Amargo Pecado

Capítulo 11.

Valentina Zenere.

Eu não sabia ao certo como interpretar as palavras dele, então ele ia ficar? Ir em bora no dia seguinte? Talvez até desistir daquilo no meio do caminho e aí sim não iria querer me ver de novo, mas por ouvir que agora ele decidiu ficar me deixou feliz, de verdade. Mas a ideia dele desistir de certa forma me assustava porque pela primeira vez na vida eu experimentava coisas que nunca experimentei antes, sentimentos que normalmente eu devia ter tudo quanto ainda era uma adolescente. Isso me fazia pensar que tínhamos coisas em comum, enquanto não sabia nada de sentimentos ele não sabia nada de experiências. Não sabia como um simples toque podia ser bom.

Me perdi nos meus pensamentos quando senti seus lábios moverem contra os meus de novo, aquilo estava começando a se tornar um vício e ele parecia ficar cada vez melhor naquilo que fazia. Eu não tinha vontade de me afastar mas me afastei, precisava trocar de roupa pois a minha está bem molhada, se eu deixar ela em meu corpo por muito tempo é capaz de eu pegar uma gripe.

— Certo. Vou trocar de roupa e já volto.

Avisei ao sair de perto do mesmo e fui até meu quarto e encostei a porta, não me incomodaria se ele viesse atraz e me visse sem a roupa do corpo mas por questão de costume encostei a porta e caminhei até meu armário de roupas, pegando uma blusa de alcinha branca e uma calça confortável, gosto de andar elegante mas como estou em casa não tem o porque disso. Troquei de roupas rapidamente e joguei a roupa molhada no cesto de roupas sujas, preciso mandar para a lavanderia, logo em seguida peguei uma toalha secando meu cabelo molhado que agora está húmido e sai do quarto indo até a sala agora.

— Agora sim, me diga quais são suas dúvidas e muitas perguntas que tem para fazer padre.

Shawn Mendes.

Quando se afastou eu apenas mordi o interior de minha bochecha e logo que a ouvi, concordei com a cabeça. Assim que a vi desaparecer de minhas vistas. Tirei a minha mochila de minhas costas por fim e dei alguns passos pelo cômodo em que eu estava.
Aquele lugar sem dúvidas era a cara de Valentina, cada mínino detalhe me fazia ter a certeza que ela gostava de chamar aquele lugar de lar. Assim como eu gostava de chamar a minha paróquia de lar. Era normal desde que eu passava mais tempo lá do que de fato em minha própria casa. O pensamento de minha paróquia fez meu estômago revirar por estar ali na casa de Valentina.
Estava cometendo um grande e provavelmente maior erro de minha vida em estar ali, mas eu não queria pensar naquilo.

Minha mente me levava mais para minhas próximas experiências que eu teria que lidar futuramente. Nunca havia conhecido o _amor_, não verdadeiramente. Conhecia o amor de família, amor de Deus, amor de amizade, mas o amor em que as pessoas falavam nunca. Era até engraçado o fato de eu propriamente aconselhar as pessoas se  nunca havia conhecido. Não tinha, também, conhecimento nenhum sobre toques, onde e como tocar. Isso era algo que esteve sempre tão longe do meu alcance que me assustava estar agora tão perto de saber como fazer qualquer coisa.

Me sentei no sofá enquanto a esperava e perdido em meu pensamento sobre experimentar o novo, bati meus dedos na minha perna, minha respiração começava a ficar descompensada. Estava, pela primeira vez, ansioso. Aquele momento eu caí em mim que eu realmente estaria fazendo tudo o que passei a vida tentando não fazer. Logo que Valentina apareceu novamente, me coloquei de pé e ouvi sua pergunta, me aproximando da loira e segurei em sua mão a puxando para o sofá e nos sentando em seguida
Não tinha ideia de como fazer as milhões de perguntas qur rodavam minha cabeça naquele momento, mas teria que fazer, já que era melhor do que ficar no branco sobre tudo.

— Ok... Me chamar de padre aumenta mais a minha culpa. Shawn, por favor. — falei calmamente mas sabia do meu desespero interno — Nós estamos... O que que nós somos? Tipo, não somos um casal, obviamente. É inviável isso desde que eu não posso assumir nenhum tipo de relacionamento. Queria entender o que somos então.

Falei a olhando, não queria ser rude em falar sobre nunca assumir um relacionamento, não era uma escolha própria minha, por mais que eu tenha vontade, não podia e não era nada pessoal.

Valentina Zenere.

— Ah certo, tudo bem então Shawn.

Culpa? Era esse o sentimento que de uma certa forma o matava por dentro? E mais uma de minhas perguntas que não serão respondidas, pois eu mesma não sei responder, talvez ele também não sabia. É tão errado assim ele estar aqui comigo que seu sentimento é de culpa por isso? Apenas espero que esse seu sentimento não de transforme em um sentimento de arrependimento, seria horrível fazermos qualquer coisa hoje e no dia seguinte ele se arrepender de tudo.

— Ugh... o que somos?

Perguntei em meio a sua pergunta, também procurava respostas para isso. Nem eu sei o que somos, obviamente não somos um casal nem nada sério de compromisso, não sei nem se somos amigos, não sei decifrar ou decidir o que somos, algo que até eu agora estou curiosada para saber.

— Pra ser sincera Shawn, eu também tenho essa dúvida.

Admito ao me sentar em seu lado no sofá e soltar um suspiro pesado, mordendo meu lábio levemente por questão de mania.

— O que você queria que fossemos?

O olhei dessa vez, queria saber de sua resposta seria sincera ou não.