Capítulo 8.

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Valentina Zenere.

(...)

Fiquei ali pelo o que parecia um bom tempo até todos irem em bora,  tentando não levantar nenhuma suspiteita e tentando agir do jeito mais natural possível. Quase suspirei aliviada ao notar que finalmente estava sozinha, então levei apenas alguns minutos para pensar onde deveria esperá-lo e decidi que seria bom fazer isso do lado de dentro da igreja iluminada.

Fui até lá e me sentei em um dos bancos da frente, a chuva forte já caia do outro lado de fora causando um barulho confortável ao meu ver, tudo já estava completamente silencioso e meu corpo já implorava por descanso depois do dia agitado que tive, ou melhor dizendo, semana agitada. Mas eu não conseguiria nada do que eu queria até acabar aquela conversa, talvez Shawn estivesse demorando um pouco mas eu sabia que ele viria. Acabei descobrindo que ele era uma pessoa de palavra, pelo menos aparecia nos compromissos mesmo que fosse um pouco atrasado.

Shawn Mendes.

Estava tudo correndo tão bem, apesar de Valentina estar lá, não tornou a me procurar durante o tempo da missa e celebração, após eu avisar que conversaríamos mais tarde. Presumi que, se ela estava ali, provavelmente não era pela celebração, eu sabia que não era.
Passou por minha cabeça que até mesmo esse “trabalho” dela poderia ser por outra razão, quer dizer, ela nunca me falou exatamente com o que estava trabalhando e eu tinha até curiosidade, provavelmente poderia pedir para trocar o profissional, por um que não me faça pecar em pensamentos. Porque, oh Deus, durante toda a missa não consegui não pensar em mais nada a não ser de como Valentina era atraente e como desejava a loira. Como a desejava mesmo.

Entretanto, tentei não deixar parecer que Valentina até mesmo sem fazer nada me enlouquecia. Mas, nunca admitiria isso em voz alta, não mesmo.

Poderia contar como cada pessoa ali demorava para sair da igreja, principalmente algumas mulheres, eu tinha plena consciência de como me olhavam e sentia o desejo em seus olhares, mas nunca passara disso. Nunca até Valentina passar por cima de tudo que construí para chegar até aqui.
Após me despedir de cada pessoa que havia ali, fui até “meu quarto” e tirei toda a minha roupa e vesti algo mais propenso para o tempo. Um jeans, a mesma camisa de mais cedo, mas não hesitei em colocar um casaco.

Arrumei minha mochila, por ser um dia  chuvoso preferia dormir no aconchego de minha casa, claro que na igreja era confortável, mas não havia nada melhor que tomar um café ou chá quente em frente a uma lareira com um cobertor, o que eu não teria ali.
Acabei me esquecendo de que havia combinado com Valentina de a encontrar. Lembrei-me apenas quando ia apagar as luzes e vi que a igreja estava acesa, provavelmente fosse ela ali.

Entrei na mesma e logo a vi, peguei minha mochila e deixei num banco, perto da porta por onde havia entrado. Soltei um suspiro e me aproximei lentamente da loira.

— Podemos conversar em outro lugar sem ser aqui dentro? — perguntei a olhando.

Não queria que ela fizesse nada de errado como sempre fazia ali dentro, afinal, aquele lugar ainda era santo. Talvez devessemos ficar ali, porém, ela não respeitaria isso.

Valentina Zenere.

Quando ouvi a voz do outro, rapidamente sai dos meus pensamentos e tratei de arrumar minha postura no banco.

— É tão ruim assim a ideia de ser visto comigo?

Perguntei quase em um impulso, depois de anos eu ainda me sentia como se estivesse no ensino médio. Mesmo que eu tivesse pessoas querendo minha companhia, querendo compromisso comigo ou atéemso uma simples amizade, ele ainda agia como os outros agiam comigo. Como se ser visto comigo fosse motivo pra vergonha. Talvez fosse mesmo.

— Não irei fazer nada de mais, iremos apenas conversar...

Suspirei baixo antes de me levantar e me aproximar do mesmo, eu não sabia exatamente de isso agora era certo ou errado, mas quando eu costumava fazer coisas certas na minha vida? Talvez tenha sido apenas um monte de eventos desastrosos que me trouxeram até aqui.

Tentei parar de pensar e novamente selei nossos lábios, eu estava com saudade e confusa, e isso parecia  a coisa mais normal que eu tinha feito nos últimos anos.

— Certo, o que me precisa falar? Ou quer que eu fale o motivo disso tudo?

Perguntei no momento em que consegui coragem o suficiente para encarar o mais alto

Shawn Mendes.

Soltei um suspiro ao ouví-la. Será possível que ela não entendia que estávamos numa igreja, num local sagrado? Eu não poderia aceitar nenhuma atitude dela aqui dentro — nem em lugar algum, mas deixamos isso de lado. 
Claro que era ruim alguém nos ver juntos, ela parecia fazer questão de me beijar todo o tempo e claro que qualquer pessoa poderia ver, era péssimo alguém nos ver.

Entretanto, resolvi não responder nada. Sabia que não mudaria nada, ela ainda sim continuaria achando que sua companhia era o problema.

— Não sei se posso confiar em seu nada demais...

Falei baixo, como disse antes, ela sempre me beijava e eu como uma criança sem reação, não a afastava. Muito pelo contrário, me entregava minimamente ao beijo.  Observei antentamente ela se aproximar de mim e logo senti seus lábios aos meus e soltei mais um suspiro.

— Esse é o problema, Valentina. Você não consegue não se aproximar demais de mim... — falei a olhando e me afastei dela.

Ouvi sua pergunta e suspendi minha cabeça, fui até minha mochila e peguei o molho de chaves que tinha ali, até achar a do meu escritório.

— Quero acabar com isso logo...

Falei a olhando e fiz um movimento como se a guiasse até meu escritório, deixando o templo e em seguida, abrindo a porta do escritório.

Amargo PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora