Capítulo 5.

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Valentina Zenere.

Um sorriso cresceu no meu rosto ao ouvir a porta ser destrancada e em seguida ver o outro parado na minha frente, talvez assustado. Não é todo dia que que uma mulher invade sua privacidade do nada sem mais nem menos, mas como ontem, eu não me importava de novo. Pelo contrário, eu amava a ideia dele sentir alguma coisa por mim. Mesmo que fosse raiva.

— A porta estava destrancada, aceitei isso como um convite.

Guardei o celular ao terminar de falar e pela primeira vez coloquei meu olhar no outro, percebendo que não tinha nada no seu corpo além de uma toalha.

— Sabe, pra um padre você não está nada mal.

Fiquei de pé e me aproximei do maior, levantando o olhar para poder encarar seu rosto. Ele parecia estressado, talvez irritado. Mas era compreensível depois daquela rotina tão rígida, eu realmente não entendia como alguém ao menos cogita a possibilidade de levar o resto da vida só ajudando pessoas.

— Não soube? Me chamaram para ajudar vocês com esse... evento de hoje. Só isso que estou fazendo, tentando facilitar a vida de todo mundo.

Levantei uma de minhas mãos até os seus ombros até que a mesma foi até sua nuca.

— seu espero mesmo poder te ver hoje, acredite, não estou aqui só pelo dinheiro.

Me aproximei um pouco mais até que o espaço entre nossos lábios foi fechado por mim, foi apenas algo suave. Eu nem chamaria aquilo de beijo, mas foi o suficiente pra me fazer perceber muitas coisas.

Shawn Mendes.

Franzi o cenho, havia sentimentos que eu desconhecia dentro de mim. Sabia que mesmo que não quisesse, sentia um pouco de raiva, talvez pelo seu desaforo de invadir qualquer intimidade que eu poderia ter.
Neguei lentamente com a cabeça.

— Não era um convite, eu nunca convidaria ninguém para vir até aqui.

Falei ríspido, por ser padre não falaria só mansamente, haviam coisas que me tiravam a paciência e Valentina estaria no topo. Olhei brevemente para meu corpo e arqueei a sobrancelha, precisava de  um padrão para ser padre? Se tivesse, eu fugia completamente desse padrão, visto que tinha a barriga e músculos definidos.  Além de padre eu tinha uma vida fora da igreja, na qual gostava de treinar. Apenas como uma forma de cuidar de minha saúde.

— Eu apenas não sou sedentário.

Falei a olhando e assim que se aproximar, dei um passo me afastando, o que não fora suficiente para ela entender que eu não queria ficar muito próximo dela.
Minha mandíbula estava travada, o meu problema era que talvez não conseguia disfarçar a minha expressão quando não gostava de algo e não gostava de sua aproximação.

— O evento não acontece aqui dentro e sim na igreja. Por favor se retire e vá fazer o que veio fazer então.

Tirei sua mão de minha nuca e por um breve instantes meu olhar parou em seu corpo. Não deveria ter os pensamentos que tive ao ver seu corpo.

— Por que você escolheu a mim? Tantos outros homens disponíveis para você e você...

Parei de falar assim que senti seus lábios tocarem os meus. Foi como uma faísca em meu corpo. Nunca havia tocado meus lábios junto ao de uma mulher, nunca quis isso. Havia gostado, estranhamente havia gostado mesmo que com apenas o toque de nossos lábios.
Mas a afastei e engoli em seco.

— Não faz isso... Você não pode fazer isso de novo...  Eu não sou alguém disponível para você e isso nunca vai mudar. Não sei o que pretende com isso, mas pare e me respeite.

Amargo PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora