POV: Jeffrey
Bem...
Não vou negar que já estava preocupado com a possibilidade de não me chamarem pra nada tão relevante.
Ok, de acordo com a sinopse, meu personagem vai morrer, mas... É uma puta série, e eu penso que tenho a chance de me destacar mais.
Certamente, o Judah Botwin, meu novo personagem, não é um Xindi Reptilian...
Preciso ser mais otimista.
A atriz que será meu par romântico (e protagonista da série!) é uma mulher muito bonita e talentosa chamada Marie Louise; ela já ganhou prêmios por atuações na Broadway, e recebe a todos no set com um sorriso de boas vindas; ela é legal – assim como os meninos que serão nossos filhos na série. Eu adoro crianças; eles são uns carinhas muito bacanas.
Não menos importante do que meu personagem é a grana que vou ganhar com ele. Óbvio. Eu já estava ficando meio preocupado com a possibilidade de não conseguir pagar minhas contas e, por mais que surgissem sempre até alguns trabalhos como modelo, eu acho um pé no saco ficar posando – mas preciso do dinheiro, então...
Me sinto muito feliz (e aliviado...) por ter sido chamado para esse trabalho, mas estou também me sentindo ansioso, e confesso, um pouco receoso sobre meu reencontro com Anna.
Depois de meu casamento de dez anos ter desmoronado, e do outro namoro não ter dado certo, eu meio que procuro evitar ter expectativas...
Mas como lidar com o impulso de toda hora olhar para o celular esperando uma mensagem dela? Como evitar ficar pensando nela, relembrando os momentos com ela, as coisas que ela me disse? Olhar para o relógio sabendo que ela está em casa e não me liga? Ou quando liga, é tão breve, com a desculpa que não quer incomodar?
Eu não queria me sentir tão inseguro assim.
Tenho medo que aquela Anna que conheci ao chegar à casa de Munir tenha sido apagada pelo fato de termos transado. Tenho medo da familiaridade desarmar a tentativa, como diria Lorde Chesterfield.
Droga!
Estou criando coisas na minha cabeça. Espero que sejam só paranoias, mesmo...
Anna continua sendo a mesma Anna de antes. Ela fica feliz comigo, ela ri comigo, se preocupa comigo...
Acho que apenas fiquei muito impressionado com a história dela, aquela desgraça toda acontecendo porque um filho da puta a seduziu e a abandonou grávida.
Quero tentar fazê-la deixar isso para trás. Queria que isso virasse só uma sombra pela qual ela passasse de vez em quando, e não algo que ficasse remoendo sempre.
Eu entendo quão difícil isso pode ser...
Queria poder apagar isso de alguma forma
POV: Anna
Munir acabou de ligar e disse que talvez ainda vá ficar com Paul por mais dois ou três dias. Ele já tirou o gesso e caminha bem, mas eu entendo ele querer ficar mais com o namorado.
- Munir – eu o provoquei – porque vocês não se casam logo de uma vez e moram juntos?
- Casamento estraga tudo, tira a magia das coisas.
- Que frescura...
- Não é frescura, é precaução.
Eu acho que, no fundo, ele tem razão... Mas não sei se sou parâmetro pra julgar isso, já que o único modelo de casamento que tive foi o dos meus pais, e os relacionamentos que tive até o momento, não deram em nada. Espero que minha sorte mude um dia.
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MISS MADEMOISELLE
Ficción GeneralAnna e Jeffrey - ela brasileira, ele americano - vivem suas histórias individuais, as frustrações, as realizações e como encontraram um no outro formas diferentes de ver a vida - e amar. Organizei um perfil no Instagram onde vocês podem conhecer mel...