Depois

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Dor, bastante dor. Frio também. Muito frio.

Isso é tudo o que sinto, tudo de que meu mundo é feito. Minha visão se tornou um borrão preto e vermelho; não tenho certeza se estou de olhos abertos, fechados, ou se eles foram arrancados do meu rosto.

Meus ouvidos não captam mais nada, minha boca não mexe, e não movo nenhum outro membro. Não consigo. Antes que percebesse, perdi todos os sentidos.

Acho que nem estou mais respirando.

Pelo menos não dá mais para sentir o chão áspero da calçada embaixo de mim elameado com meu sangue. Mas acho que, de pouco a pouco, meu corpo está levitando, deixando o chão, deixando a Terra.

Então é assim que é morrer?

.  .  .

Ouço algo... uma voz feminina. Estranho, não faço ideia quem seja a dona da voz, porém ela soa familiar demais.

"Não, meu filho" ela diz. "Ainda não chegou sua hora."

Outra armadilha do cérebro? Seria isso algum tipo de alucinação por perda de sangue ou estou chegando ao tão especulado outro lado da vida?

.  .  .

Tento me agarrar em algo, qualquer coisa, mas não consigo as sinceramente. Estou cansado, sozinho e semi morto no chão de uma rua deserta, não há esperança para mim. Não mais.

"Seja forte. Seja valente. Seja um líder" ela continua. "Confie em mim, filho, você verá."

Não faço ideia de por quanto tempo estou aqui, nem por quanto tempo vou ficar afogado nesse mar de escuridão, calafrios, dor e silêncio. Não dá mais pra suportar isso. Preciso partir logo e não me importo para qual destino.

Okay, moça. Confio em você.

Então meus olhos se abrem. Vejo a lua crescente acima de mim. Ouço um grito.

E sou arrastado pela escuridão novamente.

Lua Púrpura  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora