Life Goes On - JiKook ABO

Sweet Wish

 
Capítulo 3 - Sweet Wish

 
A manhã seguinte começou diferente para o alfa. Depois de ter tomado duche, caminhou para a cozinha para beber um pouco de água e surpreendeu-se ao ver que haviam ovos mexidos, duas torradas e uma chávena de café à espera dele. O ômega parecia distraído enquanto lavava a frigideira que tinha usado, tão distraído que não notou o alfa sentar-se à mesa. 
-Bom dia - disse e o ômega deixou um gritinho assustado quando ouviu levando a mão até ao peito - desculpa! não queria assustar-te. E não era preciso preparar nada.
O ômega olhou o alfa - Bom dia. Não foi nada, alfa. 
-JungKook. - o alfa disse e sorriu - É JungKook 
-Jimin - o ômega disse enquanto sorria e desviou o olhar para continuar a lavar a frigideira.  
-Já comeste? - o alfa perguntou e Jimin apenas acenou que sim um pouco envergonhado. 
-Uhum... eu estava com muita fome.
JungKook riu e acenou. Não esperava ouvir aquilo. 
Começou a comer e percebeu que estava a comer aquilo porque o ômega não tinha encontrado nada que cozinhar. Não havia quase comida ou o que cozinhar, afinal não comia em casa há muitos anos. Mas também não sabia se era o certo abusar daquele ómega fofinho. Não o iria fazer cozinhar para si..
-Jimin - chamou - eu sei que a geladeira está quase vazia… eu raramente como em casa, mas seria bom se fizesses uma lista de compras ...coisas que te podem apetecer com a gravidez, eu compro e deixo em casa quando te vier buscar...
 
-JungKook… - Jimin parou o que fazia e mordeu o lábio - eu estou bem com ovos e pão.
O alfa percebeu que o ômega não lhe ia pedir nada, então decidiu que ele mesmo faria as compras. Mesmo que não fosse comer em casa muitas vezes iria deixar alimentos para o ómega. Pelo menos enquanto ele ali estivesse.
-Eu já vou - disse após que terminou o pequeno-almoço - Obrigado pela comida.
 
O alfa saiu e conduziu até à empresa enquanto Jimin decidiu ver um pouco de televisão. 
 
JungKook On 
 
    Cheguei à empresa depois de um pequeno-almoço caseiro. Há muito tempo que não comia nada que fosse preparado em casa. A não ser comida de microondas. 
    Sentei-me e abri o computador para fazer uma pesquisa “o que ter na geladeira” e “coisas essenciais para cozinhar.” Sei que parece um pouco idiota, mas tenho a certeza que assim não me vou esquecer de nada. Anotei muitas coisas num dos meus blocos e guardei-o no bolso do casaco. Teria tempo mais tarde de passar no supermercado. 
    O dia passou calmo. E depois da última reunião decidi não ir para o escritório e segui assim para a saída. Entrei no carro depois de caminhar alguns metros e conduzi até ao supermercado mais próximo de casa, enquanto a única pergunta que faço de forma contínua é :Porque estou a fazer isto? Eu não o conheço de lado nenhum. Posso sempre chegar a casa e ele ter-me assaltado. Mas mesmo assim, eu não voltei atrás. 
    Estacionei o carro e saí para procurar por um daqueles carrinhos maiores. Empurrei-o pelo supermercado. Comprei peixe e carne, legumes, cereais, ovos, leite, massas e arroz como é óbvio. Passei pelos chocolates e porcarias que não se deviam comprar, passei pelos sumos e águas e parei perto dos produtos de beleza. Acredito que o ômega não goste do meu shampoo ou sequer do meu gel de banho, e por isso comprei um que me pareceu cheiroso, já que haviam ômegas que apenas escolhiam aquele. Quando dei por mim tinha o carrinho cheio de comida e produtos essenciais e logo rumei até à caixa. Paguei pelas compras e carreguei os sacos para o carro. Coloquei-os na mala e logo voltei a conduzir. 
    Estacionei o carro em frente à garagem depois de uns 15 minutos de viagem e carreguei os sacos para dentro. Assim que me viu, o ômega levantou do sofá e aproximou-se.
    -JungKook …. - vi-o morder o lábio e tentar pegar uma das sacas. 
    -Não vale a pena dizer nada, já comprei - disse antes que ele se pronunciasse. Sabia exatamente o que iria ouvir daquela boca. 
    Ouvi-o rir e abanar a cabeça enquanto carregava um saco até a cozinha - Tonto - ele disse baixo, mas ainda assim eu ouvi, já que a minha audição é muito boa.  
    -Dá tempo de arrumar isto tudo antes? - Jimin perguntou e eu percebi o que ele queria dizer 
    -Sim. Eu ajudo, então vai ser mais rápido.
 
    Respirei fundo assim que terminei de arrumar a última saca de compras.  
- Prontinho
 
Olhei para o ômega e sorri - Podemos ir. - disse mas consegui notar que ele estava um pouco desconfortável. O que poderia fazer para melhorar aquela expressão? - Eu tenho uma roupa mais casual se quiseres que te empreste - disse-lhe 
-Não… eu posso usar estas sem problema - Jimin respondeu - Só estou um pouco nervoso - sorriu 
 
Jimin on 
 
    Ainda não consigo acreditar que um alfa me emprestou alguma da sua roupa, que me deixou estar no seu lar, um sítio onde eu posso dormir e tomar banho, e que comprou comida mesmo quando eu disse que não era preciso. Além de que ele comprou imensa coisa. Agora a geladeira estava a abarrotar. Haviam imensos legumes diferentes, assim como peixe e carne. Juro que a minha boca salivou quando vi. Mas acho que não seria uma boa ideia comer agora. 
    Quando olhei o JungKook, ele estava a olhar-me de volta. Ele só estava à espera do meu sinal para abrir a porta e irmos. Ainda não acredito no que está a acontecer. 
O alfa caminhou até ao carro e abriu-me a porta, deixando que eu entrasse para logo a fechar. Coloquei o cinto de segurança e suspirei. Quando ele arrancou senti o meu ventre embrulhar e apenas olhei para o exterior vendo a casa ficar para trás. 
Agora uma sensação ruim envolveu-me. Secalhar caí na armadilha da minha própria imaginação. Ele não podia ser assim tão bom, não podia. Senti vontade de chorar e abracei o meu próprio corpo  Talvez tudo não tenha passado apenas de um esquema para me fazer sair da sua casa e me deixar em qualquer lado. Aquela seria realmente a melhor forma. Ser abandonado depois de ver que um alfa podia cheirar daquela forma e sorrir com o olhar, era demasiado cruel. O choro enrolou na minha garganta sabendo que estava bem longe daquele sítio quente e acolhedor. Ia morrer no frio. Consigo imaginar a neve a queimar-me a pele … A minha mão foi para o meu ventre onde acariciei “Desculpa...merecias melhor”
Respirei fundo e apenas esperei. Não demorou até que eu senti o carro abrandar. Era ali… Não queria ver a expressão do alfa. Ia doer ainda mais. 
Arrisquei espreitar pela janela e vi um enorme sinal em azul claro 

[ Clínica de Saúde Materno-infantil ] 
 

    O meu coração acelerou e o meu corpo aqueceu de forma ridiculamente apressada. Era verdade. Estávamos mesmo ali. 
    Olhei para o alfa, vi o sorriso disfarçado nos seus lábios e agradeci sem usar palavras. Saí do carro devagar assim que ele o fez e apenas o segui. Caminhamos para o interior do prédio e JungKook aproximou-se da receção. Eu apenas continuei atrás dele, parecendo um daqueles cães de companhia, não querendo estar perto de outro alfa. 
    -Boa tarde. - ouvi-o dizer - eu tenho uma consulta marcada. Jeon JungKook
    -Sr. Jeon - a senhora disse sorrindo - a médica irá atendê-los em breves instantes. Podem aguardar na sala de espera por um momento.
    Senti o JungKook pousar as mãos nas minhas costas e senti-o guiar-me até à sala, mas sem me empurrar. Ele era demasiado carinhoso para um alfa. Somente com um toque tão leve fez-me sentir mais calmo. Sentei na cadeira ao lado do JungKook e continuei a morder o meu lábio devido ao nervosismo. 
Demorou pouco mais de dez minutos para nos dizerem que a médica nos ia receber. Seguimos até a sala da médica de especialidade que nos cumprimentou de forma muito simpática. E depois de algumas perguntas às quais eu tive muita dificuldade em responder, fomos levados para a sala de ecografias. 
    -Jimin, vou levantar a camisola um pouco - ela disse de forma tranquila, mas deixou-me assustado. 
Eu tinha muitos hematomas e com certeza iam pensar em outras coisas. Espero que não pensem que foi o JungKook. Fechei os olhos com vontade de chorar. Não queria ninguém a ver-me assim. Todas aquelas marcas feitas por aquele alfa asqueroso faziam-me sentir como lixo.
    -O gel é um pouco frio, não se assuste - a voz da beta saiu de forma doce, mas eu não conseguia abrir os olhos. Não queria ver as expressões nos dois rostos perto de mim. 
    A surpresa veio quando JungKook segurou a minha mão acalentando-me e a  minha reação imediata foi abrir os meus olhos em confusão. Não entendia nada do que aquele alfa sentia. Não entendia como ele tinha aquelas reações com uma pessoa que nem conhecia.
    -Está tudo bem. Olha ali - apontou para a máquina. 
    Movi a cabeça o suficiente para ver o desenho no ecrã sem entender nada. Estava tudo a preto e branco e parecia mover-se. Era muito estranho.
    -O bebé está bem? - perguntei 
    -Esta é a primeira ecografia? - perguntou-me a médica e eu apenas assenti. - Então percebo a confusão de achar que é só um bebé. - ela disse e o meu coração palpitou. Olhei o alfa e ele percebeu o meu desespero passando a acariciar a minha mão de forma mais calma.
    -Mas está tudo bem, não está? - JungKook perguntou 
    -Sim, os bebés estão bem. São dois bebés e estão a desenvolver-se muito bem. Vou receitar umas vitaminas. Alimentar duas crianças é tarefa difícil. 
    -Doutora… quantos meses? - perguntei ainda com receio.
    -No final do quarto. A barriga está maior apenas por serem dois. - ela disse e pegou papel toalha para me limpar. Depois tirou as luvas e encarou-nos. - Seria bom acompanhar a gravidez. Gémeos é sempre mais delicado. Vamos marcar nova consulta para o próximo mês, tudo bem?
    -Sim - JungKook foi quem respondeu à médica e depois de ela sair da sala ele limpou a minha barriga um pouco melhor. 
    Nesse momento bateu o desespero e eu só consegui chorar de forma ruidosa
    -Como vou fazer com duas crianças? - os soluços vinham aquando do choro dificultando a respiração-
    -Calma… - JungKook afagou os meus cabelos - está tudo bem. 
 
    Não, não estava tudo bem, e isso foi a única coisa que consegui pensar enquanto voltávamos para casa do alfa. Assim que entrei deitei-me no sofá. Eu tinha pensado em deixar o bebé para adoção, e sabia que seria doloroso, mas agora teria que deixar os dois. Como ia fazer para pagar toda a boa vontade do alfa em ajudar um ómega grávido de gémeos. Sentia-me menos que nada agora. A minha vida nunca passará de sofrimento puro.  
    Ouvi os passos do alfa, ele sentou-se no sofá, e passou a afagar-me os cabelos tentando acalmar-me. Gostava daquela sensação, daquele toque. Sabia perfeitamente que não seria para sempre. Não tinha feito nada para merecer um alfa tão bom. Quando dei por mim tinha adormecido profundamente.