18ºCapítulo

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Já passaram três dias desde que decidi tentar afastar-me do Duarte,o que não tem sido uma missão bem sucedida eu tento mas não consigo afastar me ele não me deixa.Tenho passado os dias muito calada o que não é normal de mim então o Du já se apercebeu que algo não esta bem comigo.Ele já tentou fazer-me falar mas eu desviei logo de assunto eu não quero que ele saiba que eu não estou bem, que tenho dores constantes,que o seu fígado pode estar a ser rejeitado pelo meu corpo. Ele vai viver o resto da sua vida com uma cicatriz com uma marca do que fez por mim e isso tudo para que para o meu corpo rejeitar o seu órgão.

As dores tem piorado e hoje especialmente sinto me mais fraca do que o normal acordei mal disposta acho que estou a ficar febril ora tenho calor,ora tenho frio,não tenho vontade nenhuma de comer só quero ficar na cama deitada dormir e esperar que isto acabe rápido e rezar para que o Du não me faça perguntas sobre o porque de eu passar o dia na cama.Tentei levantar me mas uma tontura fez me agarrar a cama,como não me segurei a tempo escorreguei ate o chão tentei levantar me agarrando-me a beira da cama mas sem sucesso estava fraca de mais não tinha forças para me segurar,o Duarte notou que eu cai e veio a correr levantar-me,pegou em mim estilo noiva e deitou me na minha cama,eu queria falar mas não tinha forças,vi-o a olhar para mim e a colocar a sua mão na minha testa e depois mais nada tudo ficou negro e eu desmaiei.

Acordei e senti uma mão na minha,com esforço abri os olhos e vi que o Duarte estava sentado ao lado da minha cama com a sua mão na minha,reparo também nos fios que estão ligados a mim e no saco com um liquido que não consigo dizer o que é tentei falar mas tinha a boca muito seca parecia que estava presa

-Agua.-É a única coisa que eu consigo dizer o Du olha para mim,só percebendo agora que eu estava acordada e logo de seguida pega num copo e entrega-mo

-Lee,estas acordada,como te sentes? Vou avisar o medico ok?-Diz ele levantando-se e clicando em seguida no botão de emergência que se encontrava perto da cama vindo para o meu lado outra vez.

-O que aconteceu?-Pergunto eu enquanto me sento na cama

-Tu desmaiaste chamei o medico e ele diz que tens uma infeção no local da cicatriz e pelo que ele pode perceber já tens há uns dias,se te estavas a sentir mal porque não disseste logo Leonor eu fiquei tão preocupado quando te vi inanimada com medo de...medo de...nada esquece.-Ele diz agarrando a minha mão

-Eu estava com medo de estar a rejeitar o fígado então decidi aguentar a dor e sofrer em silencio ainda para mais quando as dores começaram foi nos teus anos então eu não podia dizer nada era o teu dia não o queria estragar.-Eu digo ele olha para mim levanta se e senta se ao meu lado na cama colocando o seu braço por traz das minhas costas

-Tu não ias estragar nada,a tua saúde é muito importante não devias ter escondido isto,nunca mais faças isso por favor,deixaste me mesmo preocupado. -Fala ele abraçando-me em seguida,nos ficamos assim ate o medico entrar na sala momento em que o Duarte me solta e levanta se

-Menina Leonor como se sente ?-Pergunta o medico aproximando se do saco com o liquido para o examinar

-Sinto me muito melhor agora doutor,posso saber o que tem esse saco?-Pergunto curiosa

-São antibióticos,a menina esta com uma infeção grande na zona da cicatriz e os antibióticos vão ajudar a baixar a febre também como travar a infeção,por falar em febre temos que a medir.-Fala o medico entregando-me um termómetro.

-Doutor,quanto tempo vai demorar ate ela melhorar?-Pergunta o Du

-Espero que em apenas alguns dias a infeção desapareça,e que quando vocês poderem sair daqui acredito que a Leonor já possa voltar a fazer algumas atividades que exijam um pouco mais de esforço mas não é para abusar não queremos que isto volte a acontecer,agora eu tenho que ir a menina descanse e não faça muita coisa por hoje o melhor ate é não sair da cama amanha já se pode levantar ir para a cadeira e com o passar dos dias poderá começar a mexer se mais,alguma coisa já sabem é só chamar-me.-O medico fala e despedindo se e vai se embora ficando só eu e o Duarte neste quarto ele levanta-se e volta a sentar se ao meu lado abraçando me eu deito a minha cabeça no seu peito.

-Estou cansada.-Eu digo bocejando

-Dorme um pouco quando for para jantar eu acordo-te.-Ele diz começando a fazer me festas no cabelo

-Acho que vou fazer isso.-Eu falo fechando os olhos e pouco depois adormeço

Acordo quando sinto o Duarte a remexer se muito na cama abro os olhos e vejo que ele esta a dormir mas esta a mexer se muito como se estivesse a ter um pesadelo eu sento me na cama e começo a abana-lo e a chamar o seu nome para ver se ele acordava quando ele finalmente acorda esta pálido e ofegante

-Du,respira calma,o que quer que seja foi só um sonho.-Eu digo olhando para ele

-Lee,estas aqui ainda bem.-Ele diz abraçando me e eu fico confusa onde é que eu haveria de estar

-É claro que eu estou aqui,não posso sair, Duarte o que foi o que sonhaste?

-Eu tinha te perdido,parecia...parecia tão real.-o Du diz abraçando me outra vez

-Tinhas me perdido como assim?

-Eu sonhei que tu morrias,era tão real,já estava em casa e recebi uma mensagem do Rodrigo a dizer a Leonor esta no hospital,eu vinha a correr para aqui mas ao chegar já era tarde demais tu tinhas rejeitado o fígado e o teu organismo não tinha aguentado,lembro me de ver a tua mãe a chorar e depois tudo isso desapareceu e eu encontrava-me numa sala com duas crianças olhei me ao espelho e eu parecia mais velho uma das crianças,o rapaz,chamou me pai e perguntou me de que era a cicatriz eu disse lhe que era uma lembrança do pior momento da minha vida,um lembrança da altura em que me senti mais impotente pois tentei salvar uma pessoa muito importante na minha vida e não consegui e de um momento para o outro estava eu sozinho num quarto em frente a um espelho a olhar para a cicatriz e comecei a ouvir a tua voz a chamar o meu nome e acordei.Aquilo parecia tão real.Eu não te quero perder Lee,eu preciso de ti.-Ele diz e começa a chorar,eu nunca tinha visto o Duarte a chorar

-Duarte olha para mim,eu estou bem e vou ficar bem vou melhorar e antes que percebas vou voltar aos nossos treinos de boxe e quando tiveres filhos eles vão perguntar-te porque tens essa cicatriz e tu vais dizer-lhes que foste um herói e eles vão ficar muito impressionados e tu vais dizer a tia Leonor também tem uma,sim tia eu já decidi agora vou ser tia,e vais contar-lhes como me salvaste a vida e eles vão achar que tu és a melhor pessoa do mundo um verdadeiro herói e és um verdadeiro herói és o meu herói.-Eu falo limpando-lhe as lágrimas da cara

-Eu sou o teu herói?

-É claro que és meu herói tu salvaste-me a vida Duarte eu nunca vou poder retribuir-te isso e vou ficar eternamente grata pelo que fizeste tu deste-me uma segunda chance de viver por isso sim eu acho que isso te da o direito ao titulo de herói.

-Não sou herói nenhum eu fiz o que devia ter feito,não ia conseguir viver comigo próprio sabendo que te podia ter ajudado e não o ter feito.Eu não te queria perder,eu não te quero perder.

-Tu não me vais perder,ainda vais ter que me aturar muitos anos,vamos discutir sobre coisas ridículas ate sermos velhos e todos os nossos amigos se fartarem de nos aturar.

-Já reparaste que nos conhecemos há treze anos e nunca nos tínhamos dado tão bem nem nunca tínhamos falado tanto como agora,desde que viemos para aqui tornaste-te muito importante para mim,eu sabia que eras incrível mas nunca tinha percebido o quão incrível eras.

-Para ainda me vais fazer chorar.-Eu digo empurrando-lhe um pouco o braço e ele fingiu que ia a cair da cama

-Eu ia a cair por tua causa estas a ver.

-E se caísses qual era o mal não seria a primeira vez que caias desta cama.-Falo a rir e ele acompanha-me

Suspiro de alivio eu vou ficar bem,vou sobreviver,vou melhorar e voltar a ter a minha vida falta é saber ate que ponto esta experiência não me mudou,quando estamos numa situação em que podemos estar a porta da morte a nossa visão do mundo muda e isso muda-nos eu comecei a apreciar muito mais a minha vida e os pequenos momentos que tive nela e acredito que é isso que temos que fazer aproveitar cada momento pois não sabemos quando um momento vai ser o ultimo,temos que tentar viver da melhor forma possível e tornar cada um dos nossos momentos legendários.A nossa vida só é legendaria se a partilharmos com alguém,família,amigos alguém que se ira lembrar desse momento e rir se dele contigo mais tarde quando estiverem a contar a historia.

A grande incógnita na minha vida agora é será que após este tempo confinados aqui o Duarte vai fazer parte de algum momento Legendário da minha vida futura ou será que nos vamos afastar e a ultima memoria que vou ter dele é o seu fígado dentro de mim e a cicatriz que partilhamos.

Quarenta dias  Quarenta noitesOnde histórias criam vida. Descubra agora