•MY LOVE• Katsuki Bakugou

•Cochilo•

   Estava cansada, tão cansada que nem mesmo notei quando adormeci.

   Acordei com um cheirinho doce e em uma cama a qual definitivamente não era a minha, não estava coberta mas algo me aquecia e sutilmente pesava em minha cintura. Ao abrir os olhos pude identificar as paredes cinza chumbo, o vídeo game, as cortinas pesadas e tudo que compunha o quarto de Bakugo, o peso era seu próprio braço, e aquilo que me esquentava era seu corpo. A respiração pesada que batia em meu pescoço sinalizava que ele também adormecera em algum momento. 

  Estávamos conversando e no fim ele pediu que eu ficasse mais um pouco, permanecemos em silêncio, apenas curtindo a companhia um do outro, roubando alguns instantes para nós dois. E assim ficamos até o cansaço se apossar de nossos corpos.

   Não queria me mexer, não queria acordá-lo. Ver Katsuki na situação que estava antes só comprovou tudo aquilo que Hagakure havia dito, eu estou apaixonada por esse loiro de olhos ardentes.  Com o máximo de cautela possível, me virei de frente para ele. Traços tão lindos, parecia esculpido por anjos, sua pele era suave e refletia um sinal de luz que entrava pelo pequeno vão entre as cortinas, era como um lago sereno numa noite quente refletindo a luz do luar. Seus cabelos macios e desordenados sobre o travesseiro alvo e limpo eram como pinceladas numa tela branca, tudo nele me lembrava arte. Analisei bem sua posição, suas linhas, suas cores, com certeza iria retratar a cena em algum outro momento. Não pude conter meus impulsos e acariciei seu rosto, meus dedos deslizavam pela pele pálida e aveludada do garoto. Sua respiração serena valia ouro, principalmente após ter visto como ele realmente se sente. Angústias, estresse, inseguranças, medos, marcas, tudo isso se escondia sob o olhar arrogante e as palavras ásperas. Bakugo era uma pessoa machucada dentro daquela armadura que todos conheciam. 

   Peguei o celular que estava no criado-mudo ao lado da cama, pertencia a ele. Chequei o horário, era tarde demais para almoçar e certamente o garoto não havia comido nada desde o nosso café da manhã. 

   Afastei-me um pouco, afrouxando seu abraço e me apoiando sobre um cotovelo para poder encará-lo de cima. Seu sono era profundo e manso, me pergunto se suas noites também são tão relaxadas como aquele simples cochilo. Assim que me tive certeza de que Bakugo não acordaria tão fácil, me movi com muito cuidado para fora encostando a porta ao sair.

   Caminhei pelo corredor em direção ao meu próprio quarto, a bolsa e o blazer ainda estavam na cama e a porta do armário aberta, exatamente como deixei quando corri para ver Katsuki. Eu jamais sairia sem deixar tudo em ordem, jamais deixaria minhas coisas "jogadas", mas por ele eu larguei tudo como estava e fui ao seu encontro.

     Guardei rapidamente aquilo que estava fora do lugar e troquei de roupa antes de ir para a cozinha preparar algo para o loiro. Estavam todos na sala quando cheguei, alguns jogando, outros lendo, a maioria conversando. Passei em silêncio e me dirigi até a cozinha e é claro que  não demorou até Momo e Toru chegarem para falar comigo. 

    - Hanari, te procuramos por toda parte já que não apareceu para o almoço e ninguém sabia se tinha saído ou onde estava - Toru tomou a frente um pouco preocupada. 

    - Vimos que a sua porta estava encostada e batemos, mas você não respondeu. Kirishima disse que provavelmente estava dormindo já que chegou bem cansada, então nem entramos - Momo completou. 

  Olhei para Kirishima e discretamente sinalizei um "obrigada" com a cabeça, graças a ele não precisei explicar toda a situação. Eu sabia que Bakugo não iria gostar que os outros soubessem sobre o ocorrido, Kirishima também sabia e com certeza foi por isso que me deu cobertura. 

   - Sim, eu estava mesmo dormindo - sorri para as garotas que soltaram risadinhas em resposta. 

  Peguei aquilo que precisava na geladeira e o pão no armário, coloquei tudo na bancada da cozinha e comecei a preparar sanduíches como aqueles que Katsuki costuma comer, por sorte eu o observei prepará-los muitas vezes.