Fúria

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O dia não condizia com seu interior.
Era um lindo dia ensolarado e sua mãe estava deitada em um caixão como se estivesse dormindo.

Estava sendo desolador vê-la ali.
Toda vez que a olhava sentia as lágrimas descerem com força, não se lembrava de ter parado de chorar em algum momento.

Na noite passada, recolocaram o corpo de sua mãe e de Sakura no carro, depois de deixar o de Haruno no galpão foram com o de Ino ao hospital apenas para saber que a bala havia perfurado uma artéria importante e que era tarde demais mesmo tentando o procedimento de ressuscitação.
A polícia foi acionada porque era oque acontecia em casos em que alguém era baleado, mas seu padrinho deu um jeito. Afinal a polícia da cidade era do Chefe da Kurama. A pior parte definitivamente foi falar com seu pai, apesar de não dizer muito, pelo telefone apenas pediu para que ele fosse até lá. Sai chegou no hospital em minutos e quando o olhou naquele estado lamentável, correu para si já o abraçando e pedindo para dizer que ela não havia morrido quando sua resposta foi chorar mais, ambos desabaram nas cadeiras de espera aos prantos e abraçados com Inojin dizendo que sentia muito e ouvindo que Sai também. 

Respirou fundo, porém o ar não parecia tão necessário para Inojin, de repente não tinha vontade de nada, além de ficar jogado na primeira cadeira que tinha ao lado do caixão, olhando para a madeira e para a lateral do rosto pálido de Ino.

Naruto chegou e o abraçou com vontade, era o único abraço que precisava, os outros pareciam falsos, menos claro os de seu pai. No entanto quando seus olhos se cruzaram com os avermelhados de Sarada que se segurava para não derramar as lágrimas, notou que estava sendo injusto, todos ali sentiriam falta dela.

Ainda sim, não tanto quanto ele.

No meio do velório em um momento se deixou desviar a atenção do seu luto, viu que Sai estava evitando Naruto e quando o padrinho tentou uma aproximação faltou seu pai partir para cima do ômega, só não o fez porque Shikamaru o segurou e disse algo em seu ouvido, depois disso Naruto saiu com lágrimas presas. Quando voltou, sentou ao seu lado e o puxou pra encostar a cabeça em seu ombro e Inojin foi de bom grado, sentindo que era aquecido por um calor, de certa forma, materno sendo seu padrinho um ômega que criará os filhos sozinho e a si como um filho.

Todavia nada, nunca, se comparava ao calor materno de sua própria mamãe.

🍃🍃🍃

Boruto acordou sentindo a maciez do colchão, sem abrir os olhos tateou pela cama e tocou em um corpo, seus pulsos estavam amarrados, não se lembrava de dormir com alguém, porém o calor humano era bem-vindo pela manhã. Se arrastou até estar bem próximo da outra pessoa, ainda de olhos fechados alisou do peito até o abdômen perfeito e malhado gostando da temperatura quente da pele, chegou até a barra do shorts de tecido fino e sentiu suas mãos serem agarradas com força, o fazendo abrir os olhos rapidamente.

Quando a sonolência lhe deixou notou que era Mitsuki, ele estava corado até as orelhas olhando com os olhos arregalados para suas mãos. Boruto imitou seu gesto e corou tanto quanto o outro e em um ato impensado, chutou o alfa da cama enquanto gritava.
Sentou e olhou em volta se dando conta de onde estava finalmente e que tudo era real, havia sido sequestrado por Mitsuki a mando de Sasuke. Observou o alfa levantando do chão com a mão no estômago e tentando respirar.

- O-oque pensa que estava fazendo? - Perguntou Boruto, o alfa o olhou indignado e  o ômega engoliu em seco, antecipando sua vergonha.

- Eu?! Você se aproveitou do meu corpo enquanto eu dormia! Ai. - Alisou o abdômen enquanto se sentava a uma distância considerável do outro no colchão.

- Eu não estava me referindo a isso e não abusei de você por querer, eu... eu estava sonhando. - Mitsuki o olhou como se não acreditasse e Boruto cruzou os braços e virou a cara para o outro lado com um bico emburrado. - Quis dizer oque estava fazendo dormindo aqui?

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