Amargo Pecado

Capítulo 12.

Shawn Mendes.

A ouvi e franzi o cenho, nem mesmo ela sabia o que éramos, era bem mais complicado do que eu poderia imaginar. Bem mais do que eu pensava que poderia chegar a ser complicado, quer dizer, para mim qualquer coisa de qualquer relacionamento que não fosse os que tinha — de padre para fiel, Deus e eu e familiar —  era novidade para mim. Eu tinha vinte e dois anos e não sabia nada da vida, apenas o que tinha aprendido na igreja e não era nada sobre relacionamentos que envolvam algo a mais.
Ouvi sua pergunta e neguei lentamente com a cabeça, eu não tinha ideia para falar a verdade.

— Eu não sei, Valentina. Sei que não podemos ter nada sério, porque sou um padre, mas também não sei se é o certo eu arriscar tudo se for temporário. Eu não tenho ideia do que podemos ser de verdade.

Falei a olhando e me aproximei dela, segurando em sua mão e a trazendo para perto de mim, passei minha mão em seu rosto e juntei nossos narizes.

— Eu quero dizer que não quero que seja temporário, quero que dure mais do que eu possa aguentar esconder, não por vergonha de você, mas pelo que sou... Sabe né?

Selei nossos lábios mais uma vez. Ela poderia achar que eu simplesmente tinha vergonha do que ela fazia ou dela mesmo. Valentina era uma mulher linda, qualquer homem a exibiria aos quatro canto da terra, mas infelizmente eu não era qualquer um e não poderia a exibir por tudo que eu representava. Felizmente eu era bom o bastante em esconder algumas coisas, havia escondido por tanto tempo a minha tatuagem que esconder por um tempo um relacionamento,  era facil. Eu estava verdadeiramente animado em começar isso, seja lá o que fôssemos.

Valentina Zenere.

O

bservei o homem em minha frente após nossos lábios se tocarem, pois era isso que eu via, um homem. Eu não via um padre, eu não via um fiel a Deus nesse momento, embora eu posso ver nos seus olhos a luta em que ele está, embora quer o mesmo que eu no fundo, eu sei que ele não sabe como essa situação vai ficar com ele e seu Deus. Eu vejo o melhor homem que já havia conhecido em minha vida, o homem que eu desejo, e o homem que me deseja também, eu sei disso, ou ao menos eu espero isso.

— Shawn...

Suspirei baixo abaixando meu olhar enquanto engolia em seco, negando com minha cabeça, não sei como posso explicar para ele mas foi bom ouvir suas palavras, muito mesmo. Ele é tão sábio no que diz, em cada palavra ele tenta não falar algo que vá me magoar.

— Posso não ser conhecida por meu amor a religião, mas acredito que se realmente existe um Deus olhando para nós, ele não iria gostar de ser uma causa de sua infelicidade, ou de um vazio em sua vida. Posso estar sendo egoísta, mas sei que o único paraíso que terei é o que tenho agora, estando sozinha com você, pele na pele.

O olho seria, tentando usar toda minha força agora, para conter as lágrimas insistentes que pediam para ser derramadas.

— Eu sei que não te encontrarei após a vida, pois você pertence a um lugar melhor do que o que estou destinada

Toquei seu maxilar, sem tirar meu olho dos seus, suspirando

— Então, eu apenas queria poder te dar tudo de mim enquanto posso viver no mesmo mundo que o seu. Não peço para que você me ame mais do que a seu Deus, eu eu peço para que você faça o que realmente vá te fazer feliz.

Falei com sinceridade colando nossas testas.

Shawn Mendes.

Quando colou nossas testas, juntei mais uma vez nossos lábios, dessa vez um beijo de verdade. Eu não podia negar que suas  palavras me deixaram um pouco confuso, mas gostava de pensar que estávamos juntos ali e aquilo seria suficiente para nossa pequena eternidade.
Éramos jovens e se, não fosse a um longo prazo o que iríamos nos tornar eu não me arriscaria tanto, mas algo em mim gritava que não éramos algo de curto prazo e talvez por isso eu estava ali, arriscando tudo que eu era.

Confesso que o medo me assombrava, digo, eu tinha medo do quanto eu podia gostar de Valentina, e se ela conseguisse me fazer gostar mais do que eu jamais pensei que poderia gostar, me apaixonar tanto que não conseguir viver sem ela, amá-la em resumo.
Nunca fui tão dependente de alguém tão sentimentalmente e aquilo me assustava. Ter Valentina poderia ser meu sonho, acima de todos os outros?

Sim, meu medo poderia parecer loucura mas eu não sabia se conseguiria pensar em escolher entre igreja e Valentina.
Separei nossos lábios e mordi meu lábio a olhando. De um jeito meio sem jeito até, a puxei para meu colo e fiz uma carícia em seu rosto.

— Eu também quero te dar tudo de mim, é até estranho mas eu não quero ser só o padre, eu quero fazer parecer que não é errado ficarmos juntos e também quero que me ensine tudo que eu precise saber para fazer isso dar certo.

Apontei para nós dois e passei meus braços em volta de seu corpo e depositei um beijo em sua bochecha.

Valentina Zenere.

— Você não precisa dar tudo de si, eu sei que não é fácil.

Falei sendo compreensiva dessa vez, tentando entender o seu lado e não o julgar, tentar realmente o entender já que posso perceber que ele está tentando me entender e não falar algo que vá me magoar.

— Vamos fazer dar certo... juntos.

Falei com um sorriso, estava feliz, realmente feliz. Não quis dizer em ter um relacionamento sério, sei que eu não estou pronta para isso e nem ele, muito menos ele. E também sei que ele não pode, o que pensariam de ver um padre namorando? Ele seria tão julgado e eu não quero que isso aconteça com ele, me sentiria tão mal quando ele.

Agora em seu colo que nei sei como vim parar aqui, mas não é algo que eu me importe muito. Minhas mãos que estavam em seu ombro como apoio e cada uma de minhas jogadas uma de cada lado, levei minhas mãos para sua nuca, as descansando ali e o olhei nos olhos mais uma vez, seu olhar é tão lindo, tão sincero mas agora que ele está meio sério, tão sexy... Meu olhar aos poucos desceram para sua boca, nossa respiração quente batendo sobre nossos rostos, não resisti até selar nossos lábios mais uma vez em um beijo lento mas cheio de desejo, afinal o desejo é tudo o que nos mantém aqui agora. Não sei se eu corro com as coisas, ou se vou com calma, não sei o que ele quer fazer, não sei qual são seus limites e não os quero ultrapassar, não quero fazer nada que seja contra a vontade dele.