Scorbus - A Castelo Bruxo - LIVRO 2

Réquiem

—  A onde vamos? — Albus pedia a cada 2 metros, sem receber resposta alguma de Enedy. A velha senhora caminhava lentamente como se refletisse consigo mesmo seus pensamentos em uma conversa interna.

Ao chegarem na torre de astronomia, Enedy largou o jornal que trazia na mão e encarou Albus em silêncio. Os dois ficaram se olhando por longos instantes até ela resolver se pronunciar.

— Harry... Oque você tem na cabeça garoto?

— Na cabeça... Um cérebro? *PÁ!* Ai! — O jornal voou sozinho na cabeça de Albus o acertando novamente. — Da para parar com isso professora?

— Eu gosto do som que ele faz quando bate na sua cabeça... — Desdenhou começando a rir, mas logo voltou a ficar séria. — Você não respondeu oque eu queria... E é melhor ver bem oque vai responder!

Albus engoliu seco, pois o jornal estava flutuando ao seu lado e a qualquer resposta, ele poderia voar em sua cabeça.

— É sobre o Scorpius? — Fora o único motivo plausível para que ele estivesse sendo espancado.

— Ah... Agora sim... Oque você tem para falar dele? — Pediu com um sorrisinho satisfeito.

— Nada... Eu só disse que não queria falar com ele mais, porque? Qual o problema nisso? — O jornal voou novamente na direção de Albus, mas se achando mais esperto desviou agilmente. — Ahá! Agora eu quero ver!

*PÁ!*

— Ai! — O jornal o acertou na testa, deixando uma marca vermelha em sua pele.

Enedy apenas o fitou com aquele mesmo sorrisinho convencido. Albus era ingênuo demais para acreditar que conseguiria escapar dos encantamentos de uma mulher com mais de 150 anos.

— Scorpius... Scorpius é o problema... Eu estava fazendo a ronda no castelo e ouvi ele chorando, sozinho no pátio do relógio e por sua culpa Harry! Como pode fazer isso com alguém como ele? Você sabe o quanto ele se sacrificou? — Pediu Enedy sem exaltar seu tom de voz. Ela sabia de tudo que Scorpius havia feito para trazer Albus de volta. — Você está sendo infantil e ingrato com ele garoto, está na hora de crescer não acha?

— Se sacrificou? Não fui eu que o abandonei e fui estudar no outro lado do mundo! Não foi ele que cruzou o mundo por minha causa! Fui eu! E oque eu ganhei em troca? Na primeira oportunidade ele me trocou pelo meu primo! — Vociferou. — A senhora pode dizer oque quiser, mas não vai mudar a minha opinião... Ele quer ficar com meu primo? Fica, eu não me importo... Mas eu não quero mais a amizade dele! Ele foi um ingrato depois de tudo oque eu fiz por ele.

— Albus Potter... — Enedy acertara pela primeira vez seu nome nos dois anos que já se conheciam e ele tinha a certeza que a senhora estava furiosa, pois seu olhar "perdido" estava bem focado em sí. — Eu nunca pensei que você seria tão cabeça dura como está sendo agora... E egoísta... Scorpius fez muito mais que atravessar o mundo por sua causa e você faz isso com ele garoto?

— Fez? Ele não mexeu um dedo se quer para me entender, não será agora que eu vou fazer o mesmo... Boa noite professora!

Albus abandonou a torre correndo o mais rápido que pode para a comunal. Sua raiva só parecia ter aumentado após aquele "discurso" dado por Enedy. Ele não conseguia compreender nada mais que seu próprio umbigo e o quanto havia sofrido durante aquele quarto ano, com a falta de Scorpius e todos os outros contra-tempos. Ele se via no direito de não querer estar ou ver Scorpius, queria esquecê-lo se isso significasse que ele pararia de sofrer.

[•••]

— Vamos? — Pediu Hugo ajudando Scorpius a colocar seu malão dentro da carruagem.

O jovem Malfoy olhou pela última vez o Castelo de perto e subiu para dentro dela, fechando a porta de seu lado. Hugo, entrou e fez o mesmo ficando de frente para ele. Sua expressão não parecia muito agradável.

— Você não vai me contar oque aconteceu entre vocês dois não é? — Scorpius olhou para Hugo após a pergunta e baixou seu rosto. Estava tentando desviar do assunto desde as primeiras horas do dia.

— Se eu te contar... Você não vai brigar comigo ou com ele?

— Não... Eu jamais brigaria com você... — O ruivo foi para o lado de Scorpius e pegou sua mão a colocando em seu peitoral. — Eu te amo, você sabe que eu estou com você, para tudo...

— Valeu Hu... — Ele colocou seu rostinho no vão do pescoço de Hugo e ali descansou, tomando coragem para poder continuar. — Ele disse que não quer me ver na frente dele nunca mais... Me ameaçou com a varinha e disse que é para eu esquecer que ele e o Ryan existem. Ele lançou um feitiço de fogo nos meus pés. Depois disso eu corri para fora da comunal e fiquei chorando até a professora Enedy me encontrar...

— Scorpius... Porque amor? — Hugo não conseguia entender porque Scorpius continuava em insistir em uma amizade com alguém como Albus. Não entendia uma relação como que Scorpius se sujeitava a sofrer tudo aquilo para tentar ser amigo de alguém que agora o desprezava. — Deu... Acabou ok? Ele te atacou com a varinha, isso já é o suficiente Scorpius. Eu não vou te obrigar a não falar com ele, mas eu vou te dizer. Se você prefere ficar se sujeitando a isso é melhor darmos um tempo. Você sabe que eu não tenho problema em vocês dois terem uma amizade, mas isso já é demais Scorpius!

Ele baixou seu rosto envergonhado pelo que ouvia do namorado, mas, infelizmente o compreendia totalmente. Aquela relação de Albus com Scorpius havia se transformado em algo extremamente tóxico, e o loiro precisava esquecer. Para o seu bem e para o bem de sua relação.

— Eu não quero ficar vendo você sofrer por alguém como ele sem eu poder fazer nada...  Se você não quer que eu acabe batendo nele, por favor... Esquece o Albus...

— Ok... Eu... Eu prometo tentar... Mas... — Scorpius engoliu suas lágrimas, não iria chorar, não mais. Não faria isso por Hugo, mas por sí mesmo. — Não vai ser fácil...

— Ninguém disse que vai ser fácil... — Hugo agarrou o rosto de Scorpius e encostou sua testa na dele. — Mas eu vou estar ao seu lado sempre que você precisar.

Ele aproximou seus lábios contra os do ruivo e os selou, sentia-se bem mais forte com as palavras de Hugo. O ruivo parecia ter tudo oque precisava para o deixar bobo na ponta da língua.

— Eu te amo Hu... — Sussurrou após o segundo selinho. Era a primeira vez, ou pelo menos imaginava ser, que Scorpius dizia que o amava.

Hugo foi as nuvens após aquilo e o beijou apaixonadamente até seus pulmões arderem por falta de ar.

[•••]

A viagem no Expresso de Hogwarts fora agradável para quase todos, Scorpius e Hugo já combinavam a onde passariam juntos o próximo final de semana.

Albus e Ryan haviam se visto rapidamente nas cabines mas precisaram ficar um longe do outro, já que o segundo sempre ficara com a mãe nas cabines reservadas aos docentes.

Após a chegada em Londres, Scorpius e Hugo se despediram com mais um longo beijo. O ruivo prometendo falar com ele assim que estivesse em casa para saber como estava. Não ficaria um dia se quer sem saber notícias do namorado. Sentia que precisava estar presente ainda mais agora que Scorpius estava em "separação" com seu melhor amigo.

Albus tomara o rumo ao lado de sua mãe e irmãos, acabariam aquela semana na toca com seus avós e depois voltariam a Londres onde passariam alguns dias com Harry em sua casa. Mas... Mal sabiam eles que seriam pegos de surpresa por um certo Malfoy que agora era o mais novo relacionamento do pai.

Se Albus esperava se ver livre dos Malfoy longe de Hogwarts estava redondamente  enganado e o mesmo podia se dizer de Scorpius em relação aos Potter. Mas não só de histórias amorosas o próximo ano letivo em Hogwarts iria trazer.

Com Breno Karkaroff foragido poderia ser uma dor de cabeça muito grande para Albus e Scorpius. E sem o apoio de um para com o outro, um destino incerto e sinistro poderia surgir no horizonte.

------- FIM -------