Estamos Cristine, Alice e eu jogadas na cama do quarto rosa da minha melhor amiga, com uma panela de brigadeiro de colher de um lado e um balde de pipoca do outro, conversando amenidades enquanto uma máscara verde que a Cris fez com itens surrupiados da cozinha age no nosso rosto.
A tal noite das garotas que Cristine planejou está melhor do que eu esperava.
Alice ficou acanhada no começo. E deu para perceber sua insegurança por estar sem maquiagem na frente da gente, mas agora já está bem mais a vontade.
A marca avermelhada da qual ela tem tanto medo está longe de ser feia, na minha opinião. Mas eu evito ficar olhando fixamente para ela, pois sei que isso pode deixá-la constrangida e ainda mais insegura. A marca é bem clara, mas se destaca bastante na pele branca dela, e cobre uma boa parte do lado esquerdo do seu rosto, indo do meio da sua bochecha até o um pouco acima da sobrancelha.
Mas, apesar de seu claro desconforto em ficar sem maquiagem na frente da gente, hoje ela está bem mais falante.
— Vocês souberam da última novidade sobre o Theodoro Alves? – Cristine pergunta, e eu olho disfarçadamente para Alice, mas dessa vez ela não expressa nenhuma reação ao ouvir o nome dele.
— Que ele não está mais andando com os amigos de sempre? – concluo. Ninguém sabe o motivo, mas desde o dia que o Theodoro veio chamar Diogo na nossa mesa, ninguém mais viu ele junto com a turma bagunceira.
— Não. Dessa vez ele virou assunto na boca das meninas porque postou um vídeo no YouTube.
— Que tipo de vídeo?
— Um cover de violão. E, nossa… – ela solta um suspiro. — Eu já sabia que ele cantava bem, mas não sabia que era tanto. Vi o vídeo hoje de manhã e ele teve mais de 1.000 acessos em menos de dois dias. Já pensou se ele fica famoso? Vou poder dizer que estudei com ele! – ela sorri, animada com a ideia.
Fico curiosa para ver o vídeo, mas eu sei da aversão que a Alice tem com ele, então apenas assinto com a cabeça e solto um "que legal" desinteressado.
Ficamos em silêncio por um tempo, até que a ruiva inicia um novo assunto.
— Ouviram falar sobre a excursão que o colégio está organizando para o próximo mês? – Alice pergunta, dando uma colherada no brigadeiro.
— Não ouvir falar nada disso – digo, e Cristine confirma o mesmo.
— Como assim o colégio quer fazer uma excursão? Só falta pouco mais de um mês para as férias de julho!
— Foi ideia da professora de biologia – Alice explica. — Parece que ela quer que os alunos aprendam sobre as plantas não só na teoria, mas na prática também.
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Do Que o Amor é Feito | Amores Platônicos 01
Teen FictionO que você faria se um estranho descobrisse um segredo seu? Heloísa nutre um amor platônico pelo mesmo garoto há quase três anos. Ela nunca criou coragem para declarar seus sentimentos para Paulo, nem para contar sobre isso a ninguém. Mas ela não...