O Terror em Seus Olhos

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“Muitas vezes, os sociopatas podem apresentar comportamento agressivo e se irritam facilmente. Em geral, os antissociais não sentem empatia pelo outro e nem mesmo remorso das suas ações e conduta.”
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Levi dirigiu até o distrito de Maria, uma parte mais simples e deserta de Paradis, seu coração estava disparado, em sua mente apenas reprisava a imagem do sorriso puro do mais novo, estava feliz de ter tido a oportunidade de viver para ter aquele sorriso direcionado a si. Estacionou Cadillac CTS-V na garagem de uma casa grande e bastante ajeitada, não era demasiadamente grande e nem glamurosa demais, por isso passava despercebida comparada as demais casas do bairro. Ao fechar o portão automático da garagem, o Ackerman abriu seu porta-malas, observando o garoto que ainda se encontrava apagado, conferiu a pulsação do rapaz próximo à sua jugular e tudo estava bem, para seu alívio, sua intenção não era matar o garoto, seria um grande desperdício.
Carregou o garoto nos ombros até o porão, embora o mesmo fosse mais alto que ele, o rapaz não tinha tanta massa corpórea. Levi tinha tudo preparado em seu porão, detestava admitir, mas sua obsessão pelo rapaz em seus ombros havia se tornado uma dependência, precisava ver o rapaz todos os dias, vê-lo sorrir para seus amigos, e até mesmo quando observava-o mantendo relações com outros homens, ele queria Eren, precisava disso e nada o faria mudar de ideia.
No porão havia uma porta com um segredo, uma cama de casal, televisão e até mesmo um pequeno banheiro, Levi sempre limpava o porão, não sabia ao certo quando aconteceria, mas sempre estava preparado para receber o mais jovem. O menor deitou Eren na cama e se sentou em uma poltrona que havia estrategicamente posicionado frente a mesma, aguardando por cerca de trinta minutos o despertar do garoto, velando seu sono.
Eren abriu os olhos de vagar, sua cabeça doía pela coronhada que havia levado em sua nuca, sua visão percorreu por todo o quarto e sua cara se moldou no mais puro pavor, a expressão foi agravada quando percebeu o olhar do menor sobre si. Eren sentou rapidamente na cama, pensando em de alguma forma deter o homem diante de si, porém seu corpo congelou ao reparar o objeto preto fosco que o mesmo detinha em suas mãos, Levi portava uma escopeta de grande porte e aquela foi a visão mais assustadora que Jaeger tinha visto na vida, o ar lhe faltou nos pulmões e o garoto pensou em gritar, mas percebeu que seu observador colocou os dedos sob a boca, o demonstrando que não deveria gritar.
Analisando melhor, Eren percebeu que seria inútil gritar, as paredes da sala que se encontravam estavam acolchoadas com espuma acústica. Jaeger estava chocado, sua mente não conseguia processar os acontecimentos das ultimas horas, procurou seu celular nos bolsos de suas calças e notou que o mesmo também estava em posse do aparelho. Se movia com cuidado, sabia que pela distancia que a arma estava de si, qualquer disparo poderia mata-lo, se rendeu a situação.
 
- Por que? – Foi tudo que a voz de Jaeger conseguiu dizer, suas pernas estavam fracas e sua garganta seca.
 
Silencio, foi o que obteve do menor, o mais puro silencio, conseguia escutar a respiração de ambos no espaço, a de Eren era pesada, transparecia o desespero, porém a de Levi era serena e tranquila.
 
- POR QUE VOCÊ FEZ ISSO SEU MALDITO, ME RESPONDE – Eren fez menção de se levantar e ir em direção ao homem, porém viu o cano da arma de perto, Levi tinha reflexos rápidos devido a seu treinamento militar.
O pânico fez com que o jovem travasse seus movimentos, Levi colocou a arma em sua cabeça e lançou um chute em suas pernas, fazendo-o perder a sustentação e cair no chão. A arma continuava mirada em direção à sua cabeça.
 
- Não sei se entende de armas Jaeger, mas nesse momento, você tem uma doze semiautomática apontada pro seu crânio, um tiro e essa sala ficará completamente coberta com os seus miolos, sua bala vai fragmentar e estourar seu corpo até o tórax, então eu sugiro que você nunca mais venha dessa forma em minha direção. – Levi retirou a arma da cabeça do garoto o colocando de volta sob a cama, sentando próximo do mesmo. – Eu não queria ter que te amarrar Jaeger, mas eu sei que você vai tentar fugir se eu não fizer isso, e eu preciso de você, preciso que fique perto de mim... – Sua voz saiu suave e serena.
 
Eren encarou o menor por alguns instantes, estava com raiva, estava cansado. Levi repousou as mãos no cabelo do rapaz o retirando de sua face para que pudesse o observar melhor, puxou levemente o cabelo do garoto, direcionando suas mão à nuca do jovem, fazendo com que o mesmo sentasse frente a si, o Ackerman colocou o cabelo do Jaeger atrás de sua orelha e se aproximou para selar seus lábios aos do mesmo. Os lábios do mais jovem se contraíram, como se travasse sua mandíbula impedindo um contato mais íntimo, Levi tentou invadir a boca do rapaz com a língua e foi surpreendido ao ver que o rapaz havia mordido a mesma, se afastou do rapaz levando a mão aos lábios, sentindo o gosto metálico do sangue dentro de sua boca. Levi soltou uma risada alta que misturava indignação e ódio, se aproximando novamente do rapaz, que o olhava comum olhar vitorioso. O menor desferiu uma joelhada da face do garoto, e o empurrou em direção à cama enquanto pressionava seu pescoço, se posicionando sobre o mesmo.
 
- Você pode cooperar comigo Eren, ou pode fazer com que sua vida aqui seja um inferno, mas isso tudo é você quem decide. – Levi apertava o pescoço do rapaz e via sua face se tornar cada vez mais vermelha, o maior se debatia e tentava sair de baixo do Ackerman, demonstrando seu claro desespero e ânsia pela vida. Quando estava sentindo que sua cabeça iria explodir devido ao grande acumulo de sangue na mesma, Levi o soltou, se dirigindo a porta do porão. – Espero que escolha bem Jaeger, eu não costumo ser tão misericordioso.

Levi cobriu o segredo que guardava a porta e saiu rumo à casa. Seu sangue inundava sua boca, não esperava que o mais jovem teria tal reação, o pequeno esperava que Eren o aceitasse, que o garoto o entendesse e gostasse de si pelo que era. Pegou o celular do garoto que insistia em vibrar em seu bolso, direcionou o olhar para a tela do mesmo, e notou a enorme quantidade de mensagens de Reiner.

“Você não vai vir? Comprei bolo de chocolate pra você T.T” 15:55

“Eren?” 16:20

“Você está bem?” 17:00

“Já fazem três horas, por que não veio?” 18:36
 
Levi revirou os olhos enquanto olhava para o celular do garoto, parte de si queria ter o abordado de forma convencional, ter o levado para sair, ter tido todas as experiencias de um relacionamento ao lado do mais jovem, mas seu complexo o dizia que não havia nenhuma forma do garoto ter aceitado estar consigo, o Ackerman não teria reagido de uma maneira melhor se ele tivesse o evitado, ou não o achasse atraente o suficiente. Enquanto seus pensamentos o inundavam Levi se sentou sob sua cama naquela casa, sentindo o ar lhe faltar e o chão afundar seus pés, odiava a sensação de ser dominado por doenças tão ridículas como ansiedade e Transtorno Obsessivo Compulsivo, fora sua sociopatia, que fazia com que o homem se sentisse um completo inútil.
Deitou nos lençóis limpos e se permitiu fechar os olhos, não para dormir, mas para tentar fugir de seus maiores inimigos. Seus pensamentos.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora