20º Capítulo

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É hoje, hoje é o dia que vou sair deste hospital e espero nunca mais voltar, quer dizer eu quero voltar mas como medica não paciente. Nos últimos dias tenho andado preocupada com a minha recuperação e tenho feito exatamente tudo o que o medico mandou. Tenho falado bastante com a Matilde ela tem se mostrado uma boa amiga e é bom desabafar com alguém que passou pelo que eu passei.

O Duarte, bem o Duarte tem me ajudado muito na minha recuperação esta sempre a certificar se que eu faço exatamente aquilo que o medico disse mas nestes últimos dois dias ele tem andado estranho, mais distante, não me fala tanto não faz tantas piadas, nem as suas brincadeiras usuais algo não esta bem com ele eu não consegui perceber o que era, já lhe perguntei mas ele não quer falar sobre isso.

Estou de momento a guardar todas as minhas coisas para levar para casa olho a volta deste quarto e paro para pensar esta foi a minha casa nos últimos quarenta dias eu passei por tanta coisa no pouco tempo que estive aqui presa estou aliviada por poder ir dormir na minha cama no meu quarto esta noite, ao mesmo tempo assustada pois vai ser a primeira noite de muitas sem o Duarte ao meu lado, sem sentir o seu calor, sem a sensação de proteção que tinha quando dormia com ele, o que me assusta mais é não saber o que vai acontecer a minha amizade com o Du, ele já se esta a afastar de mim talvez lá fora nem me fale, nós não éramos exatamente os melhores amigos andes de virmos parar a este hospital e tenho medo de voltar a esses tempos agora que vamos voltar a vida real, ao mundo fora deste quarto. Sim nós partilhamos uma historia, uma cicatriz, eu tenho parte do seu fígado mas isso pode não querer dizer nada nós podemos afastar-nos tão rápido, ou até mais ,como nos aproximamos.

Talvez eu devia ter lhe dito o que sinto mas não consegui faltou me a coragem e o medo de o perder falou mais alto, eu não faço ideia daquilo que ele sente por mim, sei que ele me considera uma melhor amiga por isso não acredito que passe disso e receio que fora deste hospital nem melhores amigos seremos, mas como dizer lhe como ponho em palavras o que sinto como é que lhe digo que estou apaixonada por ele, mas que tenho medo, medo de o afastar por lhe dizer, medo que mesmo não lhe contando toda a verdade ele se afaste de mim somente pelo facto de nós não estarmos todos os dias juntos. Não lhe posso contar o que me angustia pois para isso teria de lhe dizer muitas coisas que tenho medo de dizer, medo de ouvir a resposta e ela não ser o que eu espero.

-O que se passa nessa cabecinha linda tua?-Pergunta o Duarte tirando me dos meus pensamentos

-Nada estava só a pensar.

-A pensar em que ?-Ele fala sentando se na minha cama enquanto eu acabo de por os meus últimos pertences na minha mala e de seguida a coloco no chão aos pés da cama

-No que passamos dentro deste quarto de hospital, naquilo que vem ai agora que vamos sair, na verdade estou com um pouco de receio. -Eu falo sentando me ao seu lado ele coloca-se de lado virado diretamente para mim

-Tu estas a recuperar bem e vais ficar boa num estante acredita nisso não tens que ter medo eu vou estar lá ao teu lado para te ajudar.

-Não é do meu estado de saúde que eu tenho receio é do resto o meu medo é que não estejas lá para mim tenho medo de nos afastarmos. -Eu ganho coragem para falar e libertar parte daquilo que sentia fiquei com tanta vergonha e medo da sua resposta que baixei a minha cabeça olhando para as minhas mãos pousadas no meu colo

-Lee, olha para mim. -Diz ele tocando com o seu dedo no meu queixo fazendo me levantar a cabeça e olha-lo nos olhos

-Não tens que ter medo, eu nunca te vou abandonar, já te disse e volto a repetir tu vais ter que me aturar ate eu ser bem velhinho.

-Eu não consigo evitar ter medo, a nossa relação mudou tanto desde que viemos aqui parar que eu fiquei com medo que ela voltasse ao que era antes eu afeiçoei me a ti não queria ver o que construímos a ser destruído.

Quarenta dias  Quarenta noitesOnde histórias criam vida. Descubra agora