PASSADO E PRESENTE

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Este capítulo é erótico, e talvez tenha uma pegada meio estranha e um pouco mais explícita em comparação aos outros "hot" do livro. É uma mistura de passado e presente, onde o casal explora fantasias e também onde podemos ver o que mudou e o que permaneceu entre os dois.

POV: Jeffrey

Entrar por esta porta é quase como entrar em uma máquina do tempo. Não consigo me impedir de ter arroubos de nostalgia a cada vez que abro o portal de madeira ornamentada, os passos ecoando brevemente pelo chão de taco enquanto não piso no tapete felpudo.

A garota morena de nariz arrebitado flutua com os pés calçados de meias sobre o chão, como se fosse uma visão de outro mundo, uma fada perversa com gestos delicados e olhares fulminantes.

Ela se pendura em meu pescoço, e o perfume é o mesmo, adocicado, leve, inesquecível. Inefável.

- Oi, amor – cumprimento, sorrindo sobre os lábios dela.

Anna não é mais uma garotinha. O corpo perfeito ganhou contornos mais definidos, mas suas curvas continuam delicadas, ágeis, atraentes, uma bela estrada sinuosa onde posso me encaminhar sorrindo para todo tipo de perdição.

- Oi, Jeff – ela sussurra.

Ela é o doce que se sobressai ao amargo de algumas lembranças doloridas: Munir, que se foi precocemente. Bisou, que morreu velha e deixando para trás um rastro de saudade. Os amores que vieram e se foram como folhas entregues ao vento... Elas vindo e indo; e eu, ficando.

- No que está pensando? – ela pergunta, se sentando no braço de uma poltrona, a gola larga da camiseta caindo por um de seus ombros.

- Sempre que entrava aqui, tinha um dejávù... Uma tristeza tão grande que me torcia por dentro. Um vazio, uma coisa opressora, gigante...

- Vamos mudar essa impressão – ela responde, enlaçando meu pescoço – Mas você disse, quando "entrava", sentia... Não sente mais?

- Me sinto feliz. Você voltou. E trouxe nosso filho para mim...

Anna sorri, mas nada diz. Me beija longamente

- Não tem mais ninguém aqui? – pergunto.

Ela balança a cabeça.

- Ninguém, além de nós.

- Que bom – sussurro, com os lábios colados ao ouvido dela – não quero testemunhas.

Ela ri, e passo as mãos pelas laterais de suas coxas, para descobrir que, por baixo da camiseta enorme (provavelmente, do irmão dela), veste apenas uma calcinha minúscula; e nos pés, as meias iguais àquelas que costumava usar quando transitava pela casa - então de Munir -, para meu desespero de homem solitário.

- Sou um cara de sorte – concluo, enfiando uma de minhas mãos por baixo de sua camiseta, e esfregando meu polegar em seu umbigo, sentindo a pele ao redor se arrepiando.

- Concordo – ela diz, segurando meu rosto com ambas as mãos e me beijando – hoje, vou te dar mais provas do quão sortudo você é.

***

Ela é um estouro.

Não consigo desviar os olhos por um segundo sequer.

Munir saiu com o Plymouth pelo portão e o ronco do motor já vai longe quando as roupas dela voam pelos ares, e uma Anna inteiramente nua – ou melhor, só de meias – rodopia pela sala em passos de balé bem à minha frente, imprimindo em minhas retinas registros indeléveis daquele corpo esguio, do sorriso malicioso, do olhar que sempre pede mais.

MISS MADEMOISELLEOnde histórias criam vida. Descubra agora