Cap 4

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CLARY

Pan...pan...pan
Desligo o despertador e acordo me sentindo melhor hoje, então me levanto junto com Lisa e nos arrumamos para a aula. Quatro horários se passam, e eu já não estava aguentando mais aulas, ainda bem que só teria mais uma nesse dia, que era exatamente a aula DELE.

Entro com Lisa e vou para o meu lugar de costume, quando o vejo entrando e seu olhar se foca em mim por alguns segundos e depois ele sai do transe, começando a aula, mas sempre me dando olhadas de tirar o fôlego com aquelas orbes azuis.

Ele começa a falar de justiça e como muitas vezes ela se torna injusta por uma má interpretação humana do ocorrido, citando o caso do Craig Coley, atualmente com 71 anos, que foi sentenciado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional pelo assassinato, em 1978, da ex-namorada Rhonda Wicht e seu filho de 4 anos de idade, Donald, no apartamento em que moravam. Ele sempre alegou inocência e foi perdoado em 2017 pelo então governador da Califórnia, Jerry Brown, com base em evidências de DNA encontrado por investigadores. As provas eximiram o americano de culpa nos crimes. Os 39 anos que Coley passou atrás das grades foram a pena mais longa já derrubada na Califórnia.

- Então turma, 39 anos é uma vida inteira jogada em uma prisão por algo que não fez, acho que nenhum dinheiro é capaz de compensar esse erro humano, mas eu quero saber a opinião de vocês sobre o assunto.
- Eu não acho que a indenização vai fazer muita diferença, talvez devesse ser caçada a licença do juiz que julgou esse caso - alguém fala.
- Eu concordo - outra pessoa adiciona.
- Eu não concordo acho que o juiz tem certa culpa sim, mas não podemos simplesmente caçar a sua licença, porque erros acontecem, é como dizer que se um médico cometer um erro ele deve ser expulso dos hospitais, isso sendo um erro fatal, menos do que um juiz poderia cometer. Então acho que a indenização foi justa, e que o Estado deve aprender com esse caso os erros que cometeu no processo e não repetí-los, além de claro começarem a investigar melhor casos em que não há uma condenação totalmente certa sobre a culpa do réu. - digo com uma coragem que nem sei de onde saiu.
- Muito bem senhorita Mcfly, ótima observação - juro que ele tinha um olhar admirado para mim - A senhorita entendeu exatamente o tema da aula, o erro humano se torna falta de ética ou justiça? Quero que próxima aula tragam uma dissertação sobre esse caso, quero saber a opinião de cada um. - o sinal toca! - Bem é isso por hoje, tenham um bom dia.

Dito isso saio da sala sem olhar para o professor e vou direto para a cantina da universidade, mas não para almoçar, para começar já o trabalho que ele passou porque já tenho varias ideias na cabeça sobre o assunto. Termino a dissertação depois de duas horas e vou assim almoçar com Lisa e Matt, um garoto que Lisa conheceu na aula de direito internacional. Nós terminamos de comer e como eu não tenho nenhuma aula, vou para meu quarto assistir algo aleatório na Netflix, e Matt acompanha Lisa a aula dela, ele parece ser uma cara legal.

Passo tanto tempo assistindo Friends que termino dormindo e só acordo na manhã seguinte, onde o dia passa rápido sem ver nenhuma e o Sr. Williams por aí, ou seja, sem mais nenhuma tropeçado ou esbarram. Saio com Lisa e Matt para jantar em uma lanchonete e foi uma noite perfeita, o Matt é uma pessoa incrível e muito engraçado, até me engasguei com as batatas, enquanto ele contava sobre um trote que fez com um professor quando estava no High school, sério ele é doido para fazer algo assim. Volto ao meu quarto com Lisa e vamos dormir.

No dia seguinte acordo e percebo que a entrega da atividade de ética é hoje, então me arrumo e acordo Lisa, que levanta e vai as pressas fazer a dissertação que esqueceu que era para hoje, já que nem mesmo a aula dele é nesse horário, mas ele queria corrigir os textos o mais cedo possível. Saímos direito para sala do Se. Williams, chego e boto a minha dissertação e a de Lisa em sua mesa, junto à algumas outras postas mais cedo, porém estranho que ele simplesmente não está na sala, mas continuo meu caminho a minha aula normalmente.

Mais tarde voltamos a sala de ética para a real aula.

- Ok alunas, eu já corrigi suas dissertações e a maioria se saiu muito bem, e eu não citei antes mas essa atividade vale nota, e a maior nota da sala, como esperado por mim é a da senhorita Mcfly, que fez uma observação interessante na aula anterior.

Depois disso ele simplesmente continua a aula normalmente, sempre me olhando e pedindo a opinião dos alunos sobre o assunto sendo abordado. A aula acaba finalmente, e quando estou saindo ele vem até mim.

- Senhorita, eu gostaria de saber se está interessada em me acompanhar á uma audiência privada hoje à tarde, eu sempre dou uma "aula em campo" aos meus melhores alunos.
- Não sabia que podia levar um acompanhante a uma audiência privada?
- Tecnicamente não posso, mas o juiz do caso é um amigo meu.
- Então tudo bem, eu aceito!
- Ok, eu te encontro às 15 horas na frente do seu bloco.
- Claro, até mais! - digo saindo rapidamente sem acreditar no que aconteceu, eu estou tão animada nunca estive em uma audiência antes, com certeza vai ser uma ótima experiência.

Faltando pouco tempo para às 15 horas, eu me visto e desço a sua espera na frente de meu dormitório. Depois de alguns minutos vejo ele chegando em minha direção e me cumprimentando.

- não sei se essa roupa é adequada para uma audiência?
- Não está ótimo, a senhorita está linda!
- Obrigado, vamos? - digo mudando de assunto o mais rápido possível, evitando seu comentário.
- Vamos.

Então o sigo até o seu carro nos passamos o caminho inteiro conversando sobre o caso, que envolvia a guarda de uma menor, pois o pai tinha acabado de sair da cadeia e exigia poder ver sua filha, mas a mãe não está permitindo, pelo segundo ela, o fato do pai ser violento e impossibilitado de cuidar da filha. Nós temos opiniões controversas pois eu acho que pelo histórico do pai ele não poderia ter uma guardar dívida, já o Sr. Williams acha que como ele foi reintegrado a sociedade, deve ter a guarda a filha até que se prove o contrario.

Chegamos a audiência e observamos tudo que acontece com o caso, claro eu tiro nota de tudo que posso, pois pretendo ser advogada, promotora ou juíza um dia, então como melhor aprender do que ver os próprios em ação. Enquanto o tempo passava eu jurava que podia ver o Sr. Williams me encarando de vez em quanto, mas não me incomodava, na verdade eu estava gostando, por mais estranho que pareça.

Então finalmente o caso acaba e como o Sr. Williams disse, o pai consegue a guarda dívida aos prantos por poder ver a filha que corre ao seu abraço, no final eu estava errada pois o pai se arrependeu de ter roubado e promete a corte que irá se estabelecer para cuidar da filha. E de repente percebo que estou lacrimejando de emoção pela linda cena.

- ei, não chora - ele diz
- Você estava certo, ele deve ter a guarda dela, se fosse eu teria tomado a decisão errada - falo me sentindo mal.
- Não fica assim, a gente erra o tempo todo, principalmente nesse tipo de profissão, mas é com eles que aprendemos, então não se sinta mal.
- Obrigado de novo por me trazer, eu nunca vou esquecer disso.
- De nada, eu sei que um dia quando você estiver ali, vai tomar a decisão certa.

Sorrio com sua declaração, vamos ao juiz, ele nos cumprimenta e faz graça com o Sr. Williams como bons amigos, e eu o agradeço por ter a chance de ver o caso, saímos logo em seguida, entrando no carro. Já estava de noite quando chego no Campos, pois o caso demorou mais que o esperado.

- obrigado por me trazer, mas eu poderia ter pego um ônibus senhor.
- Eu não iria deixar você pegar um ônibus a essa hora, e sem senhor hoje, estamos fora da aula, me faz sentir um velho.
- Ok Ryan, sem mais senhor.
- Obrigado, princesa - me surpreendo com o "princesa".
- Acho melhor eu ir!
- Espera..., - nos encaramos por um tempo, até ele dizer - eu não sei o que está acontecendo comigo mas não consigo ficar mais longe de você! - ele diz e em um impulso me beija, com toda paixão possível, eu tento resistir mas não consigo, e me deixo levar por esse beijo doce e urgente. Nós só paramos quando nos falta ar.

- desculpa eu não devia ter feito isso - diz ele
- Tudo bem, você não beijou sozinho.
- Isso foi um erro - diz mais para si do que a mim.
- Claro que foi, o que uma pessoa como você iria fazer com alguém como eu!?
- Não foi o o que eu quiz dizer... - eu saio do seu carro sem deixar ele falar mais alguma coisa, e corro a caminho do meu dormitório escutando ele gritar "espera, Clary", mas o ignorando completamente.

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