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Taissa

– Avó! – Gritei.
   
Corremos rapidamente para ela. O James segurou-a nos seus braços. As pessoas ao nosso redor exclamavam de horror, mas eu apenas as ouvia como barulho de fundo. Ver que a minha avó estava a morrer por minha culpa deixou-me em estado de choque. Eu só queria poder voltar atrás no tempo e mudar as coisas.

– Avó! – Exclamei, acarinhando a sua face. – Respira, avó. Por favor. Eu amo-te tanto…

– Mãe! – O meu pai exclamava também, ao meu lado.

– Por favor, preciso de espaço! – Pediu o James. – O hospital é perto, e eu sou médico. Penso que o melhor a fazer é irmos já para o hospital no meu carro. Ela terá na mesma suporte de vida, e chegaremos mais rápido. Vamos!

As minhas pernas ficaram paralisadas, mas rapidamente corri para ajudar a levar a minha avó para o carro.

A minha mãe saltou para o volante, o meu pai para o seu lado e eu fui com a minha avó, que gemia de dor e se agarrava ao peito, e com o James atrás.

Só conseguia chorar compulsivamente e agarrar a mão da minha avó, enquanto o James media a sua pulsação e fazia massagem cardíaca.

– Desculpa, avó… - Murmurei, beijando-lhe a mão.

– Se alguma coisa acontecer, Taissa. – O meu pai virou-se para trás, olhando-me diretamente nos olhos. – Fica sabendo que a culpa é somente tua.

– Anthony… - A minha mãe chamou a atenção. – Agora não é altura para isso.

– Não. Ela tem que saber. – Ele disse, fitando-me novamente.

– Achas que eu não sei disso? – Ralhei – Achas? Achas que eu queria isto?

– Diz-me tu. És uma adulta. Tudo isto é culpa tua, sua inconsciente. – Vociferou ele.

– Anthony! – Espantei-me quando ouvi a minha avó berrar. Ela ainda se agarrava ao peito, mas fazia força para falar. – Para com isso. Pelo amor de Deus. – Ela apertou-me a mão. – Promete-me que a vais perdoar. Ela não tem culpa, e vocês são uma família tão unida... Não deixem que isto estrague isso. Por favor. – Ela suspirou. – Promete, Anthony.

– Eu prometo, mãe.

– Agora já posso morrer descansada. – A minha avó suspirou, deixando-se cair no banco.

– Avó! – Chamei e comecei a tentar acordá-la. O James continuou a medir a tentar medir a pulsação e a pedir-me espaço.

Para meu espanto, a minha avó abriu os olhos e endireitou-se no banco como se nada fosse.

– Acho que ainda não está na minha hora. – Disse, sorrindo relaxada. – Vera, querida, vamos antes para o aeroporto!

– Avó! -  Ralhei, aliviada. – Eu não acredito! Tu fingiste um ataque cardíaco!

O meu pai olhava para ela, igualmente espantado. O James riu, e eu soquei-o no ombro.

– Mãe! – Ralhou o meu pai, e a minha mãe riu ao volante.

– Desculpem! Era a única maneira de conseguirmos sair de lá rapidamente! Estava toda a gente à nossa volta! – A minha avó desculpou-se, rindo. – Obrigada, James!

– James, vamos ter uma bela conversa quando isto tudo acabar. – Ameacei.

– Eu não resisti ao pedido da Mary! E ela tem razão! Temos que te levar rapidamente ao aeroporto.

Sorri, olhando pela janela. Mordi o lábio, desejando que ele ainda estivesse no aeroporto. Não o podia deixar ir sem lhe dizer que também o amava.

– Aeroporto? – Interrogou o meu pai.

– Claro! – Exclamou a minha avó. – Para que a nossa menina possa dizer ao Evan que também o ama antes que ele desapareça!

– Como é que – O meu pai começou, mas a minha mãe interrompeu-o rapidamente para se explicar por mim.

– Se ele não a amasse, não teria ido embora e desistido do casamento.

– Eu sou o único que não percebe nada disso? – O meu pai parecia confuso e eu apenas ri.

    Evan

Estávamos ainda dentro do avião, a fazer horas para a descolagem. Os meus pensamentos pertenciam exclusivamente à Taissa. Estaria ela bem? Feliz por poder amar quem quisesse?

Suspirei. Tinha-lhe deixado um bilhete, onde admitia os meus sentimentos por ela. Nunca fora bom nisso. O medo da rejeição falava sempre mais alto.

– E agora?

– Agora que vai partir voluntariamente as coisas vão ser muito civilizadas. Depois de aterramos em Nova Iorque tem 24 horas para arrumar as suas coisas e para voltar para o Canadá.

Não lhe respondi, e olhei para a janela. Seria melhor assim.

– Eu avisei que não valia a pena mentir, senhor Peters. Teria sido mais fácil se tivessem desistido de tudo em Nova Iorque. Eu sou um grande detetive. Descubro sempre tudo. – Gabou-se.

Tudo o que eu queria era socá-lo fortemente e correr para trás em direção à Taissa. Talvez ela também me amasse.

    Taissa

Fiquei ainda mais nervosa quando vi o aeroporto ao longe.

– Calma, minha querida! – Disse a minha avó, apertando as minhas mãos nas dela. – Respira fundo. – O carro parou. – Agora corre o mais rápido que puderes e vai buscar o teu homem!

Sorri-lhe, confiante, e beijei-lhe as bochechas, agradecendo-lhe por tudo. Depois, disparei numa correria louca pelo aeroporto fora.

As pessoas olhavam-me como se eu fosse uma louca. Entendia perfeitamente. Não era todos os dias que se via uma rapariga vestida de noiva a correr desesperadamente no aeroporto.

Estava cada vez mais ofegante e nervosa.

Os meus desejos de chegar até ele e de me declarar também foram por água abaixo quando ouvi o aviso de que o voo para Nova Iorque já se encontrava a descolar. Parei de correr e senti que o meu coração queria parar.

O meu pai abraçou-me, e eu encolhi-me nos seus braços.

– Desculpa, querida. – Desculpou-se. – Eu não sabia o que sentias por ele.

– Calma, Taissa. – O James acariciou-me as costas. – Ele tem 24 horas ainda em Nova Iorque. Pode ser que chegues lá a tempo.
   

A Proposta - Evan PetersOnde histórias criam vida. Descubra agora