-Papai, por que tem tantos homens feios na parede?
Era uma noite fria de inverno quando o pequeno Kyle fez aquela pergunta a seu pai.
Gerald era um homem comumente atarefado; vivia dividido entre estar fora de casa ou trancado no escritório perdido no meio de dezenas de pilhas de papéis e documentos, mas aquele era um dos raros momentos que compartilhava com seu filho. Os dois estavam sentados em frente a lareira, na sala de estar, tomando o chocolate quente que sua mãe havia preparado.
-Homens? -O mais velho questionou confuso, mas, ao acompanhar a direção para onde o pequeno olhava, soltou um "Oh" de compreensão. -Aqueles são seus antepassados, Kyle.
O pequeno ruivo não sabia o que eram antepassados; perguntaria mais tarde para sua mãe.
-Todos estes homens foram devotos do Natal até o fim. -Seu pai dizia após levantar e caminhar até a parede onde os quadros estavam pendurados. Kyle o acompanhou. -Todos excelentíssimos condutores de Expresso Polar.
-Ah... -O ruivinho expressou. "Então eles trabalhavam com trem, igual o papai" era o que pensava.
-Um dia você vai ser como eles, Kyle. -Disse pousando a mão sobre os cachos bem feitos do filho.
-Feio? -Os olhos verdes se arregalaram. Ele não queria ser como aqueles homens nos quadros; eles lhe davam arrepios.
-Não. -Seu pai riu. -Um condutor.
-Ah... -O pequeno soltou aliviado. -Igual você?
-Sim, e igual ao seu avô também. -Gerald dizia enquanto analisava os retratos com orgulho. -Nós vamos manter a linhagem de condutores dos Broflovski. Orgulhar nossos antepassados que nos agraciaram com a casta quatro.
Mais uma vez ele disse antepassados; Kyle queria muito ir até sua mãe perguntar sobre a palavra nova. Aliás: queria perguntar sobre as palavras novas, afinal aquela também era a primeira vez que ouvia alguém falar de casta.
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Papéis voavam. Fumaça saia das máquinas de jornais. Os bancos de madeira estavam todos revirados e quebrados. A estação de trem de Royal Rabbit estava uma verdadeira confusão.
Muitos calendos haviam se ferido e a equipe de paramédicos tinha dificuldade em atender a todos.
Quem não estava com hematomas estava em estado de choque. Algumas pessoas choravam pelos cantos, outras tremiam enquanto respondiam perguntas feitas pelos policiais e algumas apenas vagueavam sem rumo, abatidas psicologicamente e tentando processar o que tinha acabado de acontecer.
O ruivo do distrito do Natal fazia parte do último grupo. Seu coração ainda batia acelerado pelo susto e suas mãos ainda tremiam quando ele se abaixou para alcançar um dos diversos papeis espalhados pelo chão.
"Boa tarde, amiguinhos
Temos o prazer de comunicar que vocês podem descansar porque NÃO VAI TER PÁSCOA ESSE ANO!
Atenciosamente, Grupo Mantequim."
O "comunicado" era estranhamente educado demais (já que se tratava de um grupo terrorista), mas isso não o tornava menos apavorante. O Broflovski agora estava branco, os batimentos sumiam gradativamente e a pouca pressão que permaneceu no sangue o deixava zonzo e a beira de um desmaio.
Como assim não teriam Páscoa? Se não tivessem Páscoa sua missão de transportar ovos teria falhado. Se falhou então não teria a chance de subir de casta. Pior: ele iria descer, iria se tornar, na melhor das previsões, um casta cinco; seus pais ficariam desolados e o nome de sua família iria parar na lama
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Resgate de Páscoa -SP Style
Fiksi PenggemarEm meio a uma onda de caos Kyle vê sua posição de prestígio ser posta à prova. Para salvar sua cabeça ele terá que dar o braço a torcer e talvez se deixar amolecer pela presença de um moreno dentuço. [Style week 2020 - Feriados]