Corro!
Sentindo o vento cortante bater contra meu rosto, ele trazendo consigo o aroma das cinzas que deixo para trás, a cada passo estou mais distante daquele pesadelo, porem sinto como se estivesse correndo para os braços de todos os meus problemas. Paro por alguns segundos olho em minha volta, não há ninguém, não há nada.
Forço-me a voltar a correr, pesadamente um pé à frente do outro. Mais rápido. Olhos fixos á minha frente. Recuso-me a olhar para trás mais uma vez. Não devo olhar. Respiração ofegante; inspira, expira, inspira, expira. Ainda sim corro.
Quando os pulmões estão prestes a entrar em combustão e o coração explodir, tropeço. Meu corpo cede ao cansaço.Tento bloquear meus pensamentos, concentro-me no ambiente ao meu redor, nem mesmo sei onde estou. Não que tenha importância, pois nem mesmo sei para onde estou indo.
As lembranças vem como enxurrada em meus pensamentos, tento inutilmente retomar o controle, olho as arvores que há minha volta, ate mesmo elas parecem tristes, como se pudessem sentir a minha dor. Tenho que me lembrar, ninguém teria pena de mim, não sou digna de pena.
Sinto a escuridão a minha volta sufocando-me, como se fosse um lembrete de que meu corpo já não suportaria mais um passo, mas não posso parar. Tento levantar, mas volto ao chão. Levanto a poeira a minha volta, sinto meu corpo desistindo, quando volto a cair. Olho para o chão e vejo que não há grama a minha volta, como uma marca bem clara da minha real essência. Desta vez nem tento bloquear meus pensamentos, deixo que venham como enxurrada tomando minha mente, já não sinto mais dores em meu frágil corpo, não me importo com mais nada, não sou mais a mesma garota de dias atrás.
Deixo as lembranças me levarem, permito-me entregar a escuridão. Sinto que sou egoísta, pois já não mereceria sonhar, tomei esse direito de tantos, mas ao mesmo tempo lembro-me que não tenho culpa, fui obrigada a entrar neste mundo. após a morte de minha mãe, deixei minha infância de lado para me tornar o que sou. a podridão deste mundo já me engoliu a muito tempo, tanto tempo que já parei de relutar, agora sou parte disto.
Em meu sonho estou em meu antigo vilarejo, vejo as crianças cantando uma velha e já esquecida canção, é como um lembrete de meus dias mais puros, quando a maldade do mundo não havia me atingido.Sinto-me tão cansada, meu único desejo é não sentir mais nada. Porem acordo com barulho de passos olho minha volta e não há nada, somente a penumbra da noite. Sinto um arrepio em minha coluna, como se fosse uma presa prestes a ser abatida, não há o que fazer somente esperar o ataque. Olho meu vestido uma mistura mórbida de Sangue e terra que me cobre as vestes transformando-as em farrapos. Ao levantar meus olhos vejo um homem parado me observando.
Sei que deveria temer pela minha vida, talvez ate mesmo implorar, mas não sinto nenhum desejo em fazer tal ato, quem sabe um ultimo resquício de meu orgulho já a muito esquecido em minha alma.
Ele da um passo a frente, sinto a vibração do chão ao meu redor me alertando aquilo não era uma alucinação, e meu coração dispara, mas sua presença não me causava medo pelo contrario me dava uma leve sensação que jamais senti em minha vida; familiaridade.
Ele vem em minha direção, não posso ver o seu semblante, visto a escuridão da noite que nos rodeia, este solta um leve suspirar, quase uma demonstração de alivio, pergunto-me se estaria aliviado em me encontra ? Mas trato de tirar isto da mente. Neste anos de vida pude confirmar que ninguém sequer notaria a minha ausência, ela chegava a ser ate mesmo desejada.Ainda no chão não sei se devo correr ou simplesmente me entregar a morte, mas algo me diz que ele não esta ali para isso. Dou um leve sorriso em contra partida ao seu sorriso casto, então e ele se ajoelha em frente, como se buscasse analisar melhor a criatura em sua frente, talvez buscando um resquício de humanidade, tenho em mente que devo apresentar maior semelhança com animal, que com uma mulher. após alguns segundos de um silêncio desconfortável ele continua avançando até que eu possa sentir o aroma que vem deste homem em minha frente, trata-se de uma aroma amadeirado, que me embriaga com sue cheiro, distanciando-se do aroma das cinzas que meu corpo exala, quase como uma marca constante dos acontecimentos dos últimos dias.
Sinto meus instintos antes alertas se resignarem, como se aceitassem o fim, levo meus olhar ao chão, sem mais coragem de encarar o olhar de pena em minha frente, sinto que ainda sou analisada, contudo já não me importo mais.
Finalmente o homem que se erguem, provavelmente entediando-se com pobre criatura em sua frente, chegando a conclusão que nem mesmo a morte poderia ser mais penosa que os meus sentimento neste momento.
Trato-me de um trapo usado e descartado, por aquele que prometeu me amar. Que dera fosse uma mera criatura digna de pena, contudo todos que conheciam de minha história já deveriam saber que estar ao meu lado era uma sentença de morte.
Meus olhos perolados enchem de lagrimas, ao me recordar daquelas obres azuis que antes me traziam tanta alegria, e hoje são a cauda de minha perdição, sinto as lagrimas que tanto guardei descerem por meu rosto, levando consigo sujeira e sangue que marcam minha face.
Sou desperta de meus devaneios, pelo homem em minha frente, vejo ele estendendo um objeto em minha direção, tento recusar, mas o mesmo insiste por meio de um aceno, acabo por segurar o objeto minhas mão, trata-se de um tecido macio e confortável, abro-o e noto que trata-se da capa que antes estava alojada sobre os ombros do homem em minha frente, ele me frita com certa rigidez, acabo cedendo sobre este olhar, que parece refletir a escuridão da noite.
Ao colocar o tecido sobre meus ombro, analiso melhor o homem em minha frente. O mesmo parece disposto em me prestar auxilio.
Quero gritar para ele se afastar, mas antes que possa falar ou fazer algo, a escuridão me acolhe em sues braços.
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Tell the wolves that I'm home- Sasuhina
Hayran KurguEle vem em minha direção, não posso ver o seu semblante, visto a escuridão da noite que nos rodeia, este solta um leve suspirar, quase uma demonstração de alivio, pergunto-me se estaria aliviado em me encontra ? Mas trato de tirar isto da mente. Nes...