-Ali, psiu... Aliii... Acorda! Alison, acorda... Anda!
Abro os olhos, sonolenta demais para me levantar.
-Alison, é sério, acorda!
Sentido meu corpo balançar, pergunto:
-Ai! O que foi? Já falei para não me acordar durante a madrugada! Principalmente me balançando!
Duda, minha irmã mais nova, tinha apenas sete anos. Uma fofa, porém muito medrosa. Toda noite em que ela sonha com alguma coisa, vai para minha cama e acaba sobrando para mim.
-O que foi desta vez? – Indago, ainda tentando acordar.
-Eu sonhei com uma aranha! Foi horrível, ela era peluda!
-Vem cá, deita aqui. - Digo, comovida pelas lágrimas inocentes de Duda.
Arredo para o canto da cama e ajeito seu travesseiro. Ela deita rapidamente ao meu lado, como se eu pudesse mudar de ideia caso demorasse um segundo a mais. Quando essas crises acontecem, é quase impossível se desgrudar dela.
-Estou com sono. – Anunciou com sua voz angelical.
-Eu sei... Eu sei. Vamos fechar os olhos e dormir- Beijo seus cabelos volumosos, e volto a dormir tranquilamente.
PI PI PI PI PI....
Desligo o despertador vencendo a vontade de jogá-lo na parede. Levanto-me e reparo que Duda não está mais na cama.
-Caramba! Que menina elétrica! Já até desceu para o café!
Confiro minha aparência no espelho. Tudo certo. Vou ao meu closet e visto uma calça jeans e uma blusa básica azul escura. Calço o meu tênis, apanho meu casaco branco da cadeira, e desço para o andar de baixo. Estava faminta.
Procuro meus pais. Nada. A única coisa que encontro é um bilhete em um bloco de notas autoadesivas. Desde que ensinei minha mãe a usar esses bloquinhos, ela ficou fascinada e nunca mais parou.
Filha, eu e seu pai levamos a Duda para o Hospital. Ela não estava passando muito bem. Vomitou algumas vezes e agora está tomando soro. Faça tudo direitinho e não se esqueça do seu lanche! Está em um pote azul dentro da geladeira.
Beijinhos
Descarto o bilhete me perguntando o que poderia ter acontecido com Duda, que aparentava estar bem noite passada.
Abro o armário da dispensa, e aproveito que minha mãe não está em casa para comer cereal de chocolate com leite. Ela é extremamente rigorosa com a alimentação. Lembro de uma vez dela dando um discurso para o dono de um supermercado, dizendo que todos deviam ter uma vida saudável e que os preços de alimentos integrais deviam ser mais baratos. Assim, as pessoas de baixa renda também poderiam ter acesso a uma alimentação balanceada e rica em nutrientes. Não tiro sua razão.
Acabo o cereal e vou até a geladeira em busca do pote azul que deveria conter meu lanche. Só havia um potinho lilás, abro e torço o nariz. Bisnaguinha integral com peito de peru, teria que servir. Aproveito para pegar também uma garrafa d'agua. Guardo tudo apressadamente na mochila e corro para ir ao ponto do meu escolar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Duas Garotas e um Hospício
ParanormalAlison é apenas uma adolescente comum, quando seus pais estão ausentes, ela decide ministrar uma sessão de Ouija sozinha. A partir deste ponto, um rosto passa a perturbá-la constantemente. Será que Ali conseguirá convencer a todos de que não está l...