6

858 87 28
                                    

Evan

A tarde com o pai da Taissa foi até razoavelmente divertida. O único problema ali era mesmo o James. Não tinha ido muito a cara dele quando o conheci, talvez pela grande cumplicidade que ele tinha com a Taissa. Até certo ponto era normal eu preocupar-me com isso, porque apesar de tudo íamos casar e ela não podia apaixonar-se por outra pessoa e estragar tudo. Ou podia. Claro que podia. Se calhar ela era apaixonada por ele e estava apenas presa a mim pela proposta.

Pensar nas coisas dessa maneira deixava-me um tanto abatido. Sentia um pequeno vazio no peito. Vazio esse que eu tentava a todo o custo colocar completamente de lado. Não podia apaixonar-me. Nunca o fiz, e era melhor continuar assim para evitar mágoas.

Os meus pensamentos estavam fixos nisso enquanto caminhávamos para casa. Apesar de tudo, tinha gostado de estar com o senhor Anthony. Senti-me confortável. Fomos até um café que pertencia ao clube de pesca. No início não gostei muito da ideia porque aquilo estava cheio de gente pobre, mas depois acho que me habituei ao ambiente. Jogamos bilhar e estivemos a conversar. Depois eles aproveitaram o facto de a temperatura ter subido ligeiramente naquela tarde para me ensinarem a pescar.

– Hey, meu! – Quase rolei os olhos ao ouvir o James. – Está tudo bem?

– Claro. Porque não haveria de estar?

– Isto é um pouco diferente de Nova Yorque, não é? – Queria muito rolar os olhos, mas controlei esse impulso. Porque raios estava ele a puxar conversa comigo? Que merda!

– Um pouco. – Concordei, seco. – Já lá estiveste?

– Uma vez só, mas foi só de passagem.

Avistei o pai da Taissa ao longe, a arrumar as canas de pesca no carro. Aproveitei para matar a minha curiosidade quanto a um aspeto.

– Tu e a Taissa são muito próximos. – Comentei e ele sorriu.

– Eu conheço-a desde que me lembro. Ela sempre foi um grande apoio para mim, sinto muito a falta dela por cá.

– Mas vocês foram namorados ou ago do género?

– Não! – Ele riu, e eu por momentos achei que tinha feito uma pergunta idiota. – Mas tens muita sorte. Ela é a melhor pessoa que eu conheço.

– Eu sei. Ela é incrível. – Concordei, e desta vez fui sincero. Ela sempre foi muito competente no trabalho que fazia. Às vezes observava-a a falar com os colegas de trabalho e admirava a sua gentileza. Eu era completamente o seu oposto nesse aspeto. Quanto mais longe as pessoas estivessem de mim, melhor. No entanto, naquele momento, eu desejava a presença dela. Com ela ao meu lado eu podia esquecer tudo e relaxar.

– Só te peço que não a magoes. – Parei ao seu lado, engolindo em seco. – A Taissa é como uma irmã para mim. Eu amo-a. E ia ficar muito chateado contigo se fizesses algo que a deixasse mal. – Ele ameaçou.

Ouvir aquilo quebrou-me ainda mais por dentro. Eu já a estava a magoar. Magoei-a durante todo o tempo em que trabalhamos juntos. Estava a magoa-la ao obriga-la a ficar lado de alguém como eu. Estava a fazer com que a mentira a destruísse por dentro. Estava a tirar-lhe a oportunidade de talvez conhecer alguém que fosse bom. Ninguém me podia amar a mim, mas ela parecia ser amada por toda a gente. Ela merecia ser amada por toda a gente.

          
Taissa

Odiava compras. Ainda por cima quando toda a gente me conhecia por ser um bairro pequeno. Isto implicava que eu tinha que cumprimentar toda a gente com beijinhos e abraços. Fiquei muito feliz por rever toda a gente, mas muito cansada também.

Logo que cheguei a casa, subi para tomar um banho, deixando a minha mãe e a minha avó a conversarem na sala.

Deixei que a água quente me relaxasse, mantendo a cabeça livre de pensamentos que me deixassem mais nervosa ou triste. No entanto, ao reparar que não tinha levado comigo a roupa para me trocar, a tensão apoderou-se novamente do meu corpo e eu rezei para que o Evan ainda não tivesse chegado. Não queria que ele me visse em toalha apenas.

Sempre fui muito reservada quanto ao meu corpo, escondendo-o dentro de roupas largas e confortáveis. Não me achava nada atraente, e por isso não queria que ele me visse. Tinha vergonha.

Corri para o quarto e festejei mentalmente ao ver que ele não estava. Sequei-me rapidamente e vesti a minha roupa interior. Estava prestes a vestir a minha camisola quando a porta se abriu, revelando o Evan.

Ele olhou-me seriamente, percorrendo o meu corpo com o olhar. Eu rapidamente me tapei com uma manta que tinha em cima da cama. Ele ficou parado a olhar para mim durante alguns segundos e rapidamente saiu novamente, fechando a porta atrás de si.

Senti as minhas bochechas arderem e rapidamente me vesti. Não sabia com que cara haveria de olhar para ele depois daquilo. Ele devia achar-me ainda menos atraente agora, depois de ter visto o meu corpo. Isso entristeceu-me bastante.

– Posso entrar já? – Ele perguntou e eu tossi, clareando a voz, antes de lhe responder afirmativamente.

Virei-me para a janela de modo a evitar contacto visual, mas rapidamente senti a sua presença atrás de mim, o que me arrepiou.

– Podias ter batido. É o que se costuma fazer. – Falei, mostrando que tinha ficado chateada com o sucedido.

– Este tecnicamente é o meu quarto também. – Ele murmurou. – Mas tens razão. – Acrescentou depois, deixando-me surpreendida.

Virei-me para ele, e assustei-me pela sua proximidade. Estávamos muito próximos um do outro. Perigosamente próximos. As minhas mãos começaram a suar de nervosismo quando o seu nariz roçou levemente no meu.

– Idiota... - Murmurei, fechando os olhos, e ouvi o seu riso irónico.

Senti o seu hálito quente nos meus lábios e comecei a ansiar novamente pelo seu toque. Precisava dele.

– Meninos! – Ao ouvir a voz da minha mãe, separamo-nos imediatamente. – Oh! Desculpem interromper! Vinha só perguntar se o Evan gosta de Peixe para começar a fazer o jantar.

Não lhe consegui responder. Ainda estava demasiado acelerada. E irritada, porque o queria ter beijado.

............................................................
NA: Hello!! Hoje estou inspirada para escrever, então talvez publique mais um ou dois capítulos! Que acham? 🤔
Estão a gostar da história?

A Proposta - Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora