22º Capítulo

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Leonor

-Da próxima vez que o teu namorado estiver cá em casa lembra-te que os teus pais estão a ver. -O meu marido diz e depois volta a dar me um beijo eu sei que este foi simplesmente para irritar os nossos filhos

-Nós entendemos pai agora podes parar. -O Dinis diz e o Duarte separa-se de mim ele olha para os nossos filhos olhando de seguida para mim, pelo sorriso na sua cara já estou a ver que não vai fazer coisa boa ele volta a olhar para os dois adolescentes sentados no sofá em frente a nós e atira se para cima deles começando a fazer cocegas a ambos, eu fico sentada a olhar para eles e a sorrir o Duarte é um ótimo pai, eu e os miúdos temos muita sorte de o ter connosco

Ainda não acredito que passaram vinte e cinco anos desde o inicio desta minha grande aventura, quando entrei no autocarro naquela manha eu não fazia ideia dos dias que se avizinhavam não fazia ideia daquilo que a vida tinha preparado para mim eu achei que aquele ia ser como qualquer outro dia que ia para a faculdade, ia ter aulas, conversar com os meus amigos, ia voltar para casa, estudar, ir nadar e depois viria um novo dia e tudo seria o mesmo, mas nesse dia tudo mudou eu não fui para a faculdade mas sim para o hospital, passei quarenta dias dentro de um quarto com o rapaz que hoje em dia chamo de marido e foi durante esse tempo que a nossa paixão cresceu.

Nós começamos a namorar no dia 22 de Maio menos de uma semana depois de sairmos do hospital, ambos tiramos os nossos cursos decidimos morar juntos e seis anos depois de começarmos a namorar, no dia em que eu celebrava os meus vinte e cinco anos ele pediu me em casamento, nós alugamos um salão para festejar, pois segundo o Duarte fazer vinte e cinco anos era muito importante, depois do jantar numa altura em que todos já se encontravam na pista de dança eu estava a dançar uma das minhas musicas favoritas dos Abba com o Rodrigo quando a musica para e a musica perfect do Ed Sheeran começa a tocar olho para trás e vejo o Duarte com um joelho no chão e uma caixa na sua mão, ele olha para mim e com uma lágrima no canto do olho pede-me para casar com ele eu ajoelhei me a sua frente disse que sim e beijei-o depois quando nos levantamos daquele chão ele rodou me no ar e sussurrou me ao ouvido o quanto me amava.

Em menos de um ano estava casada e dois anos após o pedido de casamento nós recebemos na nossa família um novo membro o bebe Dinis, ele nasceu há dezassete anos, uma pessoa num dia tem um bebe ao colo e quando repara esse bebe já é um homem, sim de momento ele esta a portar-se como uma criança a brincar com o pai e a irmã mas mesmo assim o meu pequeno Dinis esta agora um belo e inteligente homem. Parece que foi ontem que cheguei a casa com a noticia que estava gravida.

Flashback:

Entro dentro de casa e a primeira visão que tenho é o meu marido na cozinha a fazer o nosso jantar, como eu adoro a comida dele. Aproximo-me do mesmo que se encontrava de costas para a porta e quando chego ao seu lado dou-lhe um pequeno beijo na cara, ele dá um pequeno salto e de seguida olha para mim envolvendo-me num abraço apertado.

-Então como foi o dia amor. -Ele pergunta voltando a olhar para a comida

-Foi o normal, mas há algo que eu preciso de te contar podes te vir sentar aqui. -Eu falo e ele olha para mim com uma cara preocupada.

-Claro amor, o que foi. -Ele diz sentando se a minha frente

-Eu tenho andado um pouco enjoada falei disso lá no hospital com uns colegas e um deles mandou me fazer uns exames para ver se estava tudo bem e eu recebi hoje os resultados. -Eu digo e vejo-o a olhar para mim ele parecia com medo

-A tua doença voltou foi, o que podemos fazer para melhorares?-o Du fala levantando-se da sua cadeira vindo para o lado da minha ele ajoelha se e agarra as minhas mãos com as suas

-Du calma ok, deixa me acabar de falar, a doença não voltou é outra coisa, o medico que me mandou fazer os testes foi o Ricky.-Digo e ele faz uma cara confusa

-Com tantos médicos amigos porque foi o Ricky a mandar te fazer os testes ele é obstet.-Ele cala-se a ele mesmo pondo uma das suas mãos a tapar a boca. -Estas a dizer que. -Ele não consegue acabar a frase e fica olhar para mim a espera que eu a acabe

-Sim Du, nós vamos ser pais. -Eu digo e ele agarra-se a minha barriga depositando beijos na mesma.

Fim Flashback:

Sorrio ao lembrar me desse dia, eu tive muitos dias incríveis com esta família, eles são tudo para mim. O Duarte é o amor da minha vida foi com ele que realizei todos os meus sonhos, viajamos vimos países maravilhosos, aprendemos coisas sobre novas culturas, casamos e tivemos dois filhos, um menino e uma menina, tal como sempre sonhei.

Hoje em dia sou uma mulher de quarenta e três anos, mãe de dois adolescentes que me dão cabo da cabeça, sou medica legistas, sei que a maioria das pessoas acha muito estranho mas é o meu emprego de sonho e tenho muita sorte de ter tido a minha família a apoiar-me e a incentivar-me a seguir esse sonho, muito aconteceu na minha vida nestes últimos anos tive momentos bons, também tive momentos maus mas esse é o bom da família eles vão estar lá sempre para nós.

Olho para o meu marido, apesar dele estar mais velho eu vou sempre olhar para ele como aquele rapaz de dezoito anos que ficou confinado num quarto comigo, o rapaz de cabelos loiros e olhos cor de mel pelo qual eu sempre fui apaixonada mesmo não tendo noção disso ,o rapaz que se submeteu a uma cirurgia para salvar a minha vida, o rapaz que me pediu em namoro na minha praia favorita, ele pode ter mudado no exterior mas por dentro ele foi e vai ser sempre o mesmo Duarte, querido, engraçado, sempre muito preocupado, o melhor ouvinte e o melhor a dar conselhos, o melhor marido e melhor pai.

Na altura eu desejava sair daquele hospital, contei os dias ate poder ver a luz do sol, sentir o vento na cara. Hoje em dia olhando para trás eu agradeço ter ido parar lá, se não fosse por isso eu e o Duarte podíamos nunca ter namorado, não teríamos casado nem tínhamos dois lindos filhos, se não fosse por aqueles quarenta dias e quarenta noites eu podia não ter a minha linda família.

Desperto dos meus pensamentos quando sinto umas mãos a fazerem me cocegas, eu não acredito que o Du se aliou aos aos filhos para os três me atacarem.

-Parem, Parem eu rendo-me. -Digo já ofegante de tantos risos e nesse momento eles deixam de me encher de cocegas

-Então mãe, não aguentas umas cocegas, se me tivesses ajudado eu agora não te fazia sabes que nós mulheres temos que nos unir contra os homens. -A minha filha diz voltando ao seu sitio.

-Eu sei que sim filha, mas distrai-me a olhar para vocês mas tu estavas a fazer um bom trabalho eu vi o teu pai a perder o folgo, agora digam me qual acham que foi a melhor versão da historia?-Pergunto aos dois adolescentes

-A do pai. -Eles respondem em uníssono e eu finjo ficar chateada.

-Vocês também tomam sempre o lado do vosso pai. -Digo com uma voz zangada.

-A tua historia demorou uma tarde e não contas-te tudo o pai resumiu em dez minutos. -O meu filho fala levantando-se

-Não lhes ligues amor, eu adoro as tuas historias já agora porque te lembras-te de contar a historia da nossa quarentena?.-O Duarte diz pegando na minha mão

-Eu estava aqui na sala quando a mãe chegou, o Dinis ouviu-a e veio perguntar o que ia ser o jantar então já a conheces ela começou a divagar e acabou a contar-nos sobre a vossa quarentena. -A minha filha diz e todos eles se começam a rir.

-Por falar nisso, esqueci-me completamente do jantar. -Digo pondo as mãos na cabeça o que gerou uma gargalhada geral vinda da minha família.

-Tive uma ótima ideia, vamos pedir umas pizzas. -O Dinis fala e nesse momento o Duarte levanta se e pega no telemóvel

-Eu vou encomendar então. -Ele diz saindo da sala.

Pouco depois de sair eu levanto e vou para o meio dos meus filhos abraçando-os, o Duarte volta e atira-se para cima de nós e ficamos assim os quatro abraçados. Estes são os meus momentos favoritos com as minhas pessoas favoritas, abraços com a minha família são os melhores momentos do meu dia, os meus filhos e o Duarte são a melhor parte da minha vida.

Fim

Quarenta dias  Quarenta noitesOnde histórias criam vida. Descubra agora