Capítulo 2

160 31 111
                                    

Cheguei em casa extremamente cansada. A aula foi entediante como sempre. Estava me sentindo sozinha. Procuro por Duda e não a encontro, nem aos meus pais. Pego meu celular na mochila a fim de ligar para eles, quando percebo que já haviam me mandado uma mensagem.

"Filha teremos que passar a noite aqui no hospital. Duda pegou uma virose e precisa ser mantida sob observação, nada demais."

Arrasto a tela para visualizar a segunda mensagem.

"Pode pedir uma pizza! Não quero que mexa com fogo".

Respondo a mensagem acalmando minha mãe sobre não mexer com fogo e desejando melhoras para Duda.

Senti-me aliviada pela minha irmã. Não sei por que, mas de alguma forma estava me culpando pelo o que lhe aconteceu, por não ter notado antes. Peço uma pizza de calabresa pequena acompanhada de um refrigerante diet.

Uma ideia me ocorreu. Subi ansiosa para o meu quarto e abri o fundo falso do meu closet pegando com dificuldade o grande tabuleiro Ouija. Finalmente poderia jogar sem preocupações.

Posicionei o tabuleiro no meio do quarto, sentei-me a sua frente. Coloquei meus dedos no ponteiro e inspirando fundo, dei início á sessão.

-Sentiu minha falta?

O ponteiro percorre o tabuleiro aleatoriamente até parar no "SIM". Sorrio.

-Preciso desabafar, mas quero uma pessoa que me entenda.

Paro para pensar. O quê eu estava prestes a fazer era contra as regras do jogo, mas eu já estava tão familiarizada com o tabuleiro. Talvez não faça mal.

- Você poderia se manifestar em vida?

Meu coração acelerou. Neste momento, o ponteiro corria freneticamente, marcando as letras, formando:

M-E-A-G-U-A-R-D-E

Inesperadamente a companhia toca. Com um susto olho para baixo. O ponteiro estava fora do tabuleiro.

-Não, não... Droga! – Repito várias vezes enquanto desesperadamente tentava assumir o controle da situação. As mãos trêmulas não ajudavam muito.

O cômodo de repente fica frio e me arrepio toda. Uma voz sinistra fala em um sopro:

-Amanhã às três.

Não tenho nem tempo de responder ou perguntar nada. O ponteiro desliza quase que de imediato para o "ATÉ MAIS".

Com a permissão de sair da sessão, desço até o primeiro andar para atender a porta.

-Está tudo bem moça? Parece que viu um fantasma. - Pergunta o entregador enquanto me entrega a pizza e o refri.

Balanço a cabeça, distraidamente, enquanto pago pela entrega e me dirijo de volta à cozinha. Deliciando-me com a refeição ponho-me a refletir sobre os eventos que acabaram de acontecer.

Sem querer deixei o ponteiro sair do tabuleiro, isso não é nada bom, em termos espirituais o espirito pode conseguir influenciar no plano vivo. E caso isso ocorra, você pode estar em perigo. A voz misteriosa dizia três da manhã, estranho.

Uma sonolência crescente tomou conta de mim, me impedindo de raciocinar. Larguei o copo que estava segurando sobre a pia, me debrucei na bancada a fim de me equilibrar. Não demorou muito até que eu fosse de encontro ao chão.

Duas Garotas e um HospícioOnde histórias criam vida. Descubra agora