13ºCapítulo

2 0 0
                                    


Acordo de manha com um pouco de desconforto levanto-me e vou a casa de banho fazer a minha higiene matinal,já passaram cinco dias desde a minha operação tanto eu como o Duarte temos recuperado bem a recuperação dele esta a ser mais fácil do que a minha,ele já se consegue mover bem esta sem dores,o que é muito bom.Eu ainda me custa um pouco a mover e os pontos dão me muito desconforto mas estou a melhorar e o órgão parece estar a ser bem recebido e eu tenho agradecido todos os dias por isso o medico diz que se continuar tudo como esta a correr eu vou dentro de uns meses voltar a minha vida normal,faculdade,boxe,natação tudo o que eu gosto e não posso fazer.

Eu tenho estado tão estranha com o Duarte que ele deve achar que eu estou chateada com ele,desde a minha conversa com o Rodrigo eu tenho pensado e talvez goste mesmo do Du,e isso esta a fazer me ficar estranha perto dele eu odeio isso porque agora que finalmente nos estamos a tornar-nos bons amigos eu fico estranha,apesar de tudo o que acontece durante o dia,em que eu tenho evitado falar e olhar para ele,a noite tudo muda nos temos dormido juntos todas as noites eu sinto que ja não consigo dormir bem sozinha nem quero pensar como é que vai ser quando nós sairmos daqui,acho que vou ter problemas a adormecer.

Abro a porta da casa de banho e encontro o Duarte em pé perto da sua cama ele dirige se a mim sem dizer palavra nenhuma,chega a minha beira abraça-me e sussurra me um bom dia no ouvido ao qual eu respondo da mesma forma,ele desfaz o abraço e dirige se ao local onde eu me encontrava e eu fico ali parada sem saber o que fazer, o que pensar, este rapaz está a dar me cabo da cabeça,vou buscar o nosso pequeno almoço e dirijo me aos cadeirões começando a comer, hoje acordei com muita fome passado um tempo o Du junta se a mim, comemos em silêncio eu tentava não olhar para ele mas de vez em quando olhava de relance e podia notar que este estava a olhar para mim,sinto me tão mal por estar a ser assim para ele mas parece que eu não sei como falar com ele,sinto as palavras a fugir me sempre que vou falar com ele.Tenho medo, medo de dizer a coisa errada,medo de demonstrar estes sentimentos confusos que tenho por ele e acabar por o afastar mais.

Na verdade o maior medo que eu tenho é que ele se apegue muito a mim,eu ainda não estou livre de perigo ainda posso ter complicações,o meu organismo pode rejeitar o fígado e se isso acontecer eu posso morrer e não quero que as pessoas que eu amo sofram por isso,ele em especial pois eu sei que se algo correr mal ele vai culpar se já que o fígado era seu então se nós nos mantivermos mais afastados e algo acontecer pode ser que ele não fique tão mal,não o quero fazer sofrer .Acabo o pequeno almoço levanto me e dirijo me a minha cama sento me na mesma pego no meu telemóvel e começo a mexer nele,passado um pouco sinto o colchão ao meu lado a afundar e percebo que o Duarte está ao meu lado.
- Podemos falar Lee?- Este pergunta eu ganho coragem para me virar para ele e quando o faço ficamos os dois a olhar um para o outro durante uns momentos
- O que foi Du?
- O que se passa contigo,desde a cirurgia parece que me estás a evitar e eu não sei mesmo o porquê se eu fiz ou disse algo que tu não gostaste podes me dizer só não te afastes de mim está bem.-Ele fala e eu penso por uns segundos o que lhe hei de responder,sinto me tão mal por ele achar que eu estou chateada com ele.
- Du,não é nada disso eu não estou chateada contigo, muito pelo contrário eu estou muito agradecida,tu salvaste me a vida eu nunca vou poder compensar te por tudo o que tu fizeste por mim nestas últimas semanas.Tu tens sido sinceramente a melhor coisa na minha vida,eu sei que tenho andado estranha mas não é nada contigo desculpa fazer te pensar que eu estava chateada.-Eu falo e lágrimas começam a cair dos meus olhos eu tenho andado muito emocionada
- Está tudo bem Lee eu estou contente por não estares chateada,e o que quer que seja que se passa nessa tua cabeça fala comigo não me afastes, quanto ao agradecer tu não tens que o fazer, aquilo que eu fiz eu voltava a fazer sem hesitar se isso me faz ver esse teu sorriso lindo mais vezes .Tu também tens sido a melhor coisa destas últimas semanas e isso é paga suficiente.-Ele diz limpando uma lágrima da minha cara
-Mas tu deste me parte do teu fígado,eu a dizer e a fazer parvoíces não é nada comparado com o que tu fizeste por mim,tu vais ficar com uma marca no teu corpo por minha causa.-Eu digo pondo a minha mão sobre a sua cicatriz
-Uma cicatriz não é nada,eu fico contente por te poder ajudar, nós já nos conhecemos há tantos anos achas que eu ia ficar parado ver-te doente não fazer nada quando te podia salvar claro que não,e também sei que se fosse ao contrário tu farias o mesmo,eu só estou feliz porque te pode salvar.-Ele diz e pega na minha mão colocando a sua mão e a minha por cima da minha cicatriz,ele usa a sua mão vaga e coloca a na minha cara puxando me mais para si e encosta as nossas testas,neste momento sinto a temperatura do quarto a aumentar.
-Eu adoro-te Lee.-ele diz olhando me nos olhos
-Eu também te adoro Du.-Digo abraçando o forte

-Ola meus lindos.-Diz uma voz que reconheço como sendo a minha amiga Cristina,olho para o vidro e do outro lado vejo que esta esta acompanhada pelo meu melhor amigo Rodrigo,pela Diana e pelo Francisco

-Eu tinha tantas saudades vossas,quem me dera poder abraçar-vos agora.-Digo levantando-me e indo para mais perto do vidro

-Nós também temos saudades,como é que estão,como é que estão a recuperar.-Diz a Diana e posso ver o Du a dirigir se para o meu lado

-Estamos bem,eu estou pronto para outra já,ela é que ainda tem um longo percurso a percorrer.-Ele diz e eu consigo notar que as feições dos meus amigos muda eles parece que ficaram tristes nesse momento

-Eu vou ficar bem,vai tudo ficar bem daqui a uns temos estou completamente boa não se preocupem.

-Não sei porque gostavas de nos abraçar parece que estas a ter muitos ai dentro.-diz o Francisco e eu fiquei a olhar para ele com cara do que é que estas a falar

-Não nos olhes com essa cara Leonor nós chegamos aqui a tempo de vos ouvir a dizer adoro-te e ver o abraço.-Diz o Rodrigo este olha para mim e sorri,eu conheço-o há quatro anos somos amigos desde então ele não precisa de dizer nada para eu entender aquele sorriso,ele esta com aquela cara de estas apaixonada Leonor tu é que não queres admitir,e na verdade ele pode ter razão

Eles continuam a conversar e eu limito me a olhar para todos os presentes,rir das suas historias e tentar interiorizar ao máximo as características de cada um deles,eu estou com medo,muito medo de o transplante vir a ser rejeitado mas neste momento estar ali naquela sala a falar com os meus amigo,mesmo tendo de estar separada deles por um vidro,eu sinto me feliz o mais feliz que já estive desde que vim para aqui,pois os meus amigos quando percebem que estou mais em baixo,como hoje, fazem me rir,distraem me de todas as coisas mas que podem acontecer.Eu só tenho que agradecer por ter este grupo de pessoas que me fazem tão bem na minha vida.

Quarenta dias  Quarenta noitesOnde histórias criam vida. Descubra agora