Antes

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David correu, correu e correu.

Ele não sabia para onde ia, não tinha esse privilégio. Droga, ele nem conseguia pensar direito, apenas corria como se sua vida dependesse disso.

Mas, droga, sua vida dependia disso.

Porque David corria, mas aquilo que estava atrás dele corria mais.

Até que David, cansado, machucado, humano, tropeçou. Não tinha culpa, estava escuro, de noite, e os postes de luz não tinham acendido. Desesperado, ele tentou fazer uma curva, mas seu pé prendeu em uma rachadura na calçada e ele caiu.

Não foi sua culpa, David era apenas um garoto humano.

Nem deu tempo de se reerguer. Tampouco ele conseguiu, quando se virou e olhou nos olhos daquilo que o caçava.

Eles eram tão brilhantes.

Seu medo era tanto que ele não conseguia se mexer. Seu medo era tanto que ele não conseguia gritar.

David não conseguia gritar.

Caído no chão de um beco qualquer, ele chorava silencioso como um bebê que acabou de chegar nesse mundo, olhando para aquilo que o tiraria dele.

A criatura sorriu. Ele se urinou.

Não havia beleza alguma em sua partida, não havia flashbacks de seus melhores momentos passando diante de seus olhos, nem haveria uma despedida apropriada de seus ente queridos.

A criatura o atacou.

David finalmente gritou. E então, David finalmente morreu.

Lua Púrpura  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora