FILHO

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POV: Jeffrey

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POV: Jeffrey

Eu e Norman estamos sentados no sofá da sala de André, e eu torço minhas mãos no colo com um nervosismo desmedido. Há alguns minutos, terminei o terceiro cigarro dessa tarde. Estou em pânico, não vou negar. Queria ter uma erva pra fumar e dar uma relaxada, mas sei que eu faria besteira se fumasse um agora.

- Fica tranquilo, cara – diz André, se sentando de frente para mim, ao lado de Norman – O Denny é muito de boa. É um bom garoto. Não dá defeito...

O espevitado Neto está na escola, e Denny vem para passar o final de semana com o tio e o primo – e se encontrar comigo. Aqui.

- Que horas são? – pergunto.

- Duas e trinta e cinco – responde Norman.

Suspiro fundo.

- Quer um saco pra respirar? – pergunta Norm.

Dou de ombros. André ri. Eu digo:

- Não sei o que esperar.

- Vou repetir: fique tranquilo, Jeff. O Blue é conciso como um francês, e caloroso como um brasileiro. E o sotaque dele é um charme! Aposto que também está contando os minutos para estar aqui... - garante André.

- Ele já deve estar vindo – diz Norm.

- Tem razão! – diz André – Norm, você não quer ir até o restaurante comigo? Posso te mostrar o funcionamento da cozinha, bebemos alguma coisa e depois podemos jantar. É meu convidado.

- Opa! Boa ideia...

- Ei!! – reclamo – Vão mesmo me deixar sozinho aqui?

- Sozinho, não – diz Norm, rindo – o Denny vai ficar aqui com você.

- Fica frio, Jeff! – diz André, me abraçando – vai correr tudo bem!

Norman também me dá um longo abraço, dizendo no meu ouvido:

- Tenha juízo, cara. Pense naquilo que te falei... Viva o agora.

Os dois saem pela porta e fico me sentindo deslocado nessa casa, com o passado ecoando em meus ouvidos.

Nesta mesma sala, aqui mesmo neste sofá, há quase dezoito anos, Denny foi concebido – e, possivelmente, hoje vamos tentar ajustar o longo hiato que ficou entre nós nesse espaço de tempo. Não sei o que pensar e nem mesmo planejar o que dizer.

Caminho até a área da piscina, e, apesar do frio, o sol se mostra glorioso em enfeitar a paisagem com seu brilho quente, seu calor aconchegante. Acendo outro cigarro e vou caminhando pelo gramado, a distração da fumaça espiralada tentando (sem sucesso) amenizar a minha ansiedade.

É engraçado como uma novidade dessas, que caiu no meu colo há dois dias, já me faça questionar valores de uma vida inteira. Eu não vi Denny nascer e isso me faz falta, é um vazio na história dele e na minha – mas, estranhamente, eu o amo mesmo sem nunca tê-lo visto. Ele é parte de mim, e de meu amor por Anna naquela época. Ele é o sonho que eu pensava que jamais iria realizar.

MISS MADEMOISELLEOnde histórias criam vida. Descubra agora