Capitão Levi

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“Quando você finalmente confiar em mim,
Eu vou te decepcionar...” 
Three Days Grace – Let You Down
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Erwin passou os próximos dois anos mantendo seu ‘relacionamento’ as escondidas com o adolescente, porém nunca havia tido coragem de contar para sua namorada, que agora já até estava noiva do mesmo. Smith se sentia muito mal por enganar a garota, e principalmente por enganar a si mesmo, adorava estar nos braços do garoto mais novo, mesmo que Levi reagisse como se nada estivesse realmente acontecendo, Erwin sentia borboletas no estomago por ele.
Não negava que gostaria de deixar tudo pelo menor, mas precisava se casar, tinha vinte e quatro anos, e até então nunca tinha levado sua namorada pra cama, causando estranhamento não somente da mulher que estava a seu lado, quanto de seus amigos e até da própria família.
No dia anterior tinha contado ao Ackerman que tinha pedido sua namorada Anka Rheinberg em casamento, o mesmo havia o parabenizado e após colocar suas roupas, se retirou do quarto de Erwin. Sabia que tinha machucado seu pequeno, e queria-o de volta. Juntou toda a coragem que tinha, comprou um buquê de rosas, que tentou ao máximo esconder a entrada do mesmo no internato.
Ao cair da noite, o loiro estava pronto, vagava pelos corredores silenciosos do local, seu destino era um só, queria se desculpar e tentar ter um relacionamento real com o jovem Ackerman, seu corpo, seu coração e tudo em si clamava por isso. Ao chegar à porta do garoto, entrou sem bater, sabia que o mesmo se sentia encurralado em espaços sem saída. Ao direcionar seus olhos para dentro do quarto, seu coração falhou a batida, deixou o buquê que segurava cair ao chão e o sorriso que estava estampado em seu rosto no mesmo momento murchou.
Erwin avistou meio as pernas do pequeno rapaz, Farlan Church que abocanhava com voracidade o membro do rapaz de olhos azuis acinzentados, Smith sabia que o rapaz estava interessado no pequeno a algum tempo, só não imaginava que o mesmo também sabia. Ackerman estava acompanhado, encarava a porta como se esperasse a visita do loiro, e um sorriso vitorioso surgiu em seu rosto assim que a mesma foi aberta, Levi havia detestado a hipótese de ser trocado, aquilo faria mal ao seu próprio ego, e estava fora de cogitação deixar barato tal atitude.
O loiro pareceu atônito, Farlan estava vendado, então não havia percebido a presença de seu Tenente no quarto. Ainda mantendo contato visual com Erwin, Levi virou o rapaz e o fez sentar em seu colo e o mesmo gemeu em êxtase pronunciando obscenidades juntamente ao nome de Levi. Não aguentando mais a tortura, lágrimas rolaram pelos olhos de Erwin, que deixou o quarto no mesmo instante, achava que era especial para o garoto, mas estava enganado, Levi só se importava consigo mesmo, e aprendeu da pior forma.
Após o incidente, Erwin pediu que fosse remanejado para a segurança dos dormitórios femininos, para que não precisasse mais cruzar com o jovem Ackerman, estava quebrado por dentro, e o sorriso maldoso de Levi não saia de sua cabeça, nunca havia o visto sorrir, e aquela não foi a melhor ocasião. Com o tempo definitivamente esqueceria o Ackerman e tudo que ele representava.
 
Dias atuais...
 
Levi estava sentado em frente a escola de Jaeguer como de costume, todos os dias juntava coragem para confrontar o jovem, mas simplesmente travava no mesmo lugar e se escondia ao mínimo olhar em sua direção, passando despercebido por anos pelo mais jovem. Ackerman se questionava até quando seria um completo covarde.
Após terminar sua faculdade de direto entrou para a polícia, por alguma razão aquilo o fazia se sentir no controle de algo, mesmo que não fosse de sua própria vida. Ackerman, tinha conseguido ser exatamente o que tinha planejado em sua adolescência, ele era superior, superior a Erwin, ele era ‘O CAPITÃO’ achou que aquilo o faria se sentir bem consigo, porém nada o fazia se sentir bem.
 
Levi POV
Estava fumando o terceiro cigarro naquela tarde, eram apenas 15:26 e minha mente já estava fora de órbita, não conseguia fazer nada com clareza. Nada mais fazia sentido desde a morte daquela que me rejeitou, morreu de uma forma tão cômica que seria até interessante não rir, durante uma convulsão a mulher engasgou-se com a própria língua, ou se engasgou com o próprio veneno. Sorri ao fazer essa breve comparação, dando mais um trago no cigarro que carregava em minhas mãos.
Tinha aprendido muito sobre Eren Jaeguer, o garoto tinha 18 anos atualmente, fazia parte do time de futebol americano e era um galã de qualquer filme clichê de adolescente. Isso seria completamente comum, se apenas fosse observado de longe, o que não era o caso, não, de forma alguma, não pra mim, Eren morava em um bairro afastado do centro, sua família era pobre e sempre que eu estava próximo à sua casa, ouvia algumas discussões. O garoto se relacionava com alguns homens as escondidas e esse era o principal motivo dos gritos de sua mãe.
Olhei em direção ao portão, e pra minha surpresa lá estava Jaeguer, sozinho, pulando o muro. Não pude conter o interesse, dei mais uma tragada em meu cigarro e acompanhei com o olhar o garoto desajeitado cair no chão após pular. Eren tinha aproximadamente 1,80m de altura, seu físico era atlético e trincado, seus olhos eram de um verde tão profundo que não era difícil se perder ao encarar por muito tempo, seus cabelos eram longos, quase sempre presos em um coque alto e frouxo, dando um ar descontraído ao jovem.
Era a primeira vez que via Eren sozinho, aquilo não podia ser uma mera coincidência, porque naquele exato momento, eu havia decidido não ser mais um covarde escondido atrás de uma árvore. Levantei do banco ao qual estava sentado, ajeitando meu traje, estava em um dia de folga após me envolver em uma investigação de vários dias, gostava de pensar em soluções para os meus casos enquanto observava a fragilidade do colégio e ao mesmo tempo a imposição rígida que o mesmo causava em seus estudantes.
Caminhei a passos lentos até um local onde o rapaz pudesse me ver, coloquei uma expressão preocupada no rosto e acenei a mão ao rapaz, que me olhou com curiosidade.
 
- Ei, garoto! Você pode me ajudar? Meu cão fugiu. – E estava feito, esse foi meu primeiro contato com o Jaeguer.

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