Capítulo 55

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Toni Topaz Point Of View.

Quinta-feira.

Hoje decidi falar sobre relações sociais. Na última semana tive que ler um livro que o Sr. Cavanaugh nos passou e exigiu que dissertássemos sobre ele, mas antes de falar sobre relações sociais, quero deixar um recado para esse meu professor, mesmo sabendo que ele jamais lerá.

Caro Sr. Cavanaugh

Seu gosto para livros e textos é parecido com o da sua namorada, a Srta. Hastings. Não. Não estou falando que vocês têm bom gosto, é completamente o contrário. O gosto de vocês para a literatura está para o gosto de Cheryl para filmes. Ou seja, é péssimo. Vocês só escolhem coisas que mexem com o íntimo inquietante do ser humano, mas que estava quieto!!!! Se algo está quieto, eu imploro, não o faça acordar! Sua namorada fazia uma guerra mental sobre sentimentos em mim, Cheryl me faz dormir com filmes ruins e o senhor me faz pensar sobre minhas relações humanas!!!

O que quero dizer, maldito e incrível professor, é que não preciso refletir mais do que minha cabeça ferrada já pensa!

PS: Sua namorada tem culpa e glória por ter me feito estar aqui.

Com toda ingratidão grata,

Antoinette Topaz.

Agora voltando ao tal livro, deixe-me citar aqui uma das partes que mais achei ofensiva para o meu interior:

"A intimidade requer coragem porque o risco é inevitável. Não é possível saber, logo no início, de que forma o relacionamento nos irá afetar. Crescerá, transformando-se, em auto-realização, ou nos destruirá? A única coisa certa é que, se nos entregarmos totalmente, para o bem e para o mal, não sairemos ilesos."

Aposto que até você sentiu um pinicar no fundo do seu interior. Sim. Na parte mais profunda dos seus sentimentos e emoções. Esse é o problema do ser humano: saber que sente e querer não sentir; ter noção e consciência, mas desejar não ter.

Às vezes queria poder ser uma borboleta só para não ter consciência, mas se eu fosse borboleta eu iria querer nada. Se bem que... as borboletas devem ter um outro tipo de consciência, uma diferente.

É por isso que só me/nos resta aceitar que temos essa tal noção e aprender a lidar com ela para não sofrer muito, mas sempre lembrar que as relações humanas vão te afagar e ao mesmo tempo apedrejar.

— O que você acha de a gente fazer algo diferente hoje? — Perguntei jogando meu corpo sobre o dela, encaixando meu rosto em seu pescoço e sentindo meu perfume favorito, mesmo que ela não usasse sempre o mesmo, mas era dela e estava nela.

Era só mais uma tarde que chegamos cedo de nossas aulas. Na verdade, cheguei mais cedo do que Cheryl, já que estávamos na reta final de mais um semestre.

— Eu tentei fazer isso, Toni. — Ela resmungou acariciando meu cabelo.

Ao escutar sobre isso, bufei e perdi um pouco da minha paciência.

Cheryl estava um pouco chata naquela tarde. Minha liberação mensal de óvulos inutilizados pelo meu sistema reprodutor feminino havia chegado e Cheryl, impaciente que é, chateou-se alegando que eu fiz tudo planejado, que eu não estava disposta a cumprir o que prometi quando estávamos em Los Angeles e que se eu quisesse terminar com ela, deveria falar logo.

Até esse ponto eu soube lidar e consegui acalmá-la. Em seguida Cheryl começou a reclamar sobre como estava com peso além do normal, que sua pele não estava boa o bastante e que seu cabelo precisava de um corte moderno.

— Não precisa de nada disso... — Eu disse com toda a sinceridade que há em mim.

— Claro! Por que é que você vai querer me ver bonita? Eu não sirvo mais para você, não é?! — Falou com uma mágoa desnecessária.

𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐞 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐟𝐚́𝐜𝐢𝐥 𝐧𝐨𝐬 𝐟𝐢𝐥𝐦𝐞𝐬 • 𝐜𝐡𝐨𝐧𝐢 Onde histórias criam vida. Descubra agora