S Class

Ice and Dust War

Capítulo com 5675 palavras

Haviam muitas coisas sobre a guerra que não eram sabidas ou entendidas corretamente, nem mesmo entre aqueles que participavam delas direta ou indiretamente. Dentre os maiores complexos e simplicidades sobre os atos frívolos, geralmente não capazes de serem modificados em um segundo instante após terem sido cometidos, existe uma certeza que talvez seja a mais iniludível e mais comum de ser enxergada, mesmo dentre aos corpos irreconhecíveis espalhados em meio ao campo de batalha.  

O fato de que a guerra sempre se resumia a dois ou mais lados em um conflito imoral e crédulo entre si, e ao chocarem-se uns com os outros, a única e irrevogável certeza dentro de qualquer pessoa em qualquer posição em seu meio hostil, é sobre o desejo de sobreviver. 

Pessoas que não se conhecem matam umas as outras ao serem ordenadas para o fazer, ordenadas por aqueles que estão acima em seu controle, esses que ao contrário das pobres almas perdidas no processo da guerra, conhecem muito bem aqueles no poder inimigo, comandando de longe com um único objetivo. A vitória. 

Entretanto, havia sempre essa coisa que dificilmente poderia ser mudada, principalmente quando em relação àqueles que assumem a responsabilidade, por vontade própria ou não, de batalhar fisicamente. É sobre essa coisa, a certeza sobre o seu desejo de sobreviver. 

A sobrevivência sempre seria a única coisa mais importante que os motivos que os levaram a erguer suas espadas e lutar, porque, quando se está prestes a ter sua carne rompida e a vida ceifada para fora de seu corpo, as causas do conflito não passam de zumbidos inúteis e sem valor. 

Sobrevivência. 

É para isso que se luta. 

Lutar, é essa a única maneira de alcançar sua sobrevivência. Vencer, é essa a única forma de garanti-la. 

Você precisa lutar se quiser vencer, você precisa vencer se quiser sobreviver. 

Matar não era um objetivo. 

Matar era a solução.

Um meio sujo, cruel, e acima de tudo, necessário. 

Liam sabia disso, ele sentia isso a cada vez que sua espada escorregava para fora pelo sangue e carne de alguém que ele jamais saberia o nome, ideais ou seus sonhos. Os corpos que caiam sob seus pés não eram nada além de uma perfeita personificação da guerra. 

Liam continuou, mesmo assim, abrindo o caminho para seu próprio esquadrão, seus membros rígidos implorando por uma pausa que ele não poderia conceder, bradando e golpeando com sua espada, protegendo-se em bloqueios precisos, ignorando as poucas vezes em que era acertado pelas lâminas inimigas, garantindo sua vitória quando reivindicava as vidas que sequer lhes pertencia, findando-as definitivamente em seus últimos golpes. 

Ele olhou envolta, para o grupo reduzido que o acompanhava, alguns parecendo ainda mais cansados que ele, todos cheirando a caos. Liam voltou seu olhar na direção em que deveriam continuar, o caminho se tornando mais longo a medida em que procurava em sua mente uma nova forma de seguir, uma em que não houvesse mais nenhuma perda para o seu lado. 

Eles estavam em guerra a três longos e sangrentos dias. A cerca de nove haviam chegado ao território da Ordem, encontrando os líderes de GuardBao em seus pontos a uma distância segura. Ninguém esperava que a confronto seria fácil, entretanto, as notícias que receberam haviam se mostrado mais dificultosas do que chegaram a pensar. 

Cerca de um ano, talvez um pouco mais, haviam se passado desde que havia fugido junto a seus irmãos, sete meses atrás eles começaram a unir-se com os maiores subterrâneos do qual tinham conhecimento, e enquanto a Guarda crescia, a Ordem se fortalecia.