Ética no Amor

Cap 10

CLARY

Durmo um pouco e então decido que não irei sofrer por homem algum, e vou para um bar com Lisa, que fica no centro da cidade, sempre lotado as noites. Normalmente não sou de beber, mas só queria esquecer o que aconteceu hoje e não pensar no amanhã, com duas horas no local já me encontrava alterada.

- amiga acho melhor você ir com calma. - diz Lisa a mim, enquanto viro outro shot.
- Rela..xa, eu...tô o..tima. - digo com a voz arrastada.
- Não, não está, vamos! Vou te tirar daqui antes que vá longe demais.
- Não vou..uuu. - quando termino a fala bato acidentalmente em alguém atrás de mim.
- Cuidado aí princesa - Matt fala e me segura para eu não cair.
- Oiiii Matt... eu te odeio sabia?! - já estou tão fofa de mim, que falo sem pensar.
- Clary você está bem?
- Porquê quer saber? Não sou sua amiga! - estava querendo tanto brigar com ele, que até minha voz começa a entrar nos trilhos.
- Achei que fosse.
- É, eu também, mas você queria somente se aproveitar da situação, ir além da amizade. - esta sentença o deixa totalmente desconfortável.
- Olha Clary, eu gosto de você, de verdade, não quero me aproveitar da nossa amizade, mas achei que depois do baile poderíamos tentar ser algo a mais... achei que também gostasse de mim. - mesmo bebada reconheço verdade em seu olhar, e sinto até pena dele, por não ser recíproco.
- Matt eu... gosto, mas como amigo, nada mais, sinto muito. - seu rosto muda completamente, se transforma em algo sem ânimo.
- Tudo bem... é... a gente se fala amanhã na aula - diz e já sai às presas, evitando meu olhar.

Depois de tanta emoção inesperada concordo em ir com Lisa devoluta ao dormitório, só preciso de uma bela noite de sono, e tudo pela manhã deve melhorar.

RYAN

Não acredito que confiei nela, é só mais uma vadiazinha de faculdade, que dorme com os professores por benefícios, e com outros alunos por diversão, o pior, ainda acreditei no joguinho de "sou virgem", como fui um otario. Saio em fúria da UBC, me sentindo enganado e manipulado, e entro no meu carro para ir de encontro a casa do James, pois já havia o prometido que iria. Quando chego lá, ja sou chamado a beber um whiskey, e é claro que aceito de bom grado, o álcool sempre me ajuda com a raiva. Sempre temos encontros assim, onde a conversa rola solta, com tanto tempo de amizade, podemos falar de tudo sem sermos julgados.

- Bem e foi assim que um esquilo voador caiu não minha cabeça - rio com sua história hilária de como pegou raiva, o James pode até ser um juiz, mas já fez de tudo que tem de mais louco. - Mas vamos falar do que realmente importa, como está sua relação com aquela aluna?
- Não está, ela me enganou, provavelmente só queria que lhe desse nota.
- Não é possível cara! Ela parecia tão boa, e muito inteligente, porquê iria atrás de nota?
- Também não sei, mas a vi com outro homem, nem acreditei que fui tão burro de cair no seu jogo.
- Como você a viu outro?
- Quer dizer, não vi diretamente, mas ela estava sendo alisada pelo Matt durante a aula, depois ainda veio até mim como se nada tivesse acontecido, e quando a confrontei, teve a audácia de mentir falando que ela não queria isso e o afastou quando segurou em sua coxa.
- Talvez ela não esteja mentindo, você sabe como caras na faculdade são, cheios de hormônios, dando em cima de qualquer rabo de saia que veem pela frente.
- Mas é diferente, eles já tinham uma relação, que pensei ser de amizade, até foram ao baile juntos.
- Quer dizer aquele em que ela abandou o ele, e dormiu com você?
- Sim, mas isso não significa nada, possivelmente eles tem um relacionamento aberto.
- Ou... eles não tem nada mais que amizade, e mesmo ele tentando, a Clary não quis.
- Porquê defende tanto ela? Por acaso está apaixonado?
- Não... mas você está, e por isso deixou o ciúmes te corroer, deveria ter deixado ela se explicar direito, se estiver errado vai se arrepender pelo resto da vida.
- Mas não estou, e vamos terminar esta conversa.

Terminada a tarde vou em direção a minha residência, porém pensando durante todo o caminho se James estava certo e deveria ter a escutado, mas acho que meu orgulho fala mais alto e me convenço que estou com a razão. Ainda esta cedo para dormir mas só quero que este dia acabe, então coloco logo minha cabeça no travesseiro.
Acordo sem a menor vontade de dar aula, principalmente porque irei vê-la, e acho que não estou preparado para encarar alguém que me iludiu de modo tão canalha, entretanto não tenho opção, crio coragem e vou em direção ao banheiro.

CLARY

Hoje estou acabada, com uma ressaca pesada de tanto afogar minha mágoas no fundo do copo, até tomei dois comprimidos e um grande copo de café para parecer pelo menos apresentável para as aulas, inclusive a daquele babaca.
Nem acredito que consegui assistir todas as aulas, só faltando a última, a pior delas é claro. Entro rapidamente e me sento sem falar nada, e tentando ficar mais longe do Matt possível, não preciso de mais drama na minha vida neste momento.

- Peço que nenhum aluno fique de óculos escuros na aula por favor - claro que isso foi diretamente para mim, sou a única os usando, além do Ryan nunca ter reclamado disso antes. Então os tiro, e assim todos podem perceber meus olhos vermelhos e sensíveis pelo efeito de ontem à noite.

O restante da aula foi normal, tirando que agora seu olhar não encontrou o meu um vez se quer, coisa que não me incomodo, muito pelo contrário, assim é mais fácil. O sino finalmente toca anunciando o fim do horário, e quando estou a sair todos meus livros caem no chão, fazendo com que todos me notem, inclusive o Matt, mas ele simplesmente olha e vai embora. Tento arrumar o mais rápido possível para não ficar sozinha na sala com o professor, mas é tarde demais, todos já aviam saído, porém quando tento fazer o mesmo ele me para com a fala:

- Não deveria beber tanto Srt. McFly.
- Não é da sua conta Sr. Williams - não me seguro e respondo.
- Faça como quiser.
- Quer saber, faço mesmo, o senhor não é nada meu, não tem o direito de me dar ordens.
- Não estou tentando lhe dar ordens, é só um conselho, sei que não está acostumada a beber.
- Talvez o senhor não me conheça de verdade.
- É... provavelmente não. - sei exatamente o que ele quis dizer com isso.

Com mais nada a ser dito, me retiro, tentando reprimir o sentimento de tristeza que me invadiu com sua última fala, porque ele realmente acha que está certo em relação a mim, algo infeliz, pois realmente gostava de sua companhia e achei que poderíamos dar certo mesmo com toda a turbulência que este relacionamento traria.

RYAN

Não sei mais o que pensar, quero continuar a ter razão sobre meu julgamento, mas depois de ver como ela estava, de cabeça baixa durante toda aula, sem anotar nada, sem perguntas, sem interesse na matéria que tinha tanta animação em participar, além de ter aparentemente enchido a cara ontem, coisa que estranhei totalmente, porque ela me garantiu que não bebia. Ela ainda terminou derrubando todo seu material, queria ajudá-la mas achei melhor não, até que vi o Matt indo em sua direção, mas ele não olhou duas vezes e sumiu sem socorrê-la. Tudo está muito estranho, será que estava errado sobre ela?
Me questiono, mas afasto logo isto de meus pensamentos.