Capítulo 61

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Toni Topaz Point Of View.

Quarta-feira.

Você certamente já ouviu falar sobre os Moluscos ou já estudou sobre eles. Se você já viu desenhos animados vai lembrar dos moluscos famosos: Lula Molusco ou Gary. Os moluscos são conhecidos por diversas características, mas uma bem marcante de alguns é eles terem a capacidade de carregar a própria casa, literalmente, neles mesmos. Um caracol evidentemente tem a concha e você pensa "ok. É aí que ele mora". Mas se você observar uma lula vai acabar se perguntando: por que você está falando que esse polvo tem a própria casa? Onde está a concha?!". Eu sei. A lula se parece com um polvo e este também é um molusco, mas nosso foco não é a lula porque ela realmente não possui uma concha externa, mas você ao menos entendeu que estou falando sobre moluscos. E mesmo sem possuir uma "casa nas costas" a lula possui um mecanismo de camuflagem e defesa: soltar tinta.

Onde quero chegar com tudo isso? Muito simples. Os animais que carregam suas casas aonde vão, não devem sofrer tanto com a mudança. Os que precisam fugir sempre, também não parecem sofrer com as mudanças. Mas nós, humanos e não sortudos como os moluscos, sofremos porque temos a mania de fixar concreto e madeira no chão e achar que estamos fixados ali também, tampouco sabemos fugir jogando tinta para acobertar um passado.

São raros os humanos que mantêm a herança histórica dos nômades.

Quarta-feira. 3.455 dias desde que Cheryl falou comigo pela primeira vez. E definitivamente um dos dias mais estranhos que já tive em minha vida pentagonal, ou seja, em minha vida compartilhada com outras 4 garotas. Já passamos por muita situação estranha, ruim, feliz, ociosa... mas definitivamente essa é muito estranha.

Tudo começou há 2 meses. Era Outono e meu noivado com Cheryl ia muito bem. Muito bem eu quero dizer: todos os nossos amigos e familiares comemoraram a atitude de Cheryl, estavam gostando.

Então, antes de explicar a situação estranha, preciso falar sobre a reação das pessoas ao descobrirem que eu estava noiva de Cheryl. No dia seguinte ao que recebi a intimação de casamento, tudo pareceu diferente a partir do momento em que acordei. Acordei de um jeito que não era tão comum nas quartas-feiras.

"Mas o que é o comum antes que eu saiba o incomum, Toni?" Então, geralmente é o despertador quem grita e me manda sair de casa.

"E o incomum?" O incomum é ter minha namorada e noiva me apertando como se eu fosse um travesseiro enquanto beija seguidas vezes o meu rosto.

— Bom.dia.noiva.

Sorri antes mesmo de abrir os olhos, apenas me deixei sentir os lábios da minha namorada tocarem minha bochecha esquerda, depois a direita. Então, ainda sem abrir os olhos, livrei meus braços do abraço de Cheryl e os coloquei em volta do corpo dela. Escutei um pequeno riso.

— Noiva, eu queria ter algum tempo com você, mas você precisa trabalhar... — Ela avisou. — eu só vou mais tarde.

— Hummmm... por que você me intimou em casamento no meio da semana?

Cheryl riu em meu ouvido, fazendo-me apertá-la ainda mais. Acordar sendo noiva fez-me sentir como um escoteiro recebendo mais uma medalha, era incrível. "Você venceu um urso, Toni. Ganhe essa medalha" e então "Você conseguiu cuidar do acampamento, Toni. Ganhe mais uma medalha". Não sei se escoteiros ganham por ações assim, mas eu prefiro encarar assim. Venci muitas situações para estar com Cheryl até hoje e consegui manter - quase sem falhas - o meu relacionamento com ela. Sou uma escoteira minimante considerável.

— Não sei... eu só senti que precisava ser ontem. — Ela falou em meu ouvido, tão próximo que pude sentir seu hálito quente. — Agora, levanta. Temos alguns minutos antes de eu levar você.

𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐞 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐟𝐚́𝐜𝐢𝐥 𝐧𝐨𝐬 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞𝐬 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora