Razão

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Levi passou toda a madrugada junto a Fritz, reunindo evidências sobre o possível paradeiro do jovem Jaeger, levantando listas de suspeitos e até mesmo hipóteses de fuga, também selecionou entre os mais próximos de Eren, pessoas que poderiam ser úteis quanto aos depoimentos.

Quando eram aproximadamente 10h da manhã, o pequeno Ackerman sentiu um desconforto que sempre o visitava, os sintomas de tontura, taquicardia e falta de ar frequentemente o visitavam, resultante de sua anemia.

- Creio que não posso mais te ajudar Fritz... Não me sinto muito bem de saúde, se me dá licença, vou me retirar. - dizia o menor enquanto recolhia seus pertences. Sua pele alva já parecia translucida e seus lábios não apresentavam tonalidade alguma.

- Sem problemas Capitão, sua ajuda foi de grande valia, conto com o senhor para as oitivas. - Fritz balbuciou ao notar a aparência anêmica de Levi, de fato o mesmo deveria ser encostado por motivos de saúde.

Levi dirigiu em direção à sua casa em Sina para buscar mudas limpas de roupas, e até mesmo, peças que pudessem ser úteis para o Jaeger. Após coletar tudo passou em um mercado para obter mantimentos e remédios, tendo em vista o agravamento de seu quadro.

Dirigiu suando frio até o distrito após a muralha Maria, e adentrou apressadamente. A rua era calma e o homem mal era visto na parte de fora do terreno. Levi adentrou pela porta e foi diretamente em direção ao espaço de Jaeger, não havia checado o mesmo a uma boa quantidade de tempo, ocasionada pelo infortúnio de Zeke.

Ao destrancar a porta, Levi pode ver o jovem assistindo calmamente a um seriado que passava na TV, e por um breve momento sentiu seu mal estar ir embora. Fechou a porta acompanhado de uma porção de sacolas e as colocou sobre a mesa, sentando em sua costumeira poltrona para observar o garoto.

-Pensei que você tinha me deixado aqui pra morrer... - A frase saiu com um certo tom de alívio, mas não justificava a calma presente no semblante do rapaz.

-Eu te disse que não machucaria você, se cooperasse comigo. - Levi fechou os olhos por alguns minutos tentando amenizar a dor latejante que havia tomado conta de sua cabeça.

O Silencio pairou pelo ambiente, mas foi entrecortado pelos sons de passos em direção ao mais velho, rapidamente o Ackerman abriu os olhos, se deparando com a mão de Eren próxima a seu rosto. Segurou o rapaz pelo pulso antes que os dedos do mesmo alcançassem sua face.

- O que você está fazendo? - Permaneceu segurando o mais novo, que o tocou gentilmente a testa.

- Você não parece bem, estava checando sua temperatura, me desculpe. - Eren descia a mão lentamente da testa de Levi, tocando suavemente sua bochecha. - Você está quente.

Levi o encarava sem reação, esperando o momento em que teria que se defender do rapaz, que teria que colocá-lo de volta em seu lugar, mas sabia que não seria capaz, não nas condições que se encontrava. Desceu sua mão pelo braço do rapaz, repousando a mesma no cotovelo do mesmo, para que não o atrapalhar mais. A força que o mais velho usava para segurá-lo cessou, causando a aproximação dos mesmos.

Eren POV

Estava assistindo à TV quando escutei o barulho da porta abrindo. Me pergunto constantemente se sou uma pessoa normal, porque todas as vezes que ele abre a porta, meu coração dispara, e minhas mãos suam.

Olhei-o com o canto dos olhos antes de conseguir dizer algo, embora eu não tivesse ido parar naquela armadilha por vontade própria, muitas vezes eu me pergunto se aquilo realmente era tão ruim.

- Pensei que você tinha me deixado aqui para morrer... - Muita das vezes eu me perguntava porque ele não ficava mais tempo aqui, o que ele fazia quando saía, ele encontrava outras pessoas? Ele tinha alguém?

- Eu te disse que não machucaria você, se cooperasse comigo. - Sua voz estava rouca, e falhada, como se ele estivesse demasiadamente cansado. O observei por alguns segundos até uma pontada de preocupação me atingir.

Fui em direção a ele e tentei tocar seu rosto, mas é claro que eu falhei, seu braço me impediu de tocá-lo antes mesmo de eu me aproximar o suficiente, me forcei para frente para atingir meu objetivo.

- O que você está fazendo? - Sua voz soava baixa, aquilo certamente me causou um arrepio, consegui tocar-lhe a testa, e senti o calor que o mesmo emanava.

- Você não parece bem, estava checando sua temperatura, me desculpe. - Percorri seu rosto, era a primeira vez que eu o tocava assim, sua pele era macia, e eu quase me esqueci do porque estava o tocando. - Você está quente.

Levi não disse nada, mas senti a força contrária, que ele estava fazendo para me segurar, ir embora, me fazendo ficar ainda mais próximo dele. Ele parecia realmente doente, talvez estivesse resfriado ou algo assim, mas eu não conseguia raciocinar direito, não com aqueles olhos penetrantes focados em mim, medindo cada uma das minhas atitudes.

-Eu vou checar de outra forma. - Encostei minha testa na dele, comparando nossas temperaturas. - Você está realmente com febre, deveria se deitar um pouco.

Me senti sendo puxado em direção ao colo dele, fiquei atônito, mas admito que não conseguia sair daquela situação. Eu me coloquei naquilo. Levi não conversava muito, não tanto quanto eu, mas muita das vezes o silêncio dele era tudo o que eu queria ouvir. Nossas testas permaneciam encostadas, senti nossas respirações se misturarem, e não pude conter minha curiosidade, afinal, se estiver no inferno, abrace o capeta. Cessei a distância mínima que existia entre nossos lábios e percebi a surpresa de Levi com aquilo, mas afinal, não era o que ele queria de mim?

Sua boca estava quente e era muito macia, aquilo trazia uma sensação gostosa, logo sua língua pediu permissão para invadir minha boca e eu permiti, enlaçando seu pescoço com meus braços, degustando e explorando cada canto de sua boca, Levi desceu as mãos para a minha cintura e eu senti meu corpo todo arrepia, ele apertou levemente a região e eu senti que poderia perder minha razão a qualquer momento, mas quanto mais eu o beijava, mais minha mente me mostrava que a razão passou longe de mim a muito tempo. 

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora