For Him

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Capítulo com 9322 palavras





Subterrâneo – Cadeia ao Sul- Antes da chegada à Ordem.



Ele não tinha certeza se eram as paredes, o chão, o teto ou apenas o seu corpo que estremecia em uma convulsão avassaladora. Talvez fosse tudo e todos naquele lugar, desde estivesse sujeito ao alcance do onipotente som reverberando glorioso e perpétuo por todo o caos ao redor; uma vez atingido por ele não haveria forma de não se deixar conduzir de forma absoluta, irrevogavelmente inclinado e obediente à qualquer comando.

Era exatamente assim que Louis se sentia, sob os toques descuidados e ainda assim cobertos de adoração, entre os lábios quentes manchados em sangue, sob as camadas ferventes de suor e a névoa de aromas propriamente fatais. Sentia-se como se sua existência tivesse sido subtraída ao nada absoluto, apenas para que em seguida fosse elevado à ascensão suprema. De repente seu coração batia no memo ritmo que um segundo, externo ao seu corpo, mas ainda assim completamente seu. Suas veias eram corrompidas pelo sangue embebecido em todas as substâncias tóxicas possíveis, expelidas em sua corrente sanguínea, obrigando-o a respirar não apenas por sua própria vontade, mas porque mesmo esse ato involuntário já não pertencia unicamente a ele.

Ele podia ver sob suas pupilas empalidecidas a infinidade de explosões constantes e definitivas, não sabendo se eram estrelas muito longe dali, explodindo e criando, talvez, novas formas de vida, provavelmente mais afortunadas por existirem longe dali, de seu mundo enegrecido e coberto por poeira e tormento. Ou talvez estivesse vendo todas as sinapses de seu corpo, acompanhando cada informação nova e não efêmera que atingia cada um de seus sentidos, percorrendo través de seus neurotransmissores, saltando de receptor para receptor, gerando impulsos que ele não poderia controlar.

Impulsos que ele não queria controlar.

Ele não poderia enxergar, tudo que conseguia ver não passava das muitas explosões de cores, seu corpo sequer poderia movimentar-se apropriadamente e ele quase não saberia dizer se ainda existia ou se havia sido reduzido à uma pequena fonte insignificante de vida, vagando sem um propósito. Mas se chegava perto de pensar sobre isso, era arrastado de volta àquela parcela de sua consciência, que crescia e preenchia-se cada vez mais de cada coisa que havia dentro de si, cobrindo-o do que ele pôde conhecer facilmente como o motivo de cada batida acelerada de seu coração.

Ele estava vivo, sem a maior parte de seus sentidos no momento, ou talvez inertes a cada um deles por ser demais para suportar agora. Mas estava vivo, porque ele sentia-o sobre seu corpo, sob seu corpo, ao redor de seu corpo. Ele o sentia por todo o lugar.

Estava entregue a ele de forma tão profunda que havia se afogado, incapaz de nadar de volta. Tão profundamente pertencente a ele quanto o sentia dentro de si, enchendo seu ventre com cada vez mais de si próprio, presenteando-o com todo o seu prazer, aprisionando-o a si de forma que mover-se minimamente doía como ter uma espada atravessando seu peito. O prazer de Harry estava cravando-se em seu interior, correndo livre com todas as possibilidades idôneas de gerar vida. Quente e peremptório para seu corpo, para sua mente.

Tão firme e existente quanto os dentes ainda cravados profundamente em sua carne, venenosamente expelindo toxinas em suas veias, transformando seu sangue na arma capaz de fazer seu coração aceitar comandos que não os dele, até que estivesse completamente domado pelo conteúdo tóxico e superior, extravasando-o por suas artérias e banhando todo o seu corpo com seu novo ser. Até que ele inteiro tivesse sido modificado.

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