O sabor da descoberta

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Depois daquele acidente, em que  o carro dele capotou quase me matando, Hidan se aproximou de mim. Aproximou-se de verdade, ele me notou, me reconheceu como eu sempre quis. Hidan se tornou meu melhor amigo, meu apoio e, principalmente, minha maior fonte de adrenalina. 

Ele nunca falou o porquê não falava comigo antes, o motivo de  se manter tão distante. Mas conforme o tempo passou, isso não tinha importância, pois, mesmo ele demonstrando se importar comigo, Hidan ainda era um perigo ambulante, sempre procurando situações que colocassem sua vida em risco. 

E isso sim me assustava, já que eu não queria perdê-lo. 

Das rachas de carros, fomos para os de motos. Logo, estávamos  invadindo territórios de gangues de Vegas; fomos ameaçados de morte, caçados e eu quase morri tantas vezes que perdi a conta. Mas de alguma forma Hidan sempre me salvava. E ele não escondeu seu maior segredo de mim, ele deixou aquilo muito bem claro quando três caras de moto vieram atrás da gente, atiraram e Hidan apenas se colocou na minha frente recebendo os tiros. 

"Ah porra, isso dói"

Eu lembro de ter rido, gargalhado, com o que ele disse. Hidan era louco. Ele não hesitou em me mandar esconder enquanto enfrentava aqueles caras. Quebrou a perna de dois e os braços do terceiro, e os mandou dar um recado pro chefe deles: nunca mais importunar quem estava quieto. 

Quando chegamos no apartamento dele e comecei a retirar as balas, cerca de dez no total, foi que a ficha caiu. Na hora, a adrenalina e o pânico me impediram de  raciocinar  direito, mas ali, com Hidan sentado numa cadeira, cheio de buracos, sangrando e reclamando de dor, me fazendo lembrar de quando o vi retirando uma ferragem do abdômen, eu verbalizei  nervosamente que ele era imortal. Era a única explicação que eu podia pensar depois de tudo. E ele confirmou, como se fosse a coisa mais normal do mundo. 

Me lembro de ter ficado parada à sua frente, esperando ele dizer que estava brincando. Como ele podia ser imortal? Realmente, não tinha como um humano normal sobreviver a todos os ferimentos que eu já havia visto nele. Mas mesmo com tantas provas, a única coisa que consegui dizer com os dois neurônios que não estavam em negação ou em choque, foi a coisa mais débil, óbvia e inútil:  Eu perguntei se estava doendo. Dez tiros!  E   perguntei se doía, como se aquilo fosse mais importante que as inúmeras dúvidas que eu tinha na cabeça. Entretanto, ao contrário do que eu esperava, ao invés dele rir de mim ou qualquer outra coisa, como perguntar se eu tava bem com o fato dele ser Imortal,  Hidan olhou no fundo dos meus olhos e o que ele disse naquele dia foi capaz de me fazer sentir algo profundo e intenso,  palavras que ficariam gravadas no meu coração para sempre:  

"Doeria muito mais te perder"

Foi naquele dia que eu não me contive mais e o beijei pela primeira vez. Hidan retribuiu com muito mais paixão do que eu poderia imaginar. Nós dois éramos quebrados, fodidos e totalmente despedaçados, porém,  beijá-lo foi como se tudo tivesse ido para o lugar certo e, mesmo que nada sobre nosso passado fosse mudar e as cicatrizes fossem eternas, eu entendi o que ele quis dizer. 

Pois eu também não queria deixá-lo sozinho nunca. 

E por mais insana e egoísta que fosse essa escolha… Eu aceitaria qualquer preço para ficar com Hidan.

Elixir: o sabor da EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora