Três dias.
Esse era o número de dias que Harry Styles estava internado naquele hospital.
Também era o número de dias que Anne chorava como criança nos braços de Gemma, pensando em quanto amava seu filho, no quanto ele não podia deixá-la, e em como ele deveria ficar bom logo.
Três dias, também, onde Luna só sabia pensar que ela nunca havia sentido tamanho desespero na vida. Nem quando seus pais abandonaram ela e sua irmã, nem quando Letty quase morreu com a gripe tão forte que pegou por ficar na chuva, quando foram deixadas na porta de um estranho qualquer.
Isso não era nada comparado àquilo. O medo de perder Harry era algo tão imenso que parecia pesar em cima de todo seu corpo, a empurrando para baixo como uma nuvem de chumbo, densa e pesada.
O tempo de recuperação dos olhos de Harry já havia passado, mas eles precisavam que Harry acordasse para que tivessem certeza que a cirurgia tinha funcionado. Caso contrário, se ele não acordasse e a cirurgia tivesse dado errado, ele poderia morrer antes mesmo de ter a chance de corrigir a falha.
— Com licença — um médico alto e grisalho que havia assumido a situação de Harry se aproximou, acenando com a cabeça respeitosamente. — Família de Harry Styles?
Luna, Anne e Gemma se levantaram num pulo, prontas para ouvir o que o médico tinha a dizer, fosse o que fosse.
— Sim. Como ele está? — Gemma falou primeiro, segurando a mão de sua mãe.
— Nós paramos com a medicação, mas ele ainda não acordou — ele pressionou os lábios numa linha reta. — Vocês podem entrar para vê-lo, se assim quiserem. Ele pode acordar a qualquer momento agora. Senhora Anne, posso ter uma palavra com a senhora, por favor?
Anne assentiu, se afastando com o médico, e Gemma e Luna foram até o quarto o mais rápido que puderam. E ver Harry naquela cama de hospital, tomando soro na veia, completamente pálido e adormecido enviava arrepios pelo corpo de Luna. Ele parecia tão... sem vida.
O bip contínuo do monitor cardíaco era a única certeza de que Harry estava vivo, e por enquanto Luna se agarraria àquilo. As meninas se aproximaram da cama, cada uma de um lado, e a primeira coisa que Luna fez foi agarrar a mão fria de Harry, esperando que, de alguma forma, alguma força fosse transmitida à ele através de seu toque.
— Harry? — ela murmurou, já sentindo vontade de chorar. Nada. Nenhum leve movimento dos dedos, nada. A única coisa se movendo era sua caixa torácica, para cima e para baixo, numa respiração calma e compassada.
Depois de vários minutos, Anne ainda não tinha entrado na sala, o que deixou as duas preocupadas.
— Eu vou lá ver o que é — Gemma murmurou, saindo do quarto e deixando Luna a sós com Harry.
Ela suspirou.
— Você consegue me ouvir? — Luna perguntou baixo, acariciando a mão dele. — Eu não ligo, vou acabar falando mesmo assim — ela riu um pouco, trazendo a mão dele para perto de seu rosto. — Harry, lembra aquela vez que você me perguntou como seria um mundo sem Harry Styles? — o bip contínuo da máquina preencheu o silêncio. — E eu te disse que seria um mundo no qual eu não poderia viver, não foi? Bem, eu nunca havia falado tão sério como naquele momento. Nós precisamos de você, Harry. Precisamos que você acorde para que eles chequem sua visão e seu coração, mas também precisamos que você acorde porque te amamos. Você é tudo para nós, Harry. Nós te amamos, eu te amo. Por favor, por favor, Harry, faça isso por nós. Por mim.
Nada.
— Moça? Eu vou ter que pedir que você saia, o tempo aqui já acabou — uma enfermeira pediu educadamente.
— Mas eu só fiquei aqui por dez minutos — Luna murmurou, ainda segurando a mão de Harry. — Eu posso ficar só mais cinco minutos? Por favor — ela pediu, com os olhos cheios de lágrimas. Tudo o que ela queria era estar com Harry, mesmo ele estando desacordado.
— Eu não sei se posso...
— Por favor! — ela implorou, com olhos suplicantes. — Ele precisa de mim, e eu, eu preciso dele, eu não sei- eu não sei o que fazer se ele... caso ele...
E então algo aconteceu. A mão de Harry apertou a de Luna, fazendo com que toda a sua atenção fosse atraída para ele.
— Infelizmente não posso — a enfermeira negou, balançando a cabeça, mas a atenção de Luna já não estava mais nela.
— Harry? — Luna chamou, segurando a mão dele entre as suas.
Harry? Ele podia ouvir a voz dela ao longe, e se perguntava o porquê de parecer estar embaixo d'água. Luna? Ele queria chamar, eu tive um sonho tão estranho!
Mas seu corpo não obedecia seus comandos, só permanecia lá, estático. Ele queria abrir os olhos, segurar a mão dela, sorrir para ela e dizer que tudo estava bem. Mas não, seu corpo estava sendo teimoso, se limitando apenas a um fraco aperto dos dedos.
Mas então ele abriu os olhos e, pela primeira vez em anos, não viu escuridão. O que ele viu foi uma claridade embaçada, um teto acinzentado e sem nenhum enfoque. Mesmo com a claridade parecendo demais para ele, Harry não queria fechar os olhos, não. Ele queria ver.
Harry estava enxergando, pela primeira vez em anos. Sua respiração se acelerou, enquanto ele tentava focar seus olhos em alguma coisa.
Então ele a viu.
Mesmo com a vista levemente embaçada, ele a viu. Uma nuvem de cabelos pretos e cacheados contornando um rosto anguloso e lindo. Olhos verdes claros com um toque de mel o olhavam cheios de expectativa, completamente emocionados, e ele apenas amou aquela garota à sua frente, que era exatamente da forma como ele havia traçado no início.
Então ela sorriu, trazendo luz àquele quarto inteiro.
Harry resfolegou em busca de ar, apertando a mão que segurava a sua, antes de falar a única palavra que sondava sua mente:
— Luna?
THE END.
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.E aqui chegamos a mais um final, e eu quero agradecer a todos vocês que chegaram até aqui. Espero que tenham amado essa história tanto quanto eu, e peço desculpas se esse não foi o final que vocês queriam ou imaginavam.
Enfim, eu só quero deixar claro que eu sou muito grata a cada um de vocês por todo o apoio. Amo vocês, e espero ver todos em breve, até logo!
♥️
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Good Years || Harry Styles
Fanfiction"- Como seria um mundo sem Harry Styles? - Como seria um mundo sem Harry Styles? - ela ponderou, refletindo sua pergunta. Ela pegou sua mão na dela e levou até sua bochecha, carinhosamente. - Definitivamente, seria um mundo onde eu não poderia viver...