa sala, me trancou aqui e desde então eu não consegui sair e nem sei se eu quero. A minha sorte que aqui era um armazém de uma das lojas e havia algumas garrafas de água, suco e vários tipos de salgadinhos e bolachas e apenas por isso eu sobrevivi, enquanto fazia minhas necessidades dentro de um balde. Esse lugar está fedendo e eu sei que preciso sair mas eu não sei o que tem lá fora, nem sei quando dias se passaram desde que estou aqui. Meu celular não funciona porque a bateria acabou faz tempo, nem sei se minha irmã está bem. Eu sei que tenho que criar coragem e sair daqui, preciso encontrá-la mas como?

Lovely - 𝑪𝒂𝒍𝒛𝒐𝒏𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora