O vento batia frio nos cabelos negros de Dracu. Ele havia deixado o cabelo crescer novamente, como era antigamente, seu olhar sério observava a vista da cidadezinha de Bran, coberta pelo manto branco da neve.
Ele respirou fundo e levou a xícara de café até seus lábios, bebeu devagar um gole do líquido e sorriu fraquinho ainda olhando a vista. Ele agora havia comprado uma casa, não muito chamativa, era mais como um chalé no meio das pequenas colinas, a chaminé da casa soltava a fumaça da lareira e era muito aconchegante. Dracu não havia experimentado ainda a vida simples, mas já havia gostado do sossego que isso trazia.Seus olhos correram pelo lugar e se voltaram para a porta da varanda, Rosemarie estava encostada na mesma sorrindo enquanto o olhava.
- Mil anos... E você continua atraente como sempre foi - Sussurrou ela sorrindo - E se destacando em meio a toda essa neve - Completou ela sorrindo indo na direção dele.
- Imagine... - Balbuciou ele sorrindo e deixou a xícara de lado.
- O que? Ainda continua sim, ainda me lembro das capas vermelhas e pretas, das roupas... E as botas? Você definitivamente era um vaidoso - Brincou ela sorrindo.
- Isso é jeito de falar do seu rei? - Indagou ele abraçando a mesma pela cintura e beijou seus lábios com calma.
- Meu rei... - Sussurrou ela o olhando e acariciou-lhe o rosto.
- sim? - Sussurrou ele calmamente.
- Ainda precisamos nos livrar de uma coisa - Indagou ela o olhando e ele assentiu.
- Vamos fazer isso agora mesmo. - Concordou ele.
Os dois se trocaram e desceram as pequenas e rústicas escadas do chalé, sobre a lareira estava a espada. Dracu pegou a mesma devagar pela bainha sem encostar sequer um dedo na lâmina ou no cabo e guardou com ele.
- Vamos... - Disse ele para Rose e os dois saíram da casa devagar.
A cidade não ficava muito longe da casa deles, e Dracu preferiu ir andando ao lado de Rose para aproveitar o clima. Enquanto iam para a cidade os dois conversaram e riram juntos, nem parecia que mil anos haviam se passado.
Quando chegaram na cidade Dracu caminhou até a igreja e parou na porta, respirou fundo e bateu devagar na mesma. Não demorou muitos minutos o padre local saiu para fora e os recebeu.
- em que posso ajudá-la? - começou o padre.
- Padre... Isso aqui é uma relíquia, foi benzida a mais de mil anos pelo padre Johan Bartolomeu - Respondeu Dracu - Acredito que ela deva permanecer aí dentro - Ele mostrou a espada ao padre.
- Oh céus, já ouvi falar. Será uma honra tê-la aqui conosco... Quer que eu coloque? - Perguntou o padre
Dracu olhou a cruz no topo da igreja e voltou seu olhar a Rose, ela sorriu e acaricou o braço dele.
- Peça permissão meu amor - Sussurrou ela.
O padre pareceu confuso, mas logo Dracu explicou o mais razoável possível.
- Eu gostaria de devolvê-la padre, eu mesmo... Mas não posso entrar sem que me convide, a muito minha família foi escomungada da igreja e desde então vivo com a culpa de algo que não fiz - Mentiu Dracu, afinal ele não iria contar ao padre que ele era um vampiro de mil anos.
- Oh céus... Neste caso meu filho - o padre deu uma leve pausa e sorriu - Você pode entrar e é muito bem vindo aqui na casa de Deus - Indagou o padre.
Dracu sorriu e concordou, ele logo entrou na igreja e respirou fundo, olhou Rose que veio logo atrás dele.
- Vai lá... - disse ela apontando o altar.
Dracu caminhou pelos corredores da igreja e parou de frente a um altar, ele colocou uma luva de couro e lentamente ele retirou a espada da bainha, se ajoelhou e colocou a espada no altar, ele fechou os olhos e levou a mão no peito devagar.
- eu nunca fui religioso e sempre ignorei as forças divinas... Eu matei e fui cruel com pessoas inocentes, Eu disse coisas das quais me arrependo, minhas ações custaram as vidas de quem amo e de quem amei... Eu não peço que me perdoe, pois nem sei se ainda alcanço o perdão, mas peço que somente por uma vez... Permita-me sentir felicidade por mais tempo - Dracu abriu os olhos e virou-se para Rose que o olhava espantada com a atitude dele - Permita-me fazer quem eu amo feliz - Sussurrou ele com lágrimas nos olhos e se levantou devagar.
Seus olhos foram a espada sobre o altar e o mesmo respirou fundo, virou-se de costas e voltou para Rose que o esperava.
- O que foi... Isso ? -perguntou ela o olhando surpresa.
- Minha redenção... - Respondeu ele calmo e saiu da igreja.
Os dois voltaram para a casa devagar em silêncio e Rose ainda admirava o que ele havia feito.
- Porque? - Perguntou ela o olhando.
Dracu parou de caminhar e se encostou em uma das árvores, ele sorriu tirando a pequena franja do rosto e passou a mão nos cabelos os jogando para trás.
- Eu fiz muitas pessoas sofrerem Rose. Eu matei pessoas - Indagou ele a olhando.
- Mas matou apenas as pessoas ruins Dracu. Lutou pelo seu país ...
- Eu arruinei vidas Rose. Ada, Sarah e Isabelle e.... Abri mão do meu filho para ir atrás dos meus próprios interesses - Sussurrou ele com calma.
- Mas Dracu...
- Escute...Rosemarie... Foram muitas vidas... Minhas ações tinham consequências Rose... Lembra do Jhon? Lisette... Vidas arruinadas - começou ele - A namorada do nosso filho teve a cabeça decepada, nossa menininha Rose... Nossa pequena Kaira, mortos... Por culpa das minhas ações - Dracu disse e as lágrimas invadiram seu rosto. Rose correu até ele e o abraçou o colocando contra seu peito.
- Dracu... Shi shi... Não foi culpa sua... Tudo isso, aconteceu porque tinha de acontecer, você só estava lá... - Sussurrou ela calma e acaricou os cabelos dele
Os dois se ajoelharam na neve e ela sorriu levemente para ele.
- Eu não conseguirei esquecer tudo o que passei...
- Então não esqueça, apenas honre aqueles que se foram... - Sussurrou ela baixinho.
A neve começou a cair sobre eles e ela sorriu levemente aninhando-se nos braços dele.
- Mas prometa para mim Draculea, que jamais irá desistir . Que tentará novamente, e se falhar continuará tentando - Indagou ela.
- Eu prometo... - concordou ele sorrindo levemente enxugando as lágrimas.
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O Príncipe das Trevas 4 [Concluída]
VampireNova Orleans, a cidade do mistério,onde tudo acontece, uma cidade onde recebe milhões de turistas, atraídos pelo seu oculto e sua cultura. Nesta cidade coisas acontecem bem debaixo do nariz dos humanos e quando a noite cai todo aquele ar oculto é li...