Prólogo

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— Não quero levantar, bebê — Miranda fez biquinho, me dando aquele olhar de cãozinho abandonado.

— Bem... então não levante — passei meu indicador pela bochecha dela, observando seus traços perfeitos. O que eu mais sempre gostei de fazer era observar as coisas. Ela, principalmente. 

— Mas eu estou atrasada, e ainda preciso tomar café — ela fez manha. — E se alguém sonhar que estamos saindo juntos, nossas carreiras já eram.

Bufei.

— Tá legal então. Na cozinha tem café, e todo o resto. Eu vou tomar banho, te vejo daqui a alguns minutos — beijei a bochecha dela e fui para o banheiro.

Depois de um banho quente, limpei o vapor do espelho e encarei meu rosto. Observei meus cabelos, meu nariz, meu queixo, meus olhos verdes, com algumas olheiras debaixo dos olhos. Respirei fundo. Eu só queria fazer música em paz.

A vida seria muito mais fácil se a Modest e o Simon não vivessem no meu pé. No nosso pé, aliás. Os garotos também sofrem com isso, infelizmente. 

Eu sei que às vezes sou um pouco idiota com eles e acabo parecendo egoísta, mas eu desejo e sempre desejei o melhor pra eles. Se eu pudesse, eu pegaria toda essa tensão que eles têm sentido e jogaria fora. Ou então levaria sozinho, se eu não pudesse dar um jeito de me livrar disso tudo. Eles são como irmãos pra mim: mesmo brigando de vez em quando, continuamos nos amando independente de qualquer coisa. Pelo menos eu sim, e gosto de pensar que eles também. 

Me vesti depois de me secar. Ouvi Miranda cantarolar na cozinha e sorri, ajeitando minha bandana, enquanto entrava na cozinha.

— Oi, meu bebê — eu disse, sorrindo, vendo ela se esticar para pegar algo na prateleira de cima do armário.

Ela se assustou e deu um pulinho, me fazendo rir enquanto eu me aproximava devagar.

— Harry! — ela brigou e eu ri. — Isso não se faz! Imagina se eu...

Quando eu vi a embalagem caindo, eu tirei Miranda do caminho, sentindo a embalagem bater e encharcar minha cabeça. E então, meus olhos começaram a queimar.

Acordei ofegante, me sentindo úmido, e me inclinei para acender a lâmpada do abajur. Estava escuro demais.

Então eu me lembrei, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto: aquela seria uma escuridão da qual eu nunca me livraria.

Good Years || Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora